Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

-Não? - repetiu Dulce incrédula e surpresa. - Como assim não?

-Você é bem mais que isso... - Any parou um momento, escolhendo as palavras. - Você sabe tudo sobre mim... E eu não quero que isso seja perdido...

-Você não está falando coisa com coisa. Se não quer que "isso seja perdido", por que se afastou?

-Porque eu mudei. Eu não sou mais "aquela" Any. Sou uma nova pessoa. Aquela juventude que havia entre nós se foi. Eu amadureci, e a maturidade muda muito a gente. Não há mais nada entre nós... Quer dizia, não é mais a mesma coisa...

-Como assim? - repetiu Dulce. - Eu não entendo...

Any suspirou. Seus olhos se fixaram num ponto qualquer da mesa e de sua boca saíram as últimas palavras que desejava dizer... Ou as que mais queria ter dito:

-Eu te amo, Dulce.

E então tudo se silenciou. Dulce sentiu o ar lhe faltar, suas mãos começaram a suar frio, seu coração acelerou, sua boca ficou seca e ela mordeu o lábio inferior, nervosa. Talvez não tivesse significado o que ela achava...

-Eu também... - disse, tentando reverter as estranhas sensações em seu corpo. - Você é como uma irmã pra mim...

-Não, Dul. Eu te amo. Estou apaixonada. Não é mais um amor inocente... Eu estou enlouquecendo e não podia me permitir ceder a isso tudo... Por isso apaguei seus e-mails, por isso me afastei de você. Só de ler o seu nome eu sinto como se fosse desmaiar... E eu sei que não sou assim. Nós não somos assim. Somos figuras públicas, com uma imagem a zelar... Devemos ser exemplo para nossos fãs... Há crianças que nos admiram... Mas eu também não posso evitar isso e sofrer pelo resto de minha vida.

Ela levantou os olhos e encarou a amiga, que ruborizara. Engoliu em seco.

-Me perdoe.

Então se levantou e deixou o restaurante.

O quarto era luxuoso, mas não o suficiente para se gabar. Dulce o achava bem confortável, porém meio frio. Naquela noite, pareceu-lhe mais frio ainda.

Deitou-se na cama de casal e abraçou o travesseiro, sentindo a cabeça doer. Estivera a tarde toda pensando no que Any lhe dissera, recapitulando cada palavra para se garantir de que aquilo não era um sonho... Curiosamente, lhe dissera exatamente o que queria ouvir, exatamente o quê Dulce imaginara tantas vezes, desde aquele abraço. Contudo, não sabia se sentia o mesmo. Amava-a e muito, mas nunca se imaginou chamando-a de "meu amor". Tinham intimidade suficiente para se tratarem com carinho, só que nunca chegara a este extremo. Dulce não sabia se a admiração por seus lábios era o desejo de beijá-los, ou se sentia, de fato, vontade de tê-la só para si. Era Anahí, pelo amor de Deus! Além disso, o quê diriam delas? Como bem observara Any, elas eram figuras públicas!

Experimentou algo que seu pai lhe ensinara: dizer o nome da pessoa que, supostamente, você ama e ver como lhe soa.

-Anahí... - levantou a cabeça do travsseiro para ouvir-se melhor: - Anahí.

Mas não lhe soou muito diferente. Apenas um pouco mais... sonhador.