Fanfic: Uma Dupla Perfeita (Adaptada AyA) - TERMINADA

Ele a fitou com ar sombrio. Aos poucos, no entanto, seu semblante foi se descontraindo até se transformar em uma expressão divertida.

— Imagine só! Não quero desperdiçar nenhum minuto deste fim de semana com você visitando lojas.

O coração de Annie acelerou. Sim, aquele não era momento para pensar em problemas ou fazer planos para o futuro. Devia aproveitar cada segundo junto de Poncho. Talvez nunca mais tivessem outra chance igual.

— Tem toda razão!

— Mas primeiro vamos levar esse garoto para se exercitar um pouco. — Olhou St. Paddy como se fitasse um recruta. — Assim ele dormirá por um longo período.

— Boa idéia. — Annie se deleitou com a promessa de amor contida no olhar de Poncho.

O bosque ao redor estava coberto de neve, que tornara a cair ao meio-dia. Por isso, Annie achou melhor irem até a estrada, para levar St. Paddy a seu primeiro passeio. Também improvisou uma coleira com um lenço, utilizando um pedaço de corda de varal como guia.

Enquanto caminhavam até a estrada, com St. Paddy no colo de Annie, foram envolvidos pela beleza daquele lugar bucólico. O sol pálido de inverno tocava os carvalhos e os pinheiros da região, criando um ambiente poético e inesquecível.

Annie respirou fundo.

— Adoro este ar puro, o cheiro da terra molhada, as plantas... Tudo, enfim!

Poncho começou a tossir.

— Você está bem?

Com os olhos vermelhos devido ao esforço, ele pigarreou e riu para ela.

— Acho que demora algum tempo para nos acostumarmos com tanto oxigênio, após se passar a vida toda inalando a fumaça dos carros.

Annie pôs St. Paddy no chão, voltando-se para Poncho.

— Já pensou em viver no campo? — Nem terminara de falar e já estava arrependida por ter tocado no assunto. Fora longe demais ao forçar que ele tomasse uma decisão tão repentina. Afinal, não queria fazer isso.

— Para ser franco, nunca passou por minha cabeça viver no interior, embora goste de passar umas férias em locais calmos como este. — Sua expressão era triste, sinal de que também enfrentava conflitos. — Fui treinado para ser um policial de cidade grande, Annie. E adoro meu trabalho.

Era a resposta que esperava ouvir. Mesmo assim, ficou desapontada.

— Eu sou louca pela vida simples do interior — confessou, desviando o olhar para St. Paddy, que brincava ao redor. — Mamãe costuma dizer que tenho o coração de pastora de ovelhas.

— Não me diga que pretende colocar um rebanho no quintal!

— Até já pensei nisso, mas acho que vou preferir um cavalo.

— Meu Deus!

— O que há? Você monta cavalos em seu trabalho.

— Sim, mas ele não mora em meu apartamento.

— Não venha com esse jeito de rapaz insensível. Já percebi que gosta muito de animais!

— Certo. Confesso que tem razão. Mas nunca pensei em levar Dan Foley para casa.

— Esse é o nome do seu cavalo?

Poncho fez um sinal afirmativo.

— Os cavalos da polícia montada costumam receber o nome de algum oficial morto no cumprimento do dever. O tenente Dan Foley morreu durante um cerco de traficantes, há uns dez anos.

— Tão adorável e sentimental...

— Policiais podem ser mais sensíveis do que você imagina, Annie. — Olhando para o lado, ordenou: — Ei! Segure bem esse cão!

Annie agarrou a corda, e viu um coelho pular pela estrada, com St. Paddy tentando ir em seu encalço. Por pouco, ela não acabou caindo, devido à força do filhote.

— A julgar pelo tamanho daquelas patas, não conseguirá arrastá-lo por muito tempo. — Poncho ficara surpreso com a força do cachorro.

— Tem razão. Mas essa raça tem um temperamento dócil e afetuoso para equilibrar. Fazem tudo para agradar seus donos.

— Ele não é o único com esse desejo.

— Verdade?! — Um arrepio de prazer percorreu-lhe a espinha, ao vislumbrar outros momentos de prazer, na intimidade de seu chalé.

— Isso não é óbvio, Annie? Você tornou-se a dona de meu coração! — Seu rosto pareceu cintilar de desejo, enquanto suas mãos deslizavam ao redor da cintura dela.

Seus lábios estavam prestes a se tocar quando Poncho murmurou:

— Deixe-me segurar a coleira. Se esquecer o que está fazendo e soltar esse cão, jamais me perdoará.

— E se você esquecer?

— Sou um policial. Fui treinado para fazer duas coisas ao mesmo tempo.

Annie cedeu, e ambos entregaram-se a um beijo sôfrego e violento, como se fizesse muito tempo que não se encontravam.

Annie logo notou que não seria capaz de fazer duas coisas ao mesmo tempo se uma delas fosse beijar Poncho. Gemendo, passou os braços ao redor da cintura dele, fazendo pressão contra a barreira formada pelo tecido de suas roupas.

— Que tal amarrarmos St. Paddy em uma árvore e fazermos amor aqui no bosque, Annie?

Ela ponderou por um segundo, deixando que aquelas imagens alimentassem a febre dentro dela. Agora que experimentara as delícias do amor, não tinha mais forças para barrar suas fantasias mais secretas. Piscou, maliciosa, para Poncho, dando seu consentimento.

Logo, estavam deitados sobre a relva úmida, coberta por uma fina camada de neve, enquanto St. Paddy permanecia amarrado a uma árvore próxima.

— Droga! — Poncho gritou de repente, afastando-se de Annie com a agilidade de um gato.

Ainda zonza, como se despertasse de um sonho, ela olhou ao redor sem entender nada. Então, ficou petrificada, diante de uma visão aterradora.

O lenço que servia de coleira para o filhote estava caído ao chão, ainda preso à corda. Porém não havia o menor sinal de St. Paddy.