Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)
Frei Anselmo, cordial mas pachorrento, só atrelou a carriola após a refeição do meio-dia.
- Não se impacientem, meninos - dizia alegremente. - Assim lhes retardo a hora da sova. Chegaremos de noite à sua aldeia e seus pais estarão com sono...
"A não ser que andem pelos campos em busca de seus pimpolhos", pensava Anahí desanimada. Parecia-lhe que em algumas horas havia envelhecido.
"Não voltarei a fazer asneiras", dizia a si mesma, com resolução mesclada de melancolia.
Frei Anselmo, em sinal de respeito à sua linhagem, fê-la sentar-se junto de si na boléia, enquanto os demais se amontoavam no interior do veículo.
- Arre, arre, doce mula! - cantarolava o monge, sacudindo as rédeas.
Mas a besta não se apressava. Já caía a tarde e ainda se encontravam na estrada romana.
- Vou seguir por um atalho - disse o frade. - O pior é ter de passar por Vaunou e Chaillé, que são aldeias protestantes. Queira Deus que já tenha anoitecido e que esses hereges não nos vejam. Meu burel não é muito estimado por lá.
Apeou-se para puxar a mula num aclive. Anahí, que sentia desejos de esticar as pernas, pôs-se a caminhar a seu lado. Olhava com assombro em redor, pois jamais havia ido para aquelas bandas, que, todavia, não estavam nem a uma légua de Monteloup. O caminho flanqueava um montão de fragmentos de rocha que parecia uma pedreira abandonada.
Examinando o lugar com mais atenção, viu surgirem, com efeito, algumas ruínas. Seus pés desnudos escorregavam sobre escórias enegrecidas.
- -Diacho de pedra-pomes! - disse, abaixando-se para apanhar uma pedra grande e pesada que lhe ferira o pé.
- -É uma velhíssima mina de chumbo dos romanos - explicou o frade. - Figura em nossos antigos escritos sob o nome de argentum, porque, ao que parece, tiravam dela também prata. Procuraram reiniciar a exploração no século XIII, e os fornos abandonados são quase todos dessa época mais recente.
A menina escutava-o com interesse.
- E o mineral de onde se extraía o chumbo é, sem dúvida, essalava solidificada, negra e pesada?
Frei Anselmo assumiu um ar doutorai.
- Engana-se! O mineral é o terreno amarelo, em grandes blocos. Dizem que dele também se tira arsênico. Não apanhe isso! Em compensação, pode tocar nesses cubos brilhantes cor de prata, mas frágeis, que vou ver se acho.
O frade procurou alguns instantes, e depois chamou Anahí para mostrar-lhe, em cima de um rochedo, uma espécie de baixos-relevos de rocha negra e de forma geométrica. Raspou alguns deles, e apareceu uma superfície brilhante cor de prata.
- -Mas isso é prata maciça! - observou Anahí com senso prático. - Por que ninguém a apanha? Deve valer muito, e com ela poder-se-iam pagar pelo menos os impostos...
- -Não é tão simples, nobre senhorita. Em primeiro lugar, nem tudo que brilha é prata, e o que está vendo é, na realidade, outro mineral de chumbo. Contém prata, é verdade, mas a extração é muito complicada. Somente os espanhóis e os saxões conhecem o processo. Parece que fazem misturas com carvão e resina e, em seguida, as fundem numa forja a fogo violento. Obtém-se, então, um lingote de chumbo. Antigamente utilizava-se derretido para lançá-lo sobre os inimigos pelos balestreiros de seu castelo. Mas extrair a prata do mineral é coisa de sábios alquimistas, e a tanto não vão os meus conhecimentos.
- -O senhor falou, Frei Anselmo, de nosso castelo. Por que "nosso castelo"?
- -Céus! Pela simples razão de que este sítio abandonado faz parte de suas terras, embora delas esteja separado pelas terras do Plessis.
- Meu pai nunca me falou disso.
_ Este terreno é pequeno e muito estreito e nele não dá resultado nenhuma plantação. Que quer que faça com ele seu pai? __ E esse chumbo e essa prata?...-Sem dúvida esgotaram-se. Além do mais, tudo o que eu lhe disse me foi contado por um frade saxão. Tinha a mania das pedras e dos velhos livros de magia. Creio que era meio doido...
A mula, puxando a carriola, seguia sozinha seu caminho e tinha chegado ao alto da ladeira. Anahí e Frei Anselmo a alcançaram, e retomaram seus lugares. Em breve a escuridão se tornou bastante densa.
- Não acendo a lanterna - disse o frade - para não chamar atenção. Quando passo por estas aldeias, acredite-me, gostaria mais de ir inteiramente nu do que de levar este capelo às costas e o terço na cintura. Olhe... não são fachos aquelas luzes lá longe? - perguntou subitamente, puxando as rédeas.
Via-se, com efeito, a certa distância, moverem-se muitos pontos luminosos, que aos poucos se multiplicavam. O vento da noite trazia o som de um canto estranho e triste.
- Que a Virgem nos proteja! - exclamou Frei Anselmo descendo da carriola. - São os huguenotes de Vauloup que vão enterrar seus mortos. O cortejo vem por ali. É melhor voltarmos.
Segurou o freio da mula e procurou fazê-la dar volta no caminho estreito. Mas o animal recusou-se a obedecer. O monge enfurecia-se, praguejava. Já não a chamava "doce mula", mas "besta maldita". Anahí e Nicolau juntaram-se a ele para procurar convencer o animal. O préstito se aproximava. O cântico soava cada vez mais alto: "O Senhor é nosso amparo em nossas tribulações..."
- Ai de mim! - gemia o frade.
Os primeiros portadores de archotes surgiram na curva do caminho. A súbita claridade iluminou a carriola, meio atravessada nele.
- -Que é aquilo?
- -E um súdito do Diabo, um monge...
- -E corta-nos o caminho.
- -Não basta que sejamos obrigados a enterrar os nossos mortos de noite, como se fossem cães?...
- -Quer profaná-los ainda com sua presença.
- -Bandido! Libertino! Papista do inferno! Porco!
As primeiras pedras atingiram as tábuas da carriola. Os meninos começaram a chorar.
Anahí precipitou-se com os braços estendidos.
- Detenham-se, detenham-se! São crianças!
Sua aparição, com os cabelos em desalinho, desencadeou as paixões.
- -Uma transviada, naturalmente! Uma de suas concubinas!
- -E, na carriola, seus bastardos aspergidos de água benta...
- -Também foram concebidos sem pecado!
- -E por obra do Espírito Santo!
- -Vão roubar nossos filhos para os imolar diante de seus ídolos!
- -Morte aos bastardos do Demônio!
- -Protejamos os nossos filhos!
Rudes camponeses, vestidos de negro, cercavam a carriola. Os da procissão, que não sabiam de que se tratava, continuavam cantando: "O Senhor é nosso amparo... O Eterno é nossa fortaleza!" Acorria gente de todos os lados.
Autor(a): Bela
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Fustigado, moído de pancadas, Frei Anselmo, com agilidade que ninguém teria esperado de corpo tão avantajado, conseguiu romper o cerco e fugir através do campo. Nicolau, também esbordoado a pau, procurava, mesmo assim, fazer que a mula retornasse. Mãos como garras caíam sobre Anahí. Retorcendo-se como uma cobra, es ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 109
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:31
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19
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luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41
ops doca nao, dica!
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carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23
doca: coloca quem está falando na frente das falas.
ex.
anahi: ----------
ok?
fica mais fácil de entender quem está falando cada fala! -
unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23
Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!
Posta maisss!