Fanfic: O que são as coisas... {portiñón - AyD}

Dulce desceu as escadas de volta ao saguão de entrada e surpreendeu-se ao ver Any recostada ali perto, um cigarro entre o indicador e o dedo médio e um isqueiro em sua mãe esquerda. Já a havia visto fumando, não fora isso que a parara, e sim a incapacidade de mover as pernas, consequência de um salto de seu coração. Ela estava linda...

-Com licença, sim?

Dulce olhou para trás. Estagnara no meio do caminho; envergonhada, pediu desculpas e abriu passagem. Seus movimentos despertaram a atenção de sua futura companheira, que apagou o cigarro no parapeito da maior janela do saguão e veio em sua direção. Seu coração acelerava a cada passo que Anahí dava e seu cérebro procurava processar as melhores palavras possíveis.

-Olá, de novo. - cumprimentou Any, parando à sua frente, sorrindo. - Está pronta para ir?

-Acho que sim... - engoliu em seco. - Você é a "outra artista"? Digo, você quem vai me acompanhar?

Idiota, murmurou para si mesma.

-Não, boba... Eu sou só sua guia. Siga-me, sim?

Dulce esboçou um sorriso, mas xingou-se da mesma forma. As duas saíram do hotel e foram em direção ao local do evento, nada menos do que uma casa de repouso e sede de ações comunitárias. Ela não pôde deixar de notar a maneira como Any andava e, mais do que luxúria, uma gigantesca afeição apossou-se de seus sentidos. Sentiu vontade de abraçá-la, o que, tidas as circunstâncias, não seria uma ação incoveniente, contudo ela tinha de aprender a conter-se. Fez, somente, ficar lado a lado com a amiga.

-Então... Como vão as coisas? - começou Any, sem olhá-la. - Tudo bem?

-Sim... Acabei de firmar com uma gravadora, estamos preparando um projeto para este ano. Além disso, fui convidada a protagonizar uma novela, mas ainda estou verificando minha disponibilidade... E você?

-Tudo bem. Lançei meu primeiro single agora na Eslovênia e daqui a pouco vou à Bucareste promocionar meu primeiro álbum. Nada que já não tenhamos feito. - ambas sorriram. - Mas estive pensando em mudar um pouco a imagem que criei com a RBD, sabe? Não totalmente, porque, sobretudo, ainda serei eu no palco, mas inovar, me entende? Conversei esses dias com umas estilistas e estamos pensando em criar algo bem ao estilo Mi Delirio, com mais sensualidade, sex appeal...

Aquelas palavras fizeram o coração de Dulce dar outro salto.

-Mais sex appeal? - repetiu, incrédula. - Você quer levá-los à loucura, não é?

Anahí ruborizou-se um pouco e sorriu.

-Obrigada, fofa, mas não... Não quero levá-los à loucura. Quero levá-los ao delírio.

Rindo, Dulce segurou a porta de entrada da casa de repouso para que Any atravessasse em sua frente. Ao dar-se conta de sua ação, seu rosto se avermelhou e ela entrou logo em seguida, rapidamente, procurando fazer com que Any não percebesse a tonalidade de suas bochechas. Uma senhora alta, magra e de cabelos escorridos por horas cotidianas no salão de beleza as foi receber, apresentando-se como a organizadora da coletiva. Anahí e Dulce a cumprimentaram sorridentes e, guiadas por ela, seguiram para um camarim adaptado, onde ficariam sozinhas, até que chegasse a hora do evento. Ficava no que, segundo Any observou bem, originalmente seria um quarto, mas isso não as incomodou. Estavam mais incomodadas pelo fato de que iriam ficar juntas, num cubículo, sem mais ninguém. Juntas...

E sozinhas.