Fanfics Brasil - CAPITULO VIII - O claustro dos monges dissolutos — Singular conclusão do negócio dos Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CAPITULO VIII - O claustro dos monges dissolutos — Singular conclusão do negócio dos

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Sentada na beira do desconfortável leito, a menina não sentia nenhum desejo de dormir. Jamais havia imaginado lugares tão estranhos. Pôs-se de pé e foi olhar pela janela. Divisou lá embaixo uma fila de hortas muito reduzidas, separadas umas das outras por altos muros. Cada monge tinha a sua, aonde ia diariamente culti­var algumas hortaliças e cavar sua sepultura.


Com passo cauteloso aproximou-se do cubículo em que traba­lhava Frei João. A lamparina alumiava um perfil de homem jo­vem, semi-oculto em seu capuz. Com mão esmerada copiava uma iluminura antiga. Seus pincéis, molhados no vermelho, no ouro e no azul distribuídos pelos copinhos, reproduziam habilmente as flores e monstros com que a arte da Idade Média se havia comprazido em ilustrar os missais.


Percebendo a presença da menina, o monge levantou a cabeça e sorriu.



  • -Não está dormindo?

  • -Não.

  • -Como se chama?

  • -Anahí.


Uma súbita emoção alterou o rosto macerado pelas privações e pelo ascetismo.



  • - Anahí! Filha dos anjos! - murmurou.


__ Alegro-me muito de que tenha chegado, meu padre. Não gos­tei daquele frade gordo.


__ De repente - disse Frei João, cujos olhos brilharam de mo­do estranho -, ouvi uma voz dentro de mim: "Levante-se, deixe seu agradável trabalho. Vele por minhas ovelhas perdidas..." Saí da cela, movido por misterioso impulso. Minha filha, por que não está prudentemente sob o teto de seus pais, como deve fazê-lo uma menina de sua idade e sua condição?


_ Não sei - murmurou Anahí, baixando a cabeça, confusa.


O monge tinha largado os pincéis. Levantou-se e, ocultando as mãos nas largas mangas, aproximou-se da janela e olhou demoradamente para o céu estrelado.


-   Veja - disse a meia voz -, a noite ainda reina sobre a terra. Os aldeões estão dormindo em seus casebres e os nobres em seus castelos. Eles esquecem suas penas durante o sono. Mas a abadia não dorme nunca... Existem lugares em que sopra o espírito. Aqui mesmo, numa luta que não tem fim, sopram o espírito de Deus e o espírito do Mal... Abandonei o mundo muito jovem e vim enterrar-me entre estas paredes para servir a Deus na oração e no jejum. Aqui encontrei, mesclados com a mais alta cultura, com a mais pura mística, costumes infames, corruptos. Soldados desertores ou inválidos, aldeões preguiçosos buscam no claustro, sob o hábito monacal, uma vida negligente e segura, e introduzem nela seus costumes depravados. A abadia é como um grande navio sacudido pelas tempestades e que range por todos os lados. Mas não soçobrará enquanto houver entre seus muros almas devotas.
Somos, alguns, homens resolvidos a, custe o que custar, levar aqui a vida de penitência e santificação a que nos havíamos destinado.
Ah! Não é coisa fácil! Que não inventa o Demônio para desencaminhar-nos? Quem não viveu nos claustros nunca se deparou com a face de Satanás. Muito desejaria reinar como dono na casa de Deus!... E, como se julgasse insuficientes as tentações do desespero ou as que nos envia pelas mulheres que têm direito de entrar em nosso recinto, vem ele próprio, à noite, bate às nos­sas portas, desperta-nos, golpeia-nos sem piedade...


Levantou a manga e mostrou o braço cheio de equimoses.


-   Veja - disse queixosamente - o que Satanás fez comigo.
Anahí escutava-o com crescente terror.  


"Está louco", pensava.


Mas ainda lhe causava mais horror pensar que poderia não es­tar. Pressentia a verdade de suas palavras, e o medo lhe punha em pé os cabelos. Quando terminaria aquela noite angustiosa?


O monge tinha caído de joelhos sobre o solo duro e frio.


-   Senhor - dizia -, venha em meu socorro! Compadeça-se da minha fraqueza! Que se afaste o Maldito!


Anahí, sentada na beira da enxerga, tinha a boca seca e sentia um pavor que não conseguia definir. Ácudiu-lhe à mente a expres­são "noite maléfica", com que a babá Fantina enfeitava suas his­tórias. Havia em torno dela algo insuportável e indefinível, que a sufocava e afligia.


Afinal o som agudo e fraco de um sino elevou-se na noite, rom­pendo o profundo silêncio do mosteiro.


Frei João ergueu-se. Anahí viu que o suor lhe molhava as têm­poras, como se acabasse de travar um combate físico esgotante.



  • -Tocam as matinas - disse. - Ainda não amanheceu, mas te­nho de ir à capela com meus irmãos. Fique aqui, se o desejar. Virei buscá-la quando o sol nascer.

  • -Não, tenho medo - protestou Anahí, que teve ímpeto de se agarrar à batina de seu protetor. - Não posso ir com o senhor à igreja? Eu também rezarei.


-   Se assim o quer, minha filha...
Acrescentou com um sorriso triste:


-   Antigamente, ninguém teria pensado em levar uma menina às matinas, mas agora cruzamo-nos em nossos claustros com ros­tos tão estranhos que já nada nos surpreende. Por isso a conduzi a minha cela, onde está mais segura que num celeiro.


E gravemente:


-   Quando sair deste recinto, posso pedir-lhe que não conte o que nele viu?


-   Prometo-lhe - disse ela, erguendo para ele seus olhos puros.
Saíram para o corredor, de cujas velhas paredes parecia brotar um vapor úmido ao aproximar-se a alvorada.



  • -Por que existe um postigo em sua porta? - interrogou An­ahí.

  • -Noutro tempo éramos uma ordem de solitários. Os padres nunca saíam de suas celas a não ser para ir aos ofícios, e mesmo isso era proibido durante a quaresma. Os irmãos leigos deixavam a comida no postigo. Agora, menina, cale-se e seja o mais discreta possível. Agradecer-lhe-ei.


Silhuetas encapuzadas passavam perto deles, num rumor de ter­ços e preces murmuradas.


Anahí encolheu-se num canto da capela e esforçou-se por orar, mas os cânticos monótonos e o cheiro dos círios acesos fizeram-na dormir.


Quando despertou, a capela estava deserta, mas os círios, recém-apagados, fumegavam sob as abóbadas sombrias.


Deixou o templo quando despontava o sol. Sob sua luz purpúrea, os telhados tinham cor de aleli. As pombas arrulhavam na horta, perto de um velho santo de pedra. Anahí espreguiçou-se demoradamente e bocejou. Perguntava a si mesma se não teria sonhado.



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Autor(a): Bela

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Frei Anselmo, cordial mas pachorrento, só atrelou a carriola após a refeição do meio-dia. -   Não se impacientem, meninos - dizia alegremente. - As­sim lhes retardo a hora da sova. Chegaremos de noite à sua aldeia e seus pais estarão com sono... "A não ser que andem pelos campos em busca de seus pimpolho ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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