Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)
Durante a viagem de retorno, ocorreu um incidente insignificante em aparência, mas que depois haveria de ter certa importância na vida de Anahí e de seu marido.
A meio caminho de Toulouse, no segundo dia de viagem, o cavalo baio que Anahí montava começou a mancar, ferido por um calhau da pedregosa estrada. Não havia cavalo de reserva, a menos que se tirasse um dos quatro que puxavam o coche. Mas Anahí não quis rebaixar-se a montar um grosseiro animal de tiro. Subiu, pois, para o coche, onde Bernalli, mau cavaleiro, se havia instalado. Vendo-o assim derreado por pequena excursão, Anahí o admirava ainda mais ao lembrar-se das longas viagens que ele empreendia para vir contemplar um aríete hidráulico ou discutir a gravidade dos corpos. Além disso, desterrado de vários países, o italiano era pobre e viajava sem criados, em cavalgaduras de aluguel. Apesar dos solavancos da viatura, estava encantado com o que chamava "notável conforto", e quando Anahí lhe pediu, sorrindo, um pequeno espaço, retirou confuso as pernas que estendera sobre o assento.
O conde e Bernardo d`Andijos caracolearam durante algum tempo ao lado da carruagem, mas, levantando esta muita poeira e sendo o caminho estreito, tiveram de acompanhá-la a distância. Dois lacaios a cavalo precediam o coche.
O caminho tornava-se cada vez mais angusto e ziguezagueante. Ao sair de uma curva, a carruagem parou com um chiado, e os seus ocupantes viram um grupo de cavaleiros que parecia barrar-lhes a passagem.
- -Não se inquiete, signora - disse Bernalli, que havia olhado pela portinhola. - São lacaios de outro coche que vêm em sentido contrário.
- -Mas neste caminho estreito não poderemos cruzar-nos! - exclamou Anahí.
Os criados de ambas as partes insultavam-se a valer. Os do outro lado, com muita insolência, pretendiam fazer recuar o coche do Sr. de Peyrac, e, para bem mostrar que acreditavam ter direito a passar primeiro, um deles começou a distribuir chicotadas que atingiram tanto os criados de Alfonso como as bestas do carro. Estas se empinaram, a viatura oscilou e a jovem teve a impressão de que iam precipitar-se no barranco. Apavorada, soltou um grito.
Alfonso de Peyrac chegava naquele momento. Fez uma cara terrível e, aproximando-se do lacaio que empunhava o rebenque, fustigou-o com o seu em pleno rosto. Nesse instante chegou a segunda carruagem. Dela saltou um homem gordo e apoplético, afogado num papo de rendas e em fitas, e tão coberto de pó-de-arroz como de poeira. Agitou uma bengala com castão de marfim, adornada com uma roseta de cetim, e gritou:
- Ousa agredir os meus criados! Ignora acaso, estúpido cavaleiro, que está diante do presidente do Parlamento de Toulouse, Barão de Massenau, senhor de Pouillac e outros lugares?... Peço-lhe que se afaste e nos deixe passar.
O conde voltou-se e disse em tom enfático:
- -Que imenso prazer! É parente dum Sieur Massenau, escrevente de notário, do qual ouvi falar?
- -Sr. de Peyrac! - exclamou o outro, um tanto desconcertado.
Mas sua cólera, exacerbada pelo ardor do sol a pino, não se acalmou ao reconhecer Alfonso, e seu rosto tornou-se violeta.
- -Embora muito recente, conde, fique sabendo que minha nobreza é tão legítima como a sua! Poderia mostrar-lhe os recibos da câmara do rei, que certificam a minha nobilitação.
- -Creio no que diz, Messire Massenau. A sociedade ainda chora por tê-lo elevado tanto.
- -Quero que explique essa alusão. Que me reprova?
- -Não acha que o lugar é impróprio para esta discussão? - perguntou Alfonso de Peyrac, que tinha dificuldade em dominar seu cavalo, irritado pelo calor e por aquele homem gordo e vermelho gesticulando de bengala na mão. Mas o Barão de Massenau não se dava por vencido.
- -Fica-lhe muito bem falar da coisa pública, senhor conde! O senhor que nem sequer se digna comparecer às sessões do Parlamento!
- -Deixei de me interessar por um Parlamento sem autoridade. Nele só encontraria arrivistas e homens que enriqueceram de uma hora para outra não se sabe como, ansiosos por comprar seus títulos de nobreza ao Sr. Fouquet ou ao Cardeal de Mazarino. E isso, destruindo as últimas liberdades locais do Languedoc.
- -Senhor, eu represento um dos mais altos funcionários da justiça do rei. O Languedoc é há muito tempo território do Estado, unido à coroa. Não é decente falar perante mim das liberdades locais.
- -Não é decente, pelo próprio termo liberdade, pronunciá-lo perante o senhor. É incapaz de compreender-lhe o sentido. Só presta para viver dos subsídios do rei. Isso é o que chama servi-lo.
- -É um modo como outro qualquer, enquanto o senhor...
- -Eu nada lhe peço, mas envio-lhe sem nenhum atraso os impostos de minha gente, e os pago em bom ouro puro, saído de minhas terras ou ganho no comércio. Sabia, Sr. Massenau, que do milhão de libras que o Languedoc manda eu contribuo com a quarta parte? Aviso aos quatro mil e quinhentos nobres e onze mil burgueses da província.
O presidente do Parlamento só tinha retido uma coisa.
- -Ganho no comércio! - exclamou escandalizado. - Então é verdade que comercia?
- -Comercio e produzo. E muito me orgulho disso, pois não sinto prazer em estender a mão ao rei.
- -Ah, Sr. de Peyrac, o senhor é muito desdenhoso! Mas lembre-se disto: a burguesia e os novos nobres é que representam o futuro e a pujança do reino.
- -O que muito me encantará - ironizou o conde, recuperando seu tom escarninho. - Que a nova nobreza aprenda, pois, as boas maneiras da antiga e tenha a cortesia de arredar-se para deixar passar este coche, onde a Sra. de Peyrac se impacienta.
Mas o novo barão, obstinado, batia com os pés na poeira e no estéreo.
- -Nenhuma razão existe para que eu me aparte. Repito-lhe que minha nobreza vale tanto quanto a sua.
- -Mas eu sou mais rico que o senhor, grande fantoche - disse Peyrac aos gritos -, e, se para os burgueses o que importa é o dinheiro, afaste-se, Sr. Massenau, deixe passar a fortuna.
Lançou-se para a frente, dispersando os lacaios do magistrado. Este apenas teve tempo de se desviar para o lado, evitando a carruagem armoriada de Alfonso. O cocheiro, que só esperava um sinal de seu amo, sentia-se feliz ao triunfar sobre a lacaiada do barão.
Ao passar, Anahí entreviu a figura vermelha do Sieur Massenau, que, brandindo sua bengala enfitada, rugia:
- Farei um relatório... Farei dois relatórios... Monsenhor d`Orléans, governador do Languedoc, será avisado... e o Conselho do rei.
Autor(a): Bela
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 109
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:31
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41
ops doca nao, dica!
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23
Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!
Posta maisss!