Fanfic: Uma Dupla Perfeita (Adaptada AyA) - TERMINADA

Uma dor profunda e lancinante queimava no peito de Annie, ao olhar para todos os lados à procura de St. Paddy. Dominada pelo desespero e pânico, chorava sem parar, culpando-se por aquele desaparecimento. Jamais deveria ter tirado os olhos do filhote para beijar Poncho. Jamais!

— St. Paddy! — continuava a gritar, entre soluços cada vez mais aflitos. Então, virando-se para Poncho, lembrou: — Oh, Deus! Ele ainda nem sabe o próprio nome!

— Isso não importa, Annie — procurou tranqüilizá-la, ocultando a própria aflição. — Continue chamando. Talvez ele reconheça sua voz.

— Espero que sim... — murmurou, sem conseguir conter as lágrimas que rolavam cada vez com mais intensidade.

— Veja estas pegadas. O danadinho só pode ter ido por aqui — Poncho gritou, com uma nota de esperança na voz.

Annie não disse nada, apenas fez uma prece silenciosa. Suas unhas estavam cravadas na palma das mãos.

— Vou seguir a trilha, e logo voltarei com aquele fujão nos braços. E melhor esperar aqui, Annie.

— De jeito nenhum! — Foi tão firme e categórica que Poncho nem pensou em retrucar.

Em seguida, os dois entraram no bosque frio e úmido, que deveria parecer ainda mais ameaçador para um filhote tão jovem.

— Cuidado! — Annie alertou, de súbito, mas não conseguiu evitar que Poncho tropeçasse em uma raiz saliente, caindo de cabeça em um monte de lama e folhas mortas.

Como não pudera evitar o tombo, ela abaixou-se para, pelo menos, ajudá-lo a se levantar.

— Está tudo bem?

Poncho ergueu-se, cuspindo uma folha, o rosto sujo de barro. Annie tentou, mas não conseguiu reprimir o riso. Era muito engraçado vê-lo todo enlameado, fazendo caretas de asco.

— Pense no lado positivo, Poncho. Dizem que a lama faz muito bem à pele — zombou, esquecendo por um segundo a angústia pelo desaparecimento de St. Paddy.

— Que bom! Agora estou muito mais satisfeito por ter mergulhado nessa sujeira toda! — Zangado, levantou-se, limpando os olhos com a manga da jaqueta. Então, tornou a examinar o chão. — Por aqui.

Annie o seguiu floresta adentro até que pararam diante de um grande tronco oco.

— Aposto que o cãozinho está ali — Poncho murmurou, procurando enxergar melhor na escuridão.

— St. Paddy, venha cá! — Annie chamou com suavidade, várias vezes. Mesmo assim, não houve nenhum sinal do cão.

Os minutos foram passando, e o estômago de Annie revirava-se de ansiedade.

— Espero que nada o tenha pego.

— Pela marca das pegadas, St. Paddy foi rastejando para dentro desse tronco por vontade própria, Annie. Deve ter se cansado e adormecido ali. Vou ver se consigo puxá-lo para fora.

— Ficou maluco?! Já pensou no que pode haver lá dentro?

— Ora, animais do campo. — Sorriu, cínico. — Não adora a vida simples do interior?

— Está se divertindo à minha custa!

Sem dar atenção àquela reprimenda, Poncho ajoelhou-se, pondo o braço dentro do buraco da árvore. Annie suspirou, desanimada.

— Sempre acontece algum imprevisto, para não dizer confusão, quando estamos juntos.

— Não estou reclamando. Ei, cachorrinho! Venha para fora!

— Conseguiu alcançá-lo?

— Ainda não. Queria que meu braço fosse um pouco mais comprido. — Fez mais alguns esforços sem obter nenhum sucesso, soltando um desabafo bem-humorado: — Onde estão os super-heróis quando precisamos deles?

Annie     observava bem a cena. Poncho coberto de lama, deitado naquele chão viscosos, enfiando o braço em um tronco, sem se importar com sua segurança ou conforto.

— Diria que há um bem aqui, diante de mim, Poncho.

— Oh, com certeza! Está chamando de herói o homem que quis beijá-la quando devia ficar de olho no cão.

— E eu não apertei o nó do lenço o suficiente para evitar que ele escapasse — retrucou, enérgica. — Não quero que fique se culpando.

Poncho começou a rir.

— O que é tão engraçado?

— Há alguma coisa lambendo meus dedos, Annie. Espero que seja mesmo seu cãozinho.

— Tem de ser ele! Pode pegá-lo?

— Não. A menos que você queira que eu o puxe pela língua.

— Poncho! — ela repreendeu-o, embora estivesse mais do que feliz. — Vá afastando a mão bem devagar. Talvez ele continue lambendo seus dedos até sair.

— Pode ser que dê certo. Alguém já lhe disse que é muito inteligente?

— Obrigada. Essa não costuma ser a primeira coisa que os homens percebem em mim, para ser franca.

— Não pode culpá-los por isso, Annie. Você é linda!

— O que não leva à felicidade necessariamente.

— Fala como se a beleza fosse uma desvantagem.

— De certa forma, é.

Poncho a fitou, intrigado.

— Gostaria de voltar a esse assunto mais tarde. Agora, fique preparada para agarrar St. Paddy assim que sua cabeça despontar no tronco.

Annie ficou em posição de alerta.

— Fico devendo isso a você, Poncho.

— E não pense que não vou lhe cobrar...

Não demorou muito, e apareceu uma minúscula língua cor-de-rosa, seguida de um focinho bem familiar. De um salto, Annie agarrou St. Paddy, que latiu de felicidade ao reconhecê-la.