Fanfic: Uma Dupla Perfeita (Adaptada AyA) - TERMINADA

Ambos ficaram quietos, apenas olhando-se. Pareciam em transe, transportados para uma dimensão de sonhos e magia. Era como se, lá no fundo de suas almas, já se conhecessem e fossem muito íntimos, completando-se.

De súbito, o som estridente de um pager quebrou o encanto, trazendo os dois para a realidade.

A contragosto, Poncho tirou o aparelho do bolso e verificou a mensagem.

— Desculpe-me, Annie, tenho de fazer uma chamada rápida. Volto já.

— É bom mesmo!

Enquanto discava o número da delegacia, no telefone do restaurante, Poncho fez uma prece silenciosa para que não fosse nenhum trabalho urgente. Contudo, a não ser pelo encontro com Annie, aquele não parecia ser seu dia de sorte.

— Problemas? — Annie quis saber ao vê-lo retornar, com o semblante preocupado.

— Um policial ficou doente. Tenho de voltar ao trabalho, mas espero que fique e termine seu jantar. — Fez sinal para que o garçom lhe trouxesse a conta.

— Não se preocupe, eu terminarei. A conta é minha.

— Receio que não.

— Poncho, eu o convidei. É muito simples!

— Quando saio com uma mulher, eu pago. Ponto final! — Decidido, tirou a carteira do bolso.

— Não vou permitir que faça isso.

— Deixe-o, senhorita — o garçom pediu.

— Sim, deixe-me. — Verificando o total, Poncho tirou algumas notas da carteira e as entregou ao serviçal. — Obrigado. Boa noite, Annie. Ligarei em breve.

Sem olhar para trás, Poncho deixou o restaurante e chamou um táxi. Temia não conseguir se afastar dela, caso a fitasse pela última vez.

— Alfonso Herrera, eu pago o jantar! — Annie entregou-lhe o dinheiro, quando ele estava prestes a entrar num carro.

Ela o seguira até a rua, sem nem mesmo ter vestido o casaco.

— Não e não! — Poncho a segurou pelos ombros, virando-a em direção ao estabelecimento. — Volte para lá antes que pegue uma pneumonia! E leve esse dinheiro consigo!

— O senhor quer um táxi ou não? — um motorista gritou pela janela.

— Sim.

— O taxímetro está correndo, então.

— Vamos, Poncho — Annie voltou a insistir. — Não seja tão antiquado!

— Não percebe que é assim que eu sou? — Encarou-a. — Sei que deve ter dinheiro suficiente para comprar o restaurante inteiro, se quiser. Deixe-me preservar um pouco de meu orgulho, cuidando disso, está bem?

Ela ficou ainda mais furiosa.

— Não me importo com quanto dinheiro você ganha ou deixa de ganhar! Essa não é a questão!

— Para mim, é!

Annie fechou os olhos, sentindo-se frustrada.

— Sabe...

Poncho interrompeu aquele protesto, puxando-a para si. Surpresa, Annie abriu os olhos.

— Esqueci-me de algo... — Poncho murmurou, sedutor. — A sobremesa.

Sem mais nenhuma hesitação, entregou-se ao prazer daquela boca, à promessa daqueles lábios convidativos.

Poncho amaldiçoou Christian por ter adoecido justo naquela noite. Se não fosse assim, talvez tudo terminasse de uma forma bem mais agradável.

O taxista buzinou, e Poncho ergueu a cabeça com pesar.

— Tenho de ir.

Annie acariciou o rosto dele.

— Aceitarei sua generosidade desta noite sob uma condição.

— Qual?

— Da próxima vez, eu cozinho.

Poncho levou apenas uma fração de segundo para compreender o que aquilo significava: ficariam a sós, decerto no apartamento dela. Seu corpo inteiro estremeceu, em antecipação ao que estava por vir.

— Tudo bem.

Annie desvencilhou-se de seu abraço, sorridente.

— Próxima terça, na mesma hora?

— Combinado.

Antes que ele partisse, Annie gritou-lhe, da porta do restaurante:

— Deixarei meu endereço em sua secretária eletrônica!

Enquanto o carro se afastava, ele fez-lhe um aceno positivo.