Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

Anahí, por outro lado, não se baseava em deduções. Ela sabia que rolara algo no momento em que abraçara Dulce María; sabia que rolara algo antes mesmo de tocá-la, pois sentiu o corpo arrepiar-se ante a visão da ex-companheira de banda. Por Deus, estava linda... Não a teria reconhecido se não estivesse pensando nela segundos antes. Lembrava de Dulce como a menina meiga da RBD, e não como um mulherão que transpirava sex appeal, cujo corpo bem-definido parecia querer desprender-se da fina camada de roupas, atraindo Any como um ímã. Ela havia se convertido em uma deusa, da noite para o dia... Nunca fora tão bela, tão naturalmente bela... Anahí recostava-se à parede externa do hotel para não cair, tão extasiada lhe havia deixado aquele contato. Ofegava como se tivesse corrido quilômetros. Transpirava como se houvesse acabado uma maratona. Tudo resumido em um simples abraço...

-Deus me livre! - exclamou para si mesma, atirando a cabeça para trás e deixando-se escorregar uns milímetros. - Jamais!

Contudo, sabia que não podia resistir ao seu coração. Ao simples mencionar do nome de Dulce, ele acelerava e ela desejava nunca ter se separado daquele abraço.

Mas nada aconteceria. Isso prometera a si mesma, quando apagara todos os e-mails que Dulce lhe deixara ao longo daqueles dois anos, numa tentativa de não ceder à tentação e acabar com sua carreira e com a dela. Por Deus, sobretudo tinham uma imagem pela qual zelar e a hipótese de um romance, até mesmo estes pensamentos hediondos correndo por sua cabeça, poderia destruir a ambas! Anahí era uma artista, estava no auge! Seu single tocava na Eslovênia! Crianças viam nela um exemplo de mulher, de adulta, de pessoa! Ceder à graça de Dulce María seria pular de um precipício sem fim!

O mundo sempre foi muito preconceituoso. Ela enxergava isso em si pópria, porque se lastimara noites e noites, suplicando para que esse sentimento a deixasse. Ela não queria amá-la do jeito que estava amando. Dulce sempre a enxergara como sua ídola - isso ela já lhe dissera - e Any não podia, simplesmente virar as costas para isso. Sobretudo, Dul era sua melhor amiga, sua confidente e sua conselheira. Mas também não poderia ignorar os súbitos desejos que lhe despertariam... Sua amizade não seria mais a mesma, portanto era bem mais fácil ignorá-la do que tentar contornar o que começara a sentir.

Desde que a RBD terminara, Anahí não fizera muitas coisas. Passara a morar em Los Angeles, onde firmara com uma gravadora local para criar seu primeiro álbum solo pós-RBDmania. Comprara uma casa em um bairro privado, adotara um poodle, comprara um carro novo... Mantivera contato especialmente com Ucker e Poncho, mas nenhum dos dois sabia de seus recentes sentimentos. Ucker acreditava que ela e Dulce se falavam todos os dias, mas Poncho sabia que haviam se afastado através de Dulce, que fizera o favor de mantê-lo informado. Já haviam discutido algumas vezes acerca do assunto, porém ele a respeitava e a alertava sobre as prováveis consequências. Any sentia medo, apenas... Confiava em ambos, mas temia que sua confissão os fosse afastar. Ela estava sozinha, e detestava está-lo. Se pudesse, teria gritado ao mundo o que sentia, mas simplesmente não podia sentir nada daquilo!

Ainda assim, o odor natural de Dulce María a fizera desmanchar-se em seu quarto, quando teve de voltar para casa a fim de esquecê-la... Ou pensar nela, em segurança.