Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)
O sol poente dourava seus numerosos telhados cor-de-rosa, seus pináculos, suas paredes pálidas semeadas de trepadeiras, seus claustros, seus grandes pátios desertos. Soava um sino. Um monge carregado de baldes dirigia-se para o poço.
Emudecidos pela emoção religiosa, os meninos aproximaram-se do pórtico principal. A porta de madeira estava entreaberta.
Entraram. Um velho monge, vestido de batina escura, estava sentado em um banco e havia adormecido. Os cabelos brancos formavam-lhe uma pequena coroa de neve cuidadosamente arrumada sobre o crânio desnudo.
Nervosos pelas emoções diversas que acabavam de experimentar, os pequenos tunantes olharam-no e puseram-se a rir, o que atraiu um frade gordo e jovial à soleira de uma porta.
- -Ei, meninos! - gritou-lhes em patoá. - São uns malcriados!
- -Parece-me que é Frei Anselmo - cochichou Nicolau.
Frei Anselmo costumava percorrer a região com seu asno. Distribuía terços e garrafas de licor medicinal, extraído das flores da angélica, em troca de trigo e pedaços de toucinho. As pessoas estranhavam isso porque a abadia não pertencia a uma ordem mendicante, e diziam que era muito rica em conseqüência das rendas que obtinha de suas terras.
Anahí dirigiu-se para ele, acompanhada de seu fiel grupinho. Não se atreveu a confiar-lhe o seu plano inicial de seguir para as Américas. Seguramente Frei Anselmo nunca teria ouvido falar das Américas. Contou-lhe somente que eram de Monteloup e que, tendo ido ao bosque apanhar morangos e framboesas, se haviam perdido.
- Pobres franguinhos! - disse o frade, que era muito bom homem. - Vejam o que acontece aos gulosos. Suas mães os buscarão chorando e prevejo que, ao seu regresso, vão esquentar-lhes as nádegas. Mas por enquanto nada podem fazer senão sentar-se aí. Vou dar-lhes uma escudela de leite e pão de rala. Dormirão no celeiro e amanhã atrelarei a carriola para levá-los a suas casas. Estava mesmo pensando em ir pedir esmolas no lugar.
O projeto era razoável. Anahí e seus companheiros tinham andado o dia inteiro. Sabiam que, mesmo de carriola, somente chegariam a Monteloup altas horas da noite. Nenhum caminho atravessava a floresta de um lado a outro, exceto as trilhas que haviam seguido as crianças. Deveriam tomar um caminho muito mais extenso, que passava pelas comunas de Naillé e Varrout, das quais estavam muito longe.
"A floresta é como o mar", pensou Anahí. "Quem nela penetra tem de guiar-se por um relógio, como explicava Josselino; de outra maneira, caminhará às cegas."
Foi tomada de súbito desalento. Via-se reiniciando mal a viagem, conduzindo um relógio tão pesado como o que tinha visto em casa de Molines. Além disso, seus "homens" não estavam a ponto de abandoná-la? A menina ficou silenciosa, enquanto os demais comiam sentados junto à parede, na mornidão do crepúsculo que enchia os grandes pátios.
O sino continuava a soar. As andorinhas lançavam seus pios agudos no céu cor-de-rosa, e as galinhas cacarejavam sobre montões de palha e estéreo.
Frei Anselmo passou encapuzado.
- Vou para as completas - disse. - Portem-se bem, se não querem que os cozinhe na panela.
Viam-se perfis escuros que passavam entre as arcadas do claustro. Perto do pórtico, o velho frade continuava dormindo. Sem dúvida, estava dispensado de assistir aos ofícios...
Anahí precisava refletir, e distanciou-se sozinha.
Em um dos pátios viu belíssimo coche brasonado, que descansava sobre seus varais. Uns cavalos de raça comiam seu feno na estrebaria. Este detalhe a intrigou sem que ela soubesse bem por quê. Caminhava devagarzinho, em silêncio, enfeitiçada pelo encanto daquela grande morada no meio das árvores. Quando a noite enchesse a mata e os lobos vagassem nela, a abadia, protegida pelas grossas paredes, continuaria sua vida fechada, cujos segredos a menina não podia imaginar. Ao longe se elevavam os cânticos da igreja, lentos e doces. Anahí, orientada pela música, começou a subir uma escada de pedra. Nunca tinha ouvido harmonia tão suave, pois na igreja de Monteloup os cânticos berrados pelo cura e pelo mestre-escola em nada faziam lembrar os das falanges celestiais.
Subitamente ouviu um rumor de saias e, ao voltar-se, viu caminhar na penumbra do claustro uma formosa dama ricamente vestida. Isso foi, pelo menos, o que lhe pareceu. Anahí nunca vira sua mãe nem suas tias em traje de veludo negro com flores cinzentas incrustadas. Como poderia suspeitar que era um vestido de extraordinária simplicidade, reservado para o retiro piedoso na tranqüilidade de um mosteiro? Sobre os cabelos castanhos a criatura trazia uma mantilha de renda negra e na mão um grosso missal. Passou perto de Anahí e lançou-lhe um olhar de surpresa.
- Que faz aqui, menina? Não é hora de pedir esmola.
Anahí recuou, procurando assumir o ar pateta de uma camponesa assustada.
Na sombra daquelas abóbadas, o busto da dama lhe parecia extremamente branco e avantajado. Apenas uma fina renda cobria aquelas magníficas rotundidades que o plastrão bordado apresentava, como uma cornucópia oferece seus frutos.
"Eu gostaria de ser assim, quando crescer", pensou Anahí, que voltou a descer a escada em caracol.
Afagava seu busto ainda pouco desenvolvido e sentia certa inquietação. O ruído de umas sandálias que subiam a escada fê-la ocultar-se nervosamente atrás de um pilar. O burel de um monge roçou-a ao passar. Não conseguiu ver mais que um belo rosto, cuidadosamente barbeado, e uns olhos azuis, brilhantes de inteligência na sombra do capuz. Ele desapareceu. Depois se elevou sua voz varonil e suave.
- -Só agora me preveniram de sua visita, senhora. Estava na biblioteca do mosteiro, inclinado sobre uns códices que tratam de filosofias gregas. Mas a sala está muito distante e meus frades não são muito lestos, principalmente em época de calor. Apesar de ser o abade, não me avisaram da sua chegada até a hora das completas.
- -Não se desculpe, padre. Conheço o mosteiro, e me acomodei. Ah! Que bom ar se respira aqui! Cheguei ontem a minhas terras de Richeville, e estava impaciente por vir a Nieul. A atmosfera da corte, desde que se transferiu para Saint-Germain, é insuportável. Tudo está revolto, triste e pobre. A verdade é que não consigo viver senão em Paris... ou em Nieul. Além disso, o Sr. de Mazarino não gosta de mim. Dir-lhe-ei até que esse cardeal...
O resto da conversa se perdeu. Os dois interlocutores se afastavam.
Autor(a): Bela
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Anahí encontrou seus companheiros na grande cozinha da abadia, onde Frei Anselmo, metido em um avental branco, azafamava-se ajudado por dois ou três adolescentes vestidos com hábitos excessivamente grandes para eles. Eram os noviços da abadia. -Ceia delicada esta noite - dizia o irmão cozinheiro. - A Condessa de Richeville encontra-se ent ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 109
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:31
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41
ops doca nao, dica!
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23
Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!
Posta maisss!