Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

"Any! Any! Olha só! Olha essa borboleta!".

Anahí dirigiu-se até a menina que gritava animada, segurando uma borboleta em mãos tão delicadamente como quem segura um tesouro muito precioso.

"Ela não parece mesmo uma fada?".

Era rosa, de uma cor tão viva que parecia uma pétala de flor voadora. Any sorriu para a menina de seis anos e tocou nas asas da borboleta, que as abriu e depois tornou a fechar, como se retribuísse o cumprimento. Alargou o sorriso e tornou a tocá-la.

"Sim, parece. Talvez seja e talvez esteja perdida. Vamos procurar suas amigas?".

A menina concodrou animadamente com um aceno de cabeça e, ainda com muito cuidado, acompanhou Any pelo terreno bem cuidado do sítio de seus pais, rumo à pequena cachoeira que havia a alguns metros das limitações da residência, a qual Any alegava ser a moradia das fadas que lhe visitavam à noite. O caminho era pouco tortuoso, mas ainda assim cansativo e o sol do meio-dia torrava suas cabeças, mas a menina estava tão determinada em levar aquela "fada" de volta para sua terra encantada que pouco se importava em caminhar quilômetros e quilômetros rumo a um lugar que sequer existia. Sempre fora assim. Por ser mais velha, Any quem ditava o rumo de suas brincadeiras e ela se empolgava tanto quanto um gatinho se empolga ao ver um novelo de lã rolando em sua direção. Mas até ela mesma acreditava em suas invenções; a cachoeira era um lugar mágico, tão limpa que um brilho nebuloso subia de suas águas e criava uma cortina de pingentes de ouro sobre a clareira onde era localizada. "Fadinhas", como dissera à menina. E a alguns passos da água cristalina, havia uma gigantesca árvore, rodeada por milhares de cogumelos - que, segundo todos os contos possíveis, era aonde as fadas e gnomos moravam. Agacharam-se ali perto e a menina colocou a borboleta em cima de um dos cogumelos, observando-a por um tempo antes de se virar para Any e comentar:

"Não há outras aqui...".

Any a abraçou pelos ombros.

"Elas estão caçando insetos. Vamos, mamãe já deve estar louca atrás de nós".

"Estou com fome".

"Eu também".

Regressaram brincando de pular sobre pedras e desviar de qualquer tipo de planta, uma tarefa razoavelmnete difícil visto que estavam no meio do mato, mas ainda assim a menina ganhou. Almoçaram e se dirigiram ao quarto de Any para ver TV, pelo menos até que pudessem sair para brincar de novo.

"Any, quem é esse?".

A menina segurava um boneco Ken, daqueles tão fortes quanto um lutador de de boxe, cuja bermuda colorida fora confeccionada por Any com restos de tecido que encontrara no sótão da casa. Ela desviou os olhos da TV para responder.

"É o Ken. Ele é namorado da Barbie".

"Eu não sabia. E eles saem juntos?"

"O tempo todo. Na verdade..." Any se levantou e pegou uma Barbie na prateleira do quarto "...a Barbie chega a ser meio chata. Ela quer sair toda hora, mas o Ken não gosta de festa nem nada, então eles brigam muito".

"E depois ficam amigos de novo?"

"Aham. Sempre".

"Como?"

"Como o quê?"

"Como eles ficam amigos de novo?".

"Bom, eles se dão um beijo muito apaixonado. Porque eles se amam muito, e haja o quê houver vão sempre acabar juntos".

A menina balançou a cabeça como quem confirma que entendeu tudo. Any lhe passa a Barbie e volta a assistir a TV.

"Mesmo que aconteça algo muito ruim?", perguntou a menina.

"Aham. Porque eles se amam muito".