Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)
O instinto ancestral arrastava-os para a casa senhorial, em busca da proteção do amo, que, no decorrer dos séculos, tinha estendido sobre seus trabalhos a sombra de suas muralhas e de seu torreão.
Anahí, que apertava a criança entre os braços, sentiu que o coração se lhe estreitava em um remorso indefinido.
"Nosso pobre castelo", pensava, "está desmoronando. Como podemos agora proteger estes infelizes? Quem sabe se os bandidos não terão ido até lá? E não seria o velho Guilherme com a sua lança quem poderia impedi-los de entrar."
- Vamos - disse em voz alta -, vamos para o castelo. Mas não precisamos ir pela estrada real, nem pelos atalhos dos campos. Se os bandidos estiverem emboscados neles, não poderemos aproximar-nos da entrada. Tudo o que podemos fazer é descer até os pântanos esgotados e chegar ao castelo pelo grande fosso. Há uma portinha que nunca se usa, mas eu sei como se abre.
Não acrescentou que aquela portinhola meio escondida pelos escombros de um subterrâneo lhe tinha servido para fugir do castelo mais de uma vez, e que num dos calabouços que os atuais barões de Sancé não conheciam bem estava o esconderijo em que preparava plantas e filtros, como a bruxa Melusina.
Os aldeões escutaram-na, confiantes. Alguns somente agora observavam sua presença, mas estavam tão acostumados a considerar Anahí como uma encarnação das fadas que sua aparição no mais negro de sua infelicidade não lhes causou grande assombro.
Uma das mulheres tirou-lhe dos braços o garoto. E Anahí, livre de sua carga, conduziu o grupinho por um grande rodeio através dos pântanos, sob o sol escaldante, ao longo do promontório abrupto que antigamente havia dominado aquele golfo do Poitou, invadido pelas águas marinhas. Com o rosto sujo de pó e lama, animava os camponeses.
Fê-los entrar pela estreita abertura da poterna abandonada. No fresco ambiente dos subterrâneos reúniu-os e deu-lhes ânimo, mas a obscuridade fez as crianças chorarem.
- Calma, calma - soou, tranqüilizando-as, a voz de Anahí.- Logo estaremos na cozinha, e babá Fantina nos servirá a sopa.
A evocação da ama Fantina animou a todos.
Seguindo a filha do Barão de Sancé,-os camponeses, gemendo e tropeçando, subiram as escadas meio desmoronadas e atravessaram as salas cheias de destroços, das quais fugiam os ratos. Anahí orientava-os sem vacilação. Era seu domínio.
Quando chegaram ao grande vestíbulo, ruídos de vozes os inquietaram um momento. Mas Anahí, tal como os aldeões, não se atrevia a supor que o castelo houvesse sido atacado. Ao se aproximarem da cozinha, o cheiro da sopa e do vinho quente se tornou mais pronunciado. Com certeza havia muita gente por ali, mas não eram bandidos, pois o tom das conversas era baixo, comedido e até triste. Outros camponeses da aldeia e das fazendas vizinhas tinham vindo colocar-se sob a proteção das velhas muralhas em ruínas.
Quando apareceram os recém-chegados, elevou-se um grito geral de pavor, pois foram tomados por bandoleiros, mas, ao ver Anahí, a ama correu ao seu encontro e apertou-a nos braços.
- Meu tesouro! Você está viva! Graças, Senhor! Santa Radegunda! Santo Hilário! Obrigada!
Pela primeira vez Anahí não respondeu ao ardoroso abraço. Acabava de guiar "sua" gente através dos pântanos. Horas inteiras havia tido atrás de si aquele rebanho lastimoso. Já não era uma criança! Quase com violência, desprendeu-se de entre os braços de Fantina Lozier.
- Dê-lhes de comer - disse.
Mais tarde, como em sonho, viu sua mãe, que, com os olhos cheios de lágrimas, lhe acariciava as faces.
- Filha, quanta inquietação você nos causou!
