Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

dedicado a apcs (amei a sua idéia) e a quem comentou; ideias continuam sendo bem-vindas ;D

 Não era exatamente o quê Any esperava, mas lhe serviu. O marido da sua irmã vivia dizendo que um tribunal é o pior lugar do mundo para tentar expor moda, mas ainda assim ela queria estar, no mínimo, "excepcional", afinal deveria passar uma boa imagem. Também não queria usar decote ou uma saia muito justa, pois estava sob os rumores de assédio sexual e usar roupas minúsculas só ia dar a entender que a acusação de Dulce era verdadeira. Sua mãe lhe emprestou, portanto, algo mais "formal" e menos extravagante: um terninho feminino pouco decotado e de saia um pouco mais comprida do que as que ela costumava usar, acompanhados de um salto não muito alto e um rabo de cavalo bem-feito e frime. Estava, de acordo com suas críticas, uma femme fatale em trajes comportados que, se compusessem um filme policial, estariam sujeitos a um brusco arrancão e um fim humilhante no chão de alguma sala de julgamentos, mas este não era o caso. Ela só ia até lá para depor contra Dulce e responder às perguntas de seu advogado.

A favor dela ia depor seu assessor (o mesmo que a acompanhou em sua carreira antes de RBD) e a favor de Dulce um dos RBD. Pelo menos era o quê a mídia andava noticiando e isso a irritava tão profundamente que, na noite anterior ao julgamentos, ela xingou pelo menos umas dez vezes cada ex-membro da banda dos nomes mais horríveis que lhe vieram à cabeça. Quando relaxou, repassou o quê diria e agora tinha a sensação de que tudo correria muitíssimo bem. Sua exigência máxima, segundo a aconselhou o marido de sua irmã, - seu advogado - deveria ser apenas uma multa de, no máximo, alguns mil dólares e, caso ela se recusasse a pagar, uma pressão em alguns outros fatores judiciais dos quais ele ficaria responsável. Não era nada muito difícil. Não iam sair na porrada.

Ela foi ao supremo tribunal de justiça mexicano na companhia de Gustavo, marido de sua irmã, e de sua mãe, Marichelo; iam no carro dele, que era bem mais discreto e o qual a mídia não conhecia, portanto entraram calmamente pelos fundos e se dirigiram diretamente ao local onde o julgamento seria feito. À direita ficava a mesa que eles, Gustavo e Anahí, ocupariam e à esquerda a que Dulce e seu advogado iam ocupar. Pouco atrás deles, estariam as testemunhas. A de Any já estava lá e ela lhe lançou um sorriso quando o viu nervoso no primeiro dos seis bancos por ali distribuídos, o qual ele retribuiu com um aceno. Do lado oposto, estava uma mulher que Any não conhecia, mas não lhe fez caso e apenas a analisou de alto a baixo, sentando-se em seu lugar logo em seguida. A audiência estava marcada para as onze horas e já eram onze e dez; nem sinal da ex-colega.

Onze e meia, o advogado de Dulce - Glauco, se ela bem o entendera - chegou ajeitando a gravata e alguns minutos depois Dulce, tão ou mais formal do quê Any, entrou e ocupou seu lugar sem sequer olhar para ela. O coração de Anahí então acelerou. Ela não usava decote, mas Dulce sim e a roupa que escolhera destacava suas curvas perfeitas e, quando sentada, deixava à mostra um pouco das coxas cobertas pela meia-calça negra. Sua respiração falhou e foi obrigada a desviar os olhos senão morreria de taquicardia ali mesmo. Onze e quarenta e cinco a juíza (uma mulher bem da antipática) entrou e já foi batendo seu martelo avisando que a audiência ia começar. As duas ex-RBD prenderam a respiração e começaram a repassar, mentalmente, tudo o quê deveriam dizer.

Durante uns vinte minutos foi pura enrolação: a juíza leu todo o blábláblá costumeiro, mandou Dulce jurar que diria toda a verdade com a mão sobre a Bíblia e depois fez Anahí jurar o mesmo. Quando as preliminares terminaram, ela se voltou para Dulce:

-Dulce María Espinoza Saviñón, culpada ou inocente perante as acusações de danos morais acometidos à Anahí Giovanna Puente Portilla em relação às declarações públicas de que ela a estaria assediando sexualmente?

Any esboçou um sorriso já imaginando qual seria a resposta de sua companheira. Gustavo a preparara para isso. Como dissera ele: se de boas intenções o inferno está cheio, o tribunal então está lotado de inocentes. Ela também já vira isso nos filmes e na TV. Havia, inclusive, uma lei regendo as audiências: todo réu é incoente até que se prove o contrário, ou algo assim. Dessa forma, seu coração quase lhe saiu pela boca quando a voz de Dulce soou do lado oposto declarando:

-Culpada, Meritíssima.