Fanfics Brasil - CASAMENTO EM TOULOUSE (1656-1660) - CAPITULO XI - Um conde toiosano pede a mão de Anahí Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CASAMENTO EM TOULOUSE (1656-1660) - CAPITULO XI - Um conde toiosano pede a mão de Anahí

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Depois do almoço, o intendente Molines fez entrar Anahí no escritório onde alguns anos antes havia recebido o seu pai. Ali ti­vera origem o negócio dos muares e a jovem recordou prontamente a ambígua resposta que o administrador havia dado à sua pergun­ta de menina prática:



  • -"E a mim, que me darão?"

  • -"Dar-lhe-ei um marido."


Pensaria já numa aliança com aquele estranho Conde de Toulouse? Não era impossível, pois Molines era um homem de larga visão, um espírito penetrante que concebia mil projetos. Na reali­dade, o intendente do vizinho castelo não lhe era antipático. Sua atitude um tanto matreira era inerente à sua qualidade de subal­terno. Um subalterno que tinha consciência de ser mais inteligen­te que seus patrões.


Para a família do pobre castelão vizinho sua intervenção tinha sido uma verdadeira providência, mas Anahí sabia que só o in­teresse pessoal do intendente estava na origem de suas liberalidades e de sua ajuda. Isso lhe agradava, livrando-a do escrúpulo de se considerar agradecida e lhe dever uma gratidão humilhante. Admirava-se, no entanto, da real simpatia que lhe inspirava aque­le huguenote plebeu e calculista.