Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

Só voltaram a se ver dali a três semanas. Any não sabia bem por que, mas Dulce se recusara a participar dos demais eventos enquanto estes ocorressem em sua presença. A evitava de todas as formas. Ignorara seus telefonemas, seus pedidos de desculpas, os milhares de e-mails... Exatamente como ela fizera durante os dois anos que as separaram.

Estas três semanas foram as mais dolorosas de suas vidas; Anahí viciara de vez no cigarro, porque era quem a afastava de seus pensamentos acerca de Dul. Dulce se enfiara debaixo de uma grossa casca na qual se isolava do mundo afora, ignorando os pais, amigos, o trabalho... Mais que isso, ignorava tudo o quê lhe lembrasse Any. Tudo. Especialmente a RBD e as centenas de fotos que tinha do tempo em que eram mais novas.

Contudo, não pôde ignorar o lançamento de seu novo clipe, seu novo single, a conclusão de seus longos projetos. Na semana que precedeu o indesejado reencontro, Dulce não respirou outra coisa que não entrevistas, coletivas e todo o marketing de um novo trabalho. E estava indo tudo muito bem, malgrado o fato de que, ao cair da noite, a única coisa que fazia era chorar por horas a fio, até que adormecesse. Desde o beijo – o maldito beijo – não conversara mais com Poncho, muito menos com Christopher. Christian lhe telefonara, mas ela não o atendeu. Ela acordava de manhã, tomava um banho e personificava a Dulce cujo mundo era perfeito, a Dulce que não estava louca pela melhor amiga, a Dulce que não derretia em desejos – mas assim que podia despir a fantasia, a despia com lágrimas.

Seria quase impossível se reencontrarem, a menos que o destino fosse suficientemente traiçoeiro. Ela dissera em poucas palavras que jamais queria ver Anahí de novo, independente da ocasião. Seus assessores faziam de tudo para que, quando Any estivesse no México, Dulce estivesse na Rússia e vice-versa. Contudo, bem como aquele incandescente beijo que, mesmo três semanas depois, ainda a derrubava, tudo ocorreu da forma mais inesperada. A começar pela situação:

“Inevitable” seria a sua catapulta, a ser lançado na segunda-feira que precedia o aniversário de Anahí (coincidências à parte). Por questões de atraso, a gravadora de Any passou a data do lançamento de “Me Hipnotizas” – segundo single de Any – para o mesmo dia. Ninguém sabia, até a mídia começar a publicar possíveis questões de rivalidade entre as cantoras uma vez que, além de estarem lançando seus trabalhos no mesmo dia, lançariam no mesmo horário. Ou seja: ao mesmíssimo tempo.

-Impossível... – murmurou Dulce quando seu assessor lhe chegou com a notícia e ainda ligou a gigantesca TV do lobby do mesmo hotel para provar-lhe. Ela lançava “Inevitable” pelo canal A, Any pelo B, os dois simultaneamente. – Impossível...

-E agora?

Ela coçou a cabeça e mordeu os lábios.

-Como isso foi acontecer? Ela não ia lançar antes de mim?

-Parece que houve um atraso... – comentou ele.

-Oh, que coincidência.

Mas o quê mais a revoltava era o fato de ter ficado curiosamente nervosa ao ver Any dançando e cantando em seu novo clipe, esbanjando uma sensualidade há muito reclusa em seu interior. Uma sensualidade que a encantava, por assim dizer.

Como se não bastasse, logo em seguida foi publicado que as duas poderiam participar de uma mesma apresentação, para a qual Dulce fora convidada há alguns dias atrás. Contudo, a notícia não passava de uma hipótese e Any ainda não confirmara nada. O pior aconteceu naquela noite, ocasião em que Dulce divulgaria seu novo material através dum evento promovido pela sua gravadora...

...no mesmo lugar que Anahí promoveria o seu, na mesma maldita hora.