Fanfics Brasil - Capitulo I - A infância de Anahí no castelo campestre (1645) Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: Capitulo I - A infância de Anahí no castelo campestre (1645)

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-Babá - perguntou Anahí -, para que Gil de Retz matava tantas crianças?


-Para o Demônio, filhinha. Gil de Retz, o papão de Mache-coul, queria ser o senhor mais poderoso de seu tempo. Em seu castelo havia somente retortas, frascos e panelas repletos de cal­dos vermelhos e vapores espantosos. O Diabo pedia que lhe ofe­recessem em sacrifício o coração de uma criaturinha. Assim tiveram início os crimes. E as mães aterrorizadas apontavam com o dedo o negro torreão de Machecoul, rodeado de corvos, tantos eram os cadáveres de crianças inocentes que havia em seus calabouços.


-E ele comia todas? - perguntou, com voz trêmula, Made-lon, a pequenina irmã de Anahí.


-   Não todas. Não teria podido - respondeu a ama.
Curvada sobre o caldeirão em que o toucinho e a couve ferviam lentamente, mexeu a sopa alguns instantes em silêncio.


Hortênsia, Anahí e Madelon, as três filhas do Barão de Sancé de Monteloup, de colher em punho junto a suas escudelas, espera­ram ansiosamente o prosseguimento da história.


-   Havia algo pior que comê-las - continuou por fim a ama, com voz amarga. - Primeiro fazia levar à sua presença o pobrezinho ou a pobrezinha, que, tremendo de medo, gritava por sua mãe. O senhor, deitado em seu leito, rejubilava-se com o pavor da criaturinha. Depois, mandava pendurá-la na parede, em uma espécie de forca que lhe ia apertando o peito e o pescoço, estrangulando-a, embora não o bastante para matá-la. A criança estrebuchava como um frango pendurado, seus gritos se extinguiam, os olhos esbugalhavam-se e ela se tornava azul. Na grande sala não se ouviam se não os risos dos homens cruéis e os gemidos da pequena vítima. Então, Gil de Retz mandava dependurá-la, punha-a sentada sobre os joelhos e apoiava ao peito a fronte do pobre anjinho. Falava-lhe com doçura. "Não foi nada", dizia. "Só queríamos divertir-nos, mas já terminou." Iam dar-lhe doces, teria um formoso leito com colchão de penas, uma roupa de seda como a de um pajenzinho. A criança se tranqüilizava. Um brilho de alegria cintilava em seus olhos cheios de lágrimas. Então o senhor, subitamente, enterrava-lhe a adaga no pescoço. O mais espantoso, porém, era quando raptavam moças novas.


-   Que lhes fazia? - perguntou Hortênsia.


Foi aí que interveio o velho Guilherme, que, sentado a um canto, junto ao fogão, picava um pedaço de fumo. Resmungou com sua barba amarelada:


-   Cale-se, velha louca! Até mesmo a mim, que sou um guerreiro, você me agita o coração com suas histórias fantásticas.


A rude Fantina Lozier retrucou-lhe com vivacidade:


-Histórias fantásticas!... Vê-se logo que você não nasceu no Poitou, Guilherme Lützen. Basta caminhar um pouco em direção a Nantes e logo encontrará o castelo maldito de Machecoul. Já faz dois séculos que se cometeram os crimes e, no entanto, as pessoas que passam pelas redondezas ainda se benzem. Mas você não é desta terra e nada sabe de seus antepassados.


-Belos antepassados, se todos forem como o seu Gil de Retz!


 


-Gil de Retz foi tão grande no mal que nenhuma terra além do Poitou pode orgulhar-se de ter tido um criminoso como ele. E quando morreu, julgado e condenado em Nantes, mas batendo no peito, confessando sua culpa e pedindo perdão a Deus, todas as mães cujos filhos ele havia torturado e comido puseram luto por ele.


-Isso, sim, é que é grandioso! - exclamou o velho.


-Assim somos nós, do Poitou. Grandes no mal, grandes no perdão!


Carrancuda, a ama dispôs as panelas sobre a mesa e abraçou com ardor o pequeno Dionísio.


-  É verdade - disse - que fui pouco à escola, mas sei distinguir entre uma história para espantar o sono e uma narrativa dos tempos antigos. Gil de Retz foi um homem que existiu de verdade. Sua alma talvez ainda erre por perto de Machecoul, mas seu corpo apodreceu nesta nossa terra. Por isso não se pode falar dele frivolamente, como das fadas e dos duendes que passeiam entre as grandes pedras dos campos. Também não é conveniente troçar demasiado de tais espíritos malignos...


-E dos fantasmas, minha bá, pode-se troçar? - perguntou Anahí;


-É melhor não troçar, querida. Os fantasmas não são maus, mas a maioria deles são tristes e desconfiados, e para que aumen­tar com zombarias os tormentos desses infelizes?


-Por que chora a velha senhora que aparece no castelo?


-Quem pode saber? A última vez que me encontrei com ela, há seis anos, entre a antiga sala da guarda e o grande corredor, pareceu-me que já não chorava, talvez graças às preces que o avô de vocês mandou rezar por sua alma na capela.


-Eu ouvi seus passos na torre - afirmou Nanette, a criada.


-Devia ser um rato. A velha dama de Monteloup é discreta e não quer fazer mal a ninguém. Talvez tenha sido cega, pois sem­pre estende a mão para a frente como se procurasse tatear. Ou então procura alguma coisa. Às vezes aproxima-se das crianças ador­mecidas e passa-lhes a mão no rosto.


A voz de Fantina tornava-se lúgubre.


-Quem sabe se não procura alguma criança morta?


-Boa mulher, você tem o espírito mais macabro que a vista de um ossário - voltou a protestar pai Guilherme. - E possível que seu senhor de Retz, do qual tanto se orgulha de ser conterrâ­nea, a dois séculos de distância, seja um grande homem e que a senhora de Monteloup seja muito respeitável, mas afirmo-lhe que não fica bem perturbar estas crianças, já tão assustadas que se es­quecem de comer.


-Você se faz agora sensível, grosseiro soldado, assecla do De­mônio! Quantos ventres de criaturas como essas não terá atraves­sado com sua lança quando servia o imperador da Áustria nos campos da Alemanha, da Alsácia e da Picardia? Quantas palhoças não incendiou, fechando a porta para torrar lá dentro a família toda? Nunca enforcou nenhum aldeão? Foram tantos que até se gastaram os ramos das árvores! E as mulheres e as moças, não as violou até matá-las de vergonha?


-Como todo mundo, como todo mundo, boa mulher. Essa e a vida do soldado. Isso é a guerra. Mas a vida dessas crianças que aqui vemos é feita de brincadeiras e de histórias alegres.


-- Até o dia em que passarem pelo povoado os soldados e os bandidos, como nuvens de gafanhotos. Então, a vida das crianças se converterá na vida do soldado, da guerra, da miséria e do medo...



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Autor(a): Bela

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Amargurada, a ama destampava uma grande panela de barro cheia de patê de lebre, e passava manteiga em fatias de pão que distri­buía em volta, sem esquecer o velho Guilherme.  - Esta que lhes fala... eu, Fantina Lozier... escutem-me, filhas... Hortênsia, Anahí e Madelon, que haviam aproveitado a dis­cussão para esvaziar su ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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