Fanfic: Uma Dupla Perfeita (Adaptada AyA) - TERMINADA

Poncho também riu, sentindo-se muito feliz. Embora soubesse que o charme e uma boa apresentação fizessem parte da profissão de Annie, decidiu que iria fingir que aquele sorriso fora apenas para ele.

— Além de minha preferência por comida italiana e quais são minhas noites de folga, o que mais mamãe lhe contou sobre mim?

Um brilho provocante transpassou os olhos azuis de Annie, feito um relâmpago que corta os céus em uma noite de tempestade.

— Vamos lá! Conte-me tudo — solicitou, brincalhão.

— Não me diga que estou sendo interrogada...

— Pode apostar que sim, senhorita.

Tudo parecia tão diferente, alegre e mais bonito quando estavam juntos, que qualquer brincadeira servia de pretexto para rirem. Era como se a vida fosse em preto-e-branco e, de súbito, por estarem juntos, transformava-se em um magnífico filme em cores.

— Sabe-se lá o que aquela senhora espalhou por aí, na esperança de levar-me ao altar. — Poncho retomou a conversa, ainda em tom de brincadeira. Então, respirou fundo para se libertar do efeito inebriante da beleza de Annie, deixando a honestidade vir à tona. — A despeito do que acabou de acontecer lá fora, não estou à procura de uma esposa.

— Ruth também já me disse isso.

Poncho escondeu o rosto, fingindo desespero.

— Nossa! Tremo só de pensar nas explicações mirabolantes que mamãe deve ter arranjado para isso.

Discreta, Annie não fez nenhum comentário. No entanto, a súbita chama de diversão que bailou em seus olhos comprovou a Poncho que Ruth devia ter inventado alguma história terrível para explicar seu estado civil.

— Seja lá o que for, não é verdade. Juro! — garantiu, erguendo a mão direita. — Sou solteiro porque acho melhor assim, neste momento da vida.

— Faço minhas as suas palavras.

Poncho recostou-se na cadeira, perplexo.

— O quê? Não vai argumentar sobre as bênçãos do matrimônio?

— Não. Também não tenho nenhum interesse em me casar.

— Minha santa mãe sabe desse fato peculiar sobre você? — indagou, ainda desconfiado e confuso.

— Claro! Mesmo assim, deu-me seu telefone e disse que iria deixar o resto para a sorte.

A chegada do garçom para servir o vinho e anotar os pedidos interrompeu por um instante a conversa. Porém, quando ele se afastou, nenhum dos dois sabia como reiniciar o diálogo.

Após alguns goles, Poncho sentiu-se em condições de restaurar o clima de sinceridade e leveza daquele encontro.

— Quer dizer que não está em busca de um marido?

— Lógico que não! — respondeu, categórica, sem dar margem a nenhuma dúvida.

— Então, o que está pretendendo, Anahí Portilla?

Poncho a encarou e, antes mesmo que ela respondesse, soube que não conseguiria arrancar-lhe a verdade. Dez anos como policial deram-lhe bastante experiência a respeito.

— Acredite ou não, é difícil ter encontros com alguém do sexo masculino nos dias de hoje... — Annie ainda não sabia como iria sair daquela enrascada.

— Não acredito nessa desculpa. É bonita e desembaraçada demais para ficar sozinha.

— É verdade o que digo. A maioria dos homens só se interessa pela aparência de uma garota. Não se importam com o que ela sente ou pensa. Talvez, por ser modelo, eu perceba isso melhor...

— Parece desagradável — murmurou, em tom de zombaria.

Annie deu um suspiro triste, mas, recuperando o bom humor, acrescentou:

— Gosto de minha profissão, conheci muitos lugares e pessoas interessantes graças a ela. Mas, como tudo na vida, também há seus inconvenientes.

— Por que convidou-me para jantar?

— Porque era uma chance de conhecer alguém comum.

— Ora! É assim que você me considera?

Sem perder o jogo de cintura, Annie consertou seu deslize:

— Imagine! Eu o considero alguém muito especial!

Poncho quase se engasgou com o vinho.

— Não acha que está tirando conclusões apressadas sobre mim? Afinal, esta é a primeira vez que conversamos.

— Confio em meus instintos. — Annie piscou, marota. — Aliás, pela natureza de sua profissão, tenho certeza de que também confia nos seus.

— É por isso que estou aqui.

"E porque a beijei."

— Sabe quantos homens se concentram em meus olhos quando somos apresentados, Poncho?

— Não faço idéia.

— Nenhum. Mas você, sim.

— É mesmo? Não percebi. Estava envergonhado e furioso com mamãe por ter criado aquela situação. Talvez, se tivéssemos nos conhecido em um coquetel, eu a tivesse examinado de alto abaixo, como todos os outros.

— Acho que não, policial Herrera. — Sorriu, daquele jeito tão especial que era só dela.

— Meu Deus! Agora, deixou-me paralisado com esse sorriso, Anahí Portilla! Estou com receio de olhar abaixo do contorno do seu rosto. O que verá poderá rebaixar minha classificação de "pessoa especial" para "um tipo inconveniente, de quarta categoria".

— Não se preocupe, já passou no teste. Pode relaxar.

— Fantástico! Nesse caso, se importaria de se levantar por um instante?

— Como?

Reprimindo o riso, Poncho a ajudou a se erguer.

— Hora de lançar olhares de admiração! — Tentava parecer sério. — Acho que estou abaixo da cota permitida para qualquer mortal.

Annie o encarou com um misto de austeridade e surpresa.