Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

Para apcs* - obrigada, linda, por estar sempre acompanhando. Beijos para todos os que estão lendo e mil desculpas por andar sumida.

-Sabia que quase dá pra ver seus "filhos" através dessa blusa?

Dulce sorriu para Maite, que ia lhe visitar todos os dias na cadeia. Ela sabia bem que quase dava para se ver seus seios através da camiseta branca, mas, naquele lugar, a última coisa que importava era se uma via os peitos da outra. Ela não fora colocada em uma cela separada, como achava-se que ia acontecer, mas também pouco se importou; suas colegas eram amigáveis e as que não eram amigáveis não chegaram a conhecê-la.

Mai e Poncho, especialmente, estavam sempre em contato. Poncho trabalhava em um filme na Argentina, portanto ele só ligava, mas Maite sempre estava por lá, levando guloseimas e algumas coisinhas para fazê-la se sentir menos mal. Christopher aparecera uma vez, Christian também ligava de vez em quando, mas a única pessoa que ela queria que desse as caras não chegou sequer a mandar um papelzinho amassado pedindo desculpas. Ok, a culpa era dela, mas Anahí não movera um dedo para impedir que Dulce fosse presa. Mai dizia que ela estava muito mal, mas Dulce sabia que não; Anahí era uma insensível. Quer dizer, elas eram ou não amigas? Tudo bem, amigas não eram mais, mas ainda se importavam uma com a outra, certo? Dulce a acusou de assédio sexual, mas Any a mandou para a cadeia. Um tanto radical, não?

De qualquer forma, pelo menos alguém ia visitá-la. Seus pais nem sabiam que ela fora presa, porque, pouco antes do ocorrido, haviam saído de férias para a Itália, comemorando as bodas de não-sei-o-quê. Suas irmãs não moravam no México e ela não fez o favor de mantê-las informadas. Mas os pais de Any sabiam e, pouco antes de Maite chegar, haviam ligado para ela.

-O quê eles disseram? - perguntou Mai, mais cedo, quando ela contou aquilo.

-Que sentiam muitíssimo por tudo, mas que não podiam interferir porque só a Any pode retirar a queixa.

-Ah sim... Só isso?

-E que ela está muito mal.

Agora, já passada uma hora desde a chegada de Mai, eram quase cinco da tarde e as demais prisioneiras começavam a ir para o pátio fazer ginástica. Uma, particularmente, não parava de olhar para Maite e Dulce imaginou o quê se passaria em sua cabeça, e aquilo a fez rir. Maite a olhou indagativa.

-Tá vendo aquela fortinha ali? - Dulce apontou para a figura em questão. - Já pensou em experimentar algo do gênero?

-Ai Dulce! Credo! Me poupe, né? Nem presa você toma juízo?

-Perdão santa, mas de algum lugar tem que sair a graça.

Maite sorriu, como que pedindo desculpas.

-Obrigada por ter vindo. - disse Dulce, segurando sua mão. - E desculpe por ter te envolvido nisso tudo.

-Você sabe que eu faria tudo por você e pela Any. - Maite apertou a mão da amiga. - Quando sair daí, inclusive, você e ela vão ter uma conversinha.

-Ah não Mai! Caramba! Já disse pra não se meter nisso! Eu e Any já nos acertamos. Eu fui presa por ter-lhe faltado com o respeito e ela já teve a vingança dela. Chega. Daqui por diante, nem sei mais quem é Anahí.

-Duvido. Vocês demoraram demais naquele banheiro. Tem alguma coisa aí. Aliás, o quê está acontecendo, hein? De onde surgiu toda essa rixa entre vocês?

"Merda", pensou Dulce; "esqueci que ela não sabe de nada".

-Também gostaria de saber. - comentou Dulce, mentindo. - Ela que começou, na festa. Eu não tive nada a ver antes disso.

-O quê houve entre vocês? - repetiu Maite, séria. - Tá acontecendo alguma coisa, eu sei que está. Eu conheço vocês. Poncho me falou que Anahí te ignorou por dois anos, e que desde então vocês estão estranhas, mas que vocês andaram se falando ultimamente...

-Mai, é coisa nossa. - falou Dulce. - Não se mete.

-Ah, é coisa de vocês?

-Aham.

-Então acho melhor eu ir embora. Vocês resolvam isso. É "coisa de vocês".

-Mai, pára de ser chatinha!

-Me fala o que tá havendo então!

-Não posso! Ninguém sabe disso! É coisa nossa mesmo, eu não quero que ninguém fique sabendo!

-Sou sua amiga.

-Eu sei.

-Por favor.

-Sinto muito, Mai, mas não. - uma campainha soou na sala onde estavam. - Acabou nosso tempo... Entenda, por favor. Se eu achar que devo lhe contar, eu conto.

Maite assentiu, tristonha, e se levantou da cadeira. Beijou o rosto de Dulce.

-Te amo ruivinha. Se cuida.

-Você também.