Fanfic: Uma Dupla Perfeita (Adaptada AyA) - TERMINADA

— Venha, Poncho, vou mostrar-lhe onde passo meu tempo livre. — Desvencilhando-se do abraço, puxou-o pela mão até seu pequeno escritório.

— Se for algo ilegal, prefiro não saber — brincou, deixando-se conduzir.

— Sabia que faz uma idéia muito errada sobre as pessoas famosas?

— O que posso fazer? — Deu de ombros. — Sou um policial de Nova York, lembra-se?

— Bem, garanto que não vai encontrar nada para confiscar aqui.

Ao abrir a porta do escritório, Annie sentiu-se inquieta, ao imaginá-lo examinando seus quadrinhos. E se Poncho não gostasse? Sem saber por que, achava importante que ele os apreciasse.

— Vá em frente, Poncho. Já volto. — Annie resolvera fazer uma retirada estratégica.

Assim, poderia arrumar-se um pouco, evitando também o constrangimento de obrigá-lo a elogiar algo que detestara.

A decisão de mostrar-lhe seu trabalho fora impulsiva, mas, enquanto tomava uma ducha rápida, percebeu que acertara. Quanto melhor Poncho a conhecesse, mais fácil seria para que concordasse em satisfazer seu desejo de ser mãe.

Decerto, o fato de Poncho não ser um irlandês convencional também era muito animador.

Após prender os cabelos em um coque displicente e colocar um vestido simples, de crepe azul-celeste, Annie foi ao encontro dele. E claro, não esqueceu de borrifar algumas gotas de perfume no pescoço e passar um brilho leve nos lábios.

Para sua surpresa, Poncho ainda estava no escritório, debruçado sobre a prancheta de desenho. Às vezes, soltava um riso abafado, outras, dava uma gargalhada mais espalhafatosa, porém não se cansava de ler as histórias de Annie.

Mais confiante, ela resolveu aproximar-se.

— E então?

— Nossa, Annie, são excelentes! — Seus olhos brilhavam de sincera admiração. — Melhores que os do Times!

— Pena que até agora ninguém do Times tenha concordado com você. Mas já vendi as tiras para alguns jornais do interior.

— Sério? Parabéns! — Voltou-se à prancheta. — Nem preciso perguntar de onde tirou essas idéias. Deve ter ouvido muitas conversas irlandesas, não foi?

— Então acha que acertei o tom?

— É incrível! St. Paddy fala exatamente como meu pai, e minha mãe costumava replicar usando os mesmos termos que este pequeno duende. Até parece que andou ouvindo atrás das portas lá de casa, durante todos esses anos!

— Minha avó sempre passava os verões conosco, aqui em Nova York, e falava desse jeito. — Estava encabulada com todos aqueles elogios a sua arte. — Além disso, estive na Irlanda, no ano passado, posando para um calendário.

Encarou-a, atônito.

— Calendário!? Não me lembro de tê-la visto em nenhum.

— Ah! Gosta de admirar as modelos sensuais dos calendários?

— Claro! Que homem em sã consciência não gosta?

— Ótimo, pois espero que venda bastante. Desse modo, poderei arrecadar uma boa quantia com sua comercialização, que servirá para diminuir o impacto de minha saída do mundo da moda. A propósito, esse trabalho será lançado no ano que vem.

Poncho coçou a cabeça, aturdido.

— Já está pensando em se aposentar? Sei que sua carreira acaba cedo, mas não acha que ainda é muito jovem para se retirar, assim?

— Obrigada pelo elogio. Mas já estou cansada desse mundo da moda. Tenho outros planos. — Calou-se, de súbito, achando mais prudente revelar apenas parte de seus projetos.

— O quê, por exemplo?

— Ora, isso! — Annie apontou para seus quadrinhos. — Pretendo me iniciar uma nova profissão, ter uma vida calma e pacata, longe do caos das grandes cidades.

— Garota, você me surpreendeu! É muito determinada. — Poncho sorriu, e aqueles seus olhos penetrantes pareceram envolver Annie em um abraço de luz.

Ela aproximou-se, atraída pelo forte magnetismo daquele homem. Cada fibra de seu corpo pulsava de emoção e desejo, ansiando por um toque dele. O que seria aquilo? Apenas paixão ou algo que a própria Annie temia descobrir?

— Sim, de fato... — sussurrou, sensual.

— De certa forma, sou como você Annie. Um lutador obstinado e idealista.

Poncho também sentia uma vontade irresistível de tomá-la nos braços e beijá-la, como das outras vezes. Porém, não se moveu. Queria que Annie tomasse a iniciativa. Afinal, era muito hábil na arte da sedução.

O impulso de soltar o primeiro botão da camisa de Poncho tornou-se uma verdadeira obsessão, e Annie logo cedeu.

— Já que temos tanto em comum, acho que este momento é perfeito para nós — murmurou, provocante.

— Creio que sim.

Poncho não deixava de fitá-la, quase hipnotizando-a com seu magnetismo.

Annie abriu o segundo botão, e seus dedos tocaram os pêlos negros daquele peito musculoso. Poncho gemeu, e a respiração dela tornou-se acelerada.

— E o jantar? — ele quis saber, provocante e irônico.

Annie não se deteve, abrindo mais um botão.

— Ainda levará um bom tempo para que o assado fique pronto.

Poncho acariciou-lhe o queixo e, em seguida, a enlaçou.

— Essa é a melhor notícia da noite, Annie.

Ambos silenciaram, entregando-se a um beijo tempestuoso e desesperado.