Fanfic: Desconhecido

Capítulo Especial (Parte 3)

Desconhecido

_ Qual é o seu nome? Não adianta me falar de segurança. Eu quero saber o nome da única pessoa do mundo na qual eu confio. Não quero que você pareça um estranho para mim, não quero que pareça um desconhecido. Me responda. Eu já não tenho porque adiar essa noite de hoje. Sabia que esse dia chegaria. Mas, depende de você. Qual é o seu nome X? Mamãe sempre disse para não falar com estranhos, mas aparentemente amo um desconhecido.

     Difícil dizer quem ficou mais surpreso: eu que encontrei minhas melhores amigas com uma jóia da minha mãe, ou elas que foram pegas no ato.

     Mas, acho que eu fiquei mais surpreso.

     Eu sempre acreditei nelas, sempre confiei. Minhas melhores amigas me deviam uma boa explicação naquele momento.

_ É isso mesmo que você está vendo. Disse Haryélle. E não faça essa cara de idiota.

_ Como vocês pegaram esse colar? Como vocês chegaram lá? E por que fizeram isso? Eu as enchi de perguntas.

_ Nós só tivemos sorte. Mas, não se preocupe. Não pegamos todas as jóias, só peguei essa para as meninas verem o que tenho em mãos. Explicou Haryélle.

_ Como vocês podem ser tão falsas? Perguntei.

_ A pergunta é: como você pode ser tão trouxa? Perguntou Haryélle.  As três riram. Minha primeira lágrima. Você acha que nós íamos ficar amigas de um gay assim, sem motivo nenhum? É claro que tinha que ter uma coisa maior na história.

     Saí do quarto delas sem olhar para trás. Se olhasse, provavelmente teria visto as três rindo da minha cara.

     Sentei-me lá fora.

_ Você está triste Félix. Eu posso ajudar? Perguntou Luana.

_ Muito obrigado Luana, eu agora só preciso ficar um pouco sozinho para as coisas se encaixarem na minha cabeça. Tentei dizer educadamente.

     Luana saiu, e eu liguei para X, só ele poderia me consolar nesse momento.

_ Alô, Félix. Aconteceu alguma coisa? Ele me perguntou preocupado.

_ Não, quer dizer... aconteceu. Eu preciso de você agora. Você pode me buscar?

_ Claro Félix. Claro! Eu estou indo agora mesmo. 5 minutos. Ou melhor 4.

     X me buscou de moto e fomos para a casa que ele comprou. Tomando chocolate quente, contei.

_ As meninas me traíram. Elas não são o que eu pensava. Especialmente a Haryélle. Como ela pode ser tão fria e ambiciosa? Eu confiava nelas, contei tudo a elas. E elas me retribuem com: você acha que nós íamos ficar amigas de um gay fácil assim?

_ Félix, eu tenho que te dizer que existe pessoa assim no mundo. E como... Eu também fiquei chocado que elas tenham feito isso, mas esse tipinho existe.

_ Mas e agora, em quem eu vou confiar? Elas eram minhas únicas amigas. E agora eu estou só.

_ Confie em mim. Disse X. Você pode confiar em mim. Eu nunca vou te deixar só. Não se preocupe com isso. Eu vou te amar para sempre. Sempre vou estar do seu lado. Eu te ao mais que tudo... eu amo a sua sombra mais que a mim mesmo. Você nunca vai ficar só.

_ Por favor. Eu pedi. Nunca me deixe só. Eu sei que com você eu nunca estarei sozinho. Te amo.

     X me deu um beijo no queixo e depois outro na boca.

     Fiz o que tinha que fazer em Florianópolis, comprei o que tinha que comprar (inclusive umas revistas de moda que eu nunca tinha visto em Sete Quedas). Estava na hora de voltar.

     Fiz as minhas duas malas. Uma o X disse que ia levar, então me preocupei em carregar o peso de apenas uma. O meu celular nunca foi o mesmo dois de suas ligações. Até estava gostando mais dele. Nem olhe na cara das falsas das minhas amigas.  Homens podem ser simpáticos sabia? Eu voltei a viagem inteira conversando com os garotos da minha classe e eles me receberam super bem. Pensei que seria impossível para mim ter um dia essa relação mais próxima com um homem. A palavra é heterossexual.

അ   Uma semana depois   അ

     Já em Sete Quedas, tinha outras coisas mais importantes para fazer do que lamentar a perda de minhas amigas. Uma delas era Vestibular, eu estudei muito. Queria entrar para a melhor Universidade do meu país, ou de outro, quem sabe?

     Estudei muito naquela semana. E toda noite X me visitava e dormia na minha casa. Em quartos separados, é claro. Eu tinha medo de não resistir. Já disse isso! Melhor não correr o risco.

     Mas, eu ainda estava na dúvida: Como as meninas conseguiram entrar no porão se eu estava com a chave? Como isso seria possível?

     Olhei no porão. Todas as jóias estavam lá. Procurei muito para descobrir se minha mãe deixou alguma pista de onde estaria o dinheiro. Depois de horas fazendo isso, encontrei no chão debaixo de um tapete um bilhete dela. Eu e X procuramos aquele lugar, e surpreendentemente chegamos no lugar onde nunca pensaríamos que estivesse. No lugar onde ela foi assassinada. Lá estava o resto do dinheiro. Numa fazenda, embaixo de uma árvore. Tivemos que cavar. Dentro de uma mala grande. Não tenho ideia de quantas notas de cem haviam lá dentro.

     Resolvi deixar no porão por enquanto, junto com as jóias. Depois colocaria numa conta bancária no nome de X, que pra começar nem tem nome! Mas isso eu resolveria em breve.

     Chegou a noite. Prometi a mim mesmo que naquela noite eu descobriria o bendito nome de X. Ele não escaparia dessa vez. Estávamos na sala comendo lasanha. Ele queria assistir o futebol, e eu não fui contra já que todas as vezes que jantávamos juntos eu assistia um desfile ou algum programa de moda. X era um tipo de gay diferente. Era um machão, mas que tinha atração por homens. Um dinossauro com coração de borboleta. Será que expliquei certo?

     Desde que eu descobri o porão, tirei minha cama de lá para ficar mais fácil o acesso (se é que me entendem). E dessa vez eu deixei completamente aberto. Tinha acabado de escovar os dentes quando X me gritou:

_ Adivinha onde eu estou?

_ No porão. Só pode ser, sua voz está fazendo eco. Gritei respondendo.

_ Quer me fazer uma visitinha? Ele gritou perguntando. Era incrível como ele depois de tudo conseguia ter uma Vox de homem.

_ Sim. Por que não?

     Lá ele começou a me beijar loucamente. Eu sabia o que El queria. Ele tirou a roupa e me despiu também.

_ Você sabe que pode me confiar em mim. Ele disse. Sabe que vou te respeitar, que vou te deixar à vontade.

_ Sei. Mas ainda quero saber uma coisa. Uma única coisa. Se você me responder à essa pergunta, eu faço o que você quiser.

_ Manda.

_ Qual é o seu nome? Não adianta me falar de segurança. Eu quero saber o nome da única pessoa do mundo na qual eu confio. Não quero que você pareça um estranho para mim, não quero que pareça um desconhecido. Me responda. Eu já não tenho porque adiar essa noite de hoje. Sabia que esse dia chegaria. Mas, depende de você. Qual é o seu nome X?

_ Ok. Mesmo preocupado com sua segurança eu vou te dizer. Meu nome é Enzo. Enzo Stewart.

_ Ah. Eu ri. Seu nome é lindo. Eu sempre quis ter um filho chamado Enzo. Você tem o sobrenome daquela atriz “Kristen Stewart”.

_ Você gosta do meu nome? Enzo me perguntou.

_ Amo.

_ E eu amo você.

     Estávamos nus e ele começou a me abraçar. Depois beijo. Ele me colocou deitado no baú em que minha mãe deixou aquela carta. Minha primeira vez foi sobre aquele baú. Irônico isso. No baú onde minha mãe descobriu que eu sou gay.

     Ele foi muito gentil e cuidadoso como prometeu. Foi a noite mais mágica da minha vida eu tenho certeza. Eu queria olhar para trás e não sentir nenhum arrependimento, mas é impossível. Me arrependerei até meu último dia.

     No dia seguinte, acordei da noite maravilhosa. Olhei para os lados procurando Enzo. Eu estava nu.

     Nada de Enzo. Nada de mala com as notas de cem. Nada de jóias.

     Ele se foi e levou tudo.

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