Fanfics Brasil - CAPITULO VIII - O claustro dos monges dissolutos — Singular conclusão do negócio dos Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CAPITULO VIII - O claustro dos monges dissolutos — Singular conclusão do negócio dos

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Anahí encontrou seus companheiros na grande cozinha da abadia, onde Frei Anselmo, metido em um avental branco, azafamava-se ajudado por dois ou três adolescentes vestidos com hábitos excessivamente grandes para eles. Eram os noviços da abadia.



  • -Ceia delicada esta noite - dizia o irmão cozinheiro. - A Condessa de Richeville encontra-se entre nós. Tenho ordem de descer à adega e escolher os melhores vinhos, assar seis capões e arranjar-me como puder para apresentar um prato de pescado. Tudo bem temperado - acrescentou, lançando um olhar malicioso a um de seus confrades, que, sentado junto a um extremo da mesa de ma­deira, bebia um copo de licor.

  • -As criadas da visitante são graciosas - respondeu o outro, homem gordo e vermelho, cujo ventre quase fazia rebentar um cordão cheio de nós, do qual pendia um terço. - Ajudei três des­sas encantadoras moças a levar o leito para a cela reservada para sua patroa, bem como as malas e o guarda-roupa.

  • - Ah, ah, ah! - exclamou Frei Anselmo. - Gostaria de tê-lo visto, Frei Tomás, carregando mala e guarda-roupa! Você, que nem ao menos tem força para carregar a pança.


-   Ajudei-as com meus conselhos - disse gravemente Frei Tomás.


Seus olhos avermelhados percorriam o aposento, onde brilhava e crepitava o lume sob assadores e enormes panelas.



  • -Que nuvem é essa de vilõezinhos que acolheu em seus domí­nios, Frei Anselmo?

  • -São crianças de Monteloup que se extraviaram na mata.

  • -Por que não os prepara com escabeche? - disse Frei Tomás, revirando os olhos de maneira terrível.


Dois dos meninos puseram-se a chorar assustados.


-   Vamos, vamos! - disse Frei Anselmo, abrindo uma porta. - Sigam por este corredor. Encontrarão um celeiro, deitem-se ali e durmam. Não tenho tempo para cuidar de vocês esta noite. Felizmente, um pescador me trouxe um belo lúcio; do contrário, o  nosso abade seria capaz de dar-me como penitência três horas com os braços em cruz. E já estou ficando velho para esses exer­cícios...


Quando se certificou de que seus pequenos companheiros esta­vam dormindo, Anahí, deitada no cheiroso feno, sentiu que os olhos se lhe enchiam de lágrimas.



  • -Nicolau - cochichou ela -, creio que nunca poderemos che­gar às Américas. Pensei muito nisso. Necessitaríamos de um relógio.

  • -Não se inquiete - respondeu o adolescente, bocejando. - Desta vez saímo-nos mal. Mas divertimo-nos bastante.

  • -Naturalmente - disse Anahí, furiosa -, você é como um esquilo. Incapaz de realizar grandes projetos. Além disso, não se importa que voltemos em situação lastimável a Monteloup. Seu pai não lhe dará uma sova, porque está morto, mas os outros, que tunda!

  • -Não se preocupe com eles - retrucou Nicolau meio ador­mecido -, têm o lombo duro.


Três segundos depois, roncava ruidosamente.


Anahí supunha que tantas preocupações a impedissem de con­ciliar o sono, mas pouco a pouco a voz distante de Frei Anselmo, que azoinava seus noviços, foi sumindo e a menina adormeceu.


Com o calor excessivo, despertou. As crianças continuavam dor­mindo, e suas respirações cadenciadas enchiam o celeiro.


"Vou respirar lá fora", disse consigo mesma.


Procurou, tateando, a porta do pequeno corredor que conduzia à cozinha. Quando conseguiu abri-la, chegou até ela um rumor de vozes estridentes e de gargalhadas camponesas. Nos domínios de Frei Anselmo parecia haver numerosa assembléia.


Anahí chegou até a soleira.


Viu uma dezena de monges sentados em torno da grande mesa coberta de pratos e jarros de estanho. Carcaças de aves entulha­vam os pratos. Um cheiro de vinho e de fritura misturava-se com o odor mais delicado de uma garrafa de licor aberta, do qual cada um dos comensais tinha um copo diante de si. Três mulheres, cam­ponesas louças disfarçadas em aias, tomavam parte na festa. Duas delas riam muito e pareciam completamente embriagadas. A ter­ceira, mais modesta, resistia a Frei Tomás, que procurava atraí-la.


-   Vamos, vamos, querida - dizia o gordo monge -, não seja mais pudica que a sua augusta patroa. A esta hora, pode ter certeza de que ela não mais se ocupa de filosofia grega com o nosso abade. Você será a única a não se divertir esta noite, na abadia.


A criada lançou em volta de si olhares constrangidos e decep­cionados. Sem dúvida ela era menos arisca do que desejava pare­cer, mas a face rubicunda de Frei Tomás não a seduzia.


Um dos outros monges pareceu compreender isso, pois ergueu-se de súbito e enlaçou-lhe a cintura num gesto carinhoso.