Pulquéria, consumida como uma vela, com sua acne inflamada pelas lágrimas, aproximou-se também, assim como seu pai e seu avô... Parecia a Anahí muito divertido aquele desfile de fantoches. Bebera um canecão de vinho quente e estava completamente embriagada, imersa num doce torpor. A seu redor as pessoas trocavam comentários sobre as peripécias da trágica noite: a invasão do povoado, as primeiras casas incendiadas, como haviam lançado o síndico pela janela do primeiro andar, que ele estava tão orgulhoso de haver construído havia pouco.
Aqueles hereges haviam ainda invadido a pequena igreja, roubado os vasos sagrados e amarrado o cura com a criada sobre o próprio altar! Gente possessa do Demônio! Senão, como teriam podido inventar semelhantes coisas?
Diante de Anahí uma velha acalentava nos braços sua neta, linda adolescente que tinha o rosto inchado de tanto chorar. A avó abanava a cabeça e repetia sem cessar, num misto de surpresa e horror:
- O que fizeram com ela! O que fizeram com ela! É incrível!...
Não falavam senão de mulheres violentadas, de homens espancados, de vacas e cabras roubadas. O sacristão havia segurado seu burro pelo rabo, enquanto os bandoleiros o puxavam pelas orelhas.` E quem gritava mais alto era o pobre animal!
Mas muitos haviam conseguido fugir. Uns para os bosques, outros para os pântanos, a maior parte para o castelo. Havia lugar bastante para acolher o gado custosamente posto a salvo. Infelizmente, sua fuga tinha atraído na mesma direção alguns salteadores e, apesar do mosquete do Sr. de Sancé, as coisas teriam podido acabar mal se ao velho Guilherme não houvesse ocorrido logo uma idéia genial. Puxando as correntes enferrujadas da ponte levadiça, tinha conseguido levantá-la.
Como lobos cruéis mas medrosos, os bandidos tinham retrocedido diante do pobre fosso de água podre.
Deu-se então um estranho espetáculo. Viu-se o velho Guilherme junto à poterna, dizendo impropérios em seu idioma, agitar o punho para as sombras onde desapareciam vultos andrajosos. De repente, um dos fugitivos parou e se pôs a retrucar. Houve entre eles um áspero diálogo, no meio da noite avermelhada pelo incêndio, naquela língua tudesca que fazia tremer.
Ninguém soube ao certo o que Guilherme e seu compatriota disseram. O certo é que os bandidos não voltaram e ao amanhecer se haviam distanciado da aldeia. Todos consideravam Guilherme um herói, todos repousavam à sua sombra militar.
O incidente demonstrava, em todo caso, que o bando, embora parecesse composto de mendigos camponeses ou de miseráveis das cidades, também tinha soldados vindos do norte, dispersados em virtude do tratado de paz de Vestfália. Havia de tudo naqueles exércitos que os príncipes recrutavam para pôr a serviço do rei: valões, italianos, flamengos, lorenses, espanhóis, alemães, todo um mundo que os pacíficos habitantes do Poitou não podiam sequer; imaginar. Alguns chegaram a afirmar que entre os bandidos havia até um polaco, um daqueles selvagens que o Condottiere João de Werth levara em outra época para a Picardia, a fim de degolar crianças de peito. Tinham-no visto. De rosto amarelo, usava um gorro de pele e possuía, sem dúvida, grande virilidade, porque, ao terminar a jornada, todas as mulheres afirmavam ter sido suas vítimas.
Autor(a): Bela
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Reedificaram-se as casas incendiadas da aldeizinha, o que não foi grande tarefa. Barro misturado com palha e caniços formavam paredes bastante sólidas. Recolheram as messes que não foram saqueadas e a colheita foi boa, o que consolou a muitos. Só duas mocinhas, uma delas Francina, não puderam recuperar-se das violênci ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 109
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41
ops doca nao, dica!
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23
Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!
Posta maisss!