" - Posso saber o que os pombinhos andam cochichando ? - disse Maite se aproximando.
- Acho que você não vai querer saber Mai – disse ainda virada pra Poncho dando-lhe uma piscadela. - Não diga nada. - sussurrei somente a ele.
Esperava que ele entendesse que não era o momento para contar. Queria que fosse nosso, apenas. Queria aproveitar cada momento desfrutando nossa felicidade ao seu lado, a hora de contar chegaria e eles entenderiam. Acho que Poncho sentiu o mesmo pois afirmou sorridente.
- Acho que ela quer saber sim, mas finja que são mudos e nós fingimos que somos surdos. – disse Dul – não agüento mais a Maite falando.
- Ah qual é! Quando eu conto fofoca você escuta muito bem Senhora Uckermann!
- Todos gostamos de uma fofoca neh Mai, ainda mais as suas...sempre vem com uma : "Viu quem se pegou"? - disse Christian em uma imitação perfeita dela. - Você deveria trabalhar no La Oreja tanta fofoca que sabe.
- Fala mal mas adora a patroa aqui neh!
- Ah gatinha, isso não se discute neh!
- Vão começar vocês!
- Vocês não tem mais que fazer neh? Olha o mar como ta bom pra pegar onda! - disse batendo na prancha.
- Queria mais é voltar pra casa e me trancar no quarto! - disse ele me jogando um olhar pervo.
- Ai ai ai ui ui ui Anahí, você ta dando conta do recado neh amiga! - disse Mai rindo. Ela nunca perdia a piada.
Tive vontade de bater em cada parte de Poncho. Os outros começaram a rir e meu rosto deve ter ficado um pimentão. Mas não descartava a possibilidade.
- Pelo jeito tem mesmo - disse Dulce me olhando desconfiada.
Confesso que as vezes tinha medo dela. O que Mai tinha de desmiolada Dulce tinha de certinha. Aquele olhar era apavorante as vezes.
- Não quero estragar o clube da calcinha ai - disse Chris fazendo-nos rir - mas eu quero surfar também.
- Ah tah! E eu agradeceria se o clube da ceroula fosse logo e não se afogasse! - disse virando-se contra ele.
- Ceroula Mai ? Podia ser cueca ou samba canção! - falou Ucker arrancando risadas.
- Vão logo antes que eu lance vocês como free willy no mar!
- Von Chuck!
Ucker nem esperou, correu pro mar e Pollis foi buscar sua prancha no carro. Poncho me abraçou e me deu aqueles beijos de cinema. Percebi Dulce nos observando.
- Te amo Anahí - disse ele baixinho a mim colocando a mão na minha barriga.
- Eu também - disse no mesmo tom de voz.
- Cuidem-se.
Sorri abobada e Poncho foi buscar uma prancha no carro. Dulce não perdeu tempo em correr a mim e me bombardear de perguntas.
- Quanta melação esses dois.
- É o amor Mai
- Mais eles são melação mais amor!
- Esquece isso, olha a cara da safada, pode falar dona Anahí, vocês dois deram uma rapidinha neh ?
- Essa frase é minha Dulce!
Eu olhei pras duas pasmas, cada dia de convivência com Maite deixava qualquer um mudado, Dulce era a próxima vitima.
- As pervertidas deviam parar de pensar que eu e Poncho só fizemos essas coisas! - falei abismada brincando.
- Hey, mas dá pra ver de longe seu sorriso, só pode ser isso!
- Com toda minha experiência, digo que sim: Anahí você deu uma rapidinha.
Dulce colocou as mãos na cabeça não acreditando no que tinha ouvido de Mai, sentei na areia e comecei a rir. As duas logo me acompanharam cada uma de um lado e observamos Poncho, Ucker e Chris surfar.
- Não dei uma rapidinha não - Mas bem que queria, quis acrescentar.
- Mas bem que queria - disse Mai repetindo meus pensamentos me fazendo rir.
- Vocês só pensam nisso neh ?
- Você também Dulce, não esconde não porque ontem eu vi você e Ucker aos amassos no quarto.
- Que historia é essa Dulce ?
- Que ? Nã Não f-foi nada - disse ela nervosa. - só estávamos deitados.
- Podemos trocar de assunto ?
- Quer trocar porque não quer confessar que vem aqui toda noite neh safada
- É sua cachorra! - disse entrando na brincadeira rindo tentando livrar a cara.
- Vive se pegando com Poncho na praia...
- E vive falando da Mai ainda, você é mais viciada em sexo do que ela.
- Vamos trocar de assunto ? Temos um ser esbelto surfando na minha frente e vocês ficam falando de sexo ?
- Pois é, dá vontade de pegar aquela carne toda e sumir! - falou ela pensando alto demais desenhando o corpo de Christian.
Eu e Dulce rimos. Mas no fundo queríamos fazer o mesmo. Ficamos ali em um momento de silencio observando os meninos surfar, lógico que meus olhos não saiam do corpo sarado do Poncho, desejei naquele momento mais que tudo estar sozinha com ele. Não parecia, como Mai mesma disse, que vinhamos todas as noites nas ultimas três semanas a praia. Não era a toa que estava grávida. Só constatei isso no momento que comprei um teste. Não consigo descrever minha reação naquele momento. Fiz sozinha e ninguém sabia. O amor com Poncho nos ultimos tempos tinha sido naturalmente, e não nós importavamos de correr o risco. Queriamos um fruto do amor. Agora tinhamos, e era algo somente meu e dele indescritivelmente. Quando os meninos começaram a sair da água fiquei sentada olhando ele parado na beira do mar me observando. Maite trocou um olhar com Dulce. Mal percebi elas levantarem correndo e agarrarem os meninos fazendo-os largarem as pranchas por ali e saírem correndo pro carro.
- O que deu em vocês ? - perguntou Ucker abraçando Dulce.
- É o mal Maiteistico Bebe - respondeu Dulce agarrando-o.
- Exatamente, agora anda logo pega as chaves e dirige pra casa.
Devia saber que o silencio das duas era algo pervertido, agora queriam ir pra casa se trancarem no quarto. Essas duas não tinham jeito mesmo.
- Mas o sol ta tão bom aqui. - disse ele ingênuo.
- Você não entendeu que é o mal Maiteistico Pollis ? Contagiou todo mundo!
- É lembra neh! Maite + ninfomatica = Mal Maiteistico. Quero ir pra casa também!
- Se vocês estão afoguentados a culpa não é minha! Oh Christian, aposto que você vai gostar muito mais de voltar pra casa Xuxu! - disse Maite olhando-o bem safada. Eu e Poncho olhávamos tudo em silencio rindo.
- Ah tah, o que estamos esperando então ? Dirige logo Ucker!
- É pra já! - disse ele correndo pro carro e ligando o motor.
- O bicho vai pegar! - gritou Poncho.
- Vocês não vão voltar não ? - gritou Dulce pra mim.
Olhei de lado pra Poncho perto do mar, balancei a cabeça negativamente e eles se foram.
- Não sabe o que vai perder amiga! - gritou Mai no momento em que sumiram de vista.
Ela que não sabia não. Ia ganhar muito mais ficando aqui. Deixaram-nos ali sozinhos, exatamente como eu queria e exatamente como eu sabia que Poncho desejava.