-   Por São Bernardo, padroeiro do nosso claustro - exclamou ele -, esta moça é muito fina para você, grande porco! Que está pensando? - interrogou, levantando com um dedo o queixo da recalcitrante. - Será que não tenho belos olhos, embora me faltem belos cabelos? Pois digo-lhe que fui soldado e sei divertir as garotas.


Ele tinha, efetivamente, olhos negros e vivos, e um ar astuto. A criada não pôde deixar de sorrir. Seguiu-se uma curta rixa, provocada por Frei Tomás, aborrecido por ter sido desprezado. Uma vasilha de estanho foi derrubada e as mulheres protestaram. Subitamente, alguém gritou:


-   Olhem! Ali!... Um anjo!...


Todos se voltaram para a porta, onde se encontrava Anahí. Não recuou porque não era medrosa. Tinha assistido a muitas festas camponesas e não se assustava com as algazarras provocadas ne­cessariamente pelas libações abundantes. Mas algo se rebelava dentro dela. Parecia-lhe que aquele espetáculo não condizia com a visão que havia tido ante os olhos, do alto da floresta, quando lhe surgiu a abadia, na luz dourada do entardecer, como asilo e refúgio de paz.



  • -E uma garota que se perdeu no bosque - explicou Frei Anselmo.

  • -A única de um bando de meninos - explicou Frei Tomás. _- É uma esperança. Quem sabe não gostará da brincadeira? To­me, venha beber isto! - disse, oferecendo a Anahí um copo de licor. - É bom, é doce. Nós mesmos o fabricamos com a angé­lica dos pântanos: Angélica sylvestris.


Anahí obedeceu, menos por gulodice do que por curiosida­de, e provou aquela bebida que tanto tinha ouvido elogiar e que trazia seu nome. Era de um verde dourado e pareceu-lhe forte, mas deliciosa. Depois de tomá-la, um calor agradável espraiou-se-lhe pelo corpo.


-   Bravo! - exclamou Frei Tomás. - Mostrou, pelo menos, que sabe beber.


Fê-la sentar-se em seus joelhos. Seu hálito avinhado, o odor que se desprendia de seu burel desagradaram a Anahí, mas ela esta­va entontecida pelo álcool que acabara de ingerir. A mão de Frei Tomás dava palmadinhas nos joelhos da menina, com um gesto que pretendia ser paternal.



  • -Ela é tão delicada, esta pequena! Da porta se fez ouvir uma voz:

  • -Irmão, deixe em paz essa criança!


Um monge encapuzado, com as mãos ocultas nas largas mangas do hábito, estava de pé na soleira, como um espectro.



  • -Aí vem o desmancha-prazeres - grunhiu Frei Tomás. - Nin­guém lhe pede que se junte a nós, Frei João, se a boa mesa não o tenta. Mas ao menos deixe que os outros se divirtam tranqüila­mente. Ainda não se tornou nosso prior.

  • -Não se trata disso - replicou o recém-vindo, com voz alte­rada. - Não faço senão aconselhar-lhe a que deixeis essa menina. É a filha do Barão de Sancé, e não ficaria bem que houvesse de queixar-se dos seus costumes, em vez de agradecer a sua hospita­lidade.


Houve um silêncio feito de assombro e constrangimento.


-   Venha, minha filha - disse o monge com voz firme.


Anahí seguiu-o maquinalmente. Atravessaram o pátio. Erguen­do os olhos, a menina viu o céu estrelado, de uma pureza indes­critível, sobre o convento.


-   Entre aí - disse Frei João, abrindo uma porta de madeira compostigo. - É a minha cela. Pode descansar em paz até o amanhecer.


Era um quarto muito pequeno, de paredes nuas, nas quais não se viam outros ornamentos além de um crucifixo de madeira e uma imagem da Virgem. Em um canto existia um catre, simples tábua coberta de lençóis grosseiros e um cobertor. Um genufle-xório de madeira, com a prateleira cheia de livros de orações, es­tava colocado por baixo do crucifixo. Reinava ali agradável frescor, que no inverno devia transformar-se em frio atroz. A janela, re­donda, fechava-se por uma só folha de madeira. Aberta, essa noi­te, os eflúvios da floresta, os odores de musgo e de cogumelos penetravam na cela. À esquerda, um degrau dava acesso a um reti­ro em que brilhava uma lamparina. Uma estante coberta de pergaminhos e pequenos copos ocupava-o quase completamente.


O monge aponton a enxerga:


-   Deite-se aí e durma sem temor, minha filha. Eu continuarei meu trabalho.


Entrou no pequeno quarto, sentou-se em um tamborete e inclinou-se sobre os pergaminhos.



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Autor(a): Bela

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Sentada na beira do desconfortável leito, a menina não sentia nenhum desejo de dormir. Jamais havia imaginado lugares tão estranhos. Pôs-se de pé e foi olhar pela janela. Divisou lá embaixo uma fila de hortas muito reduzidas, separadas umas das outras por altos muros. Cada monge tinha a sua, aonde ia diariamente culti­var algumas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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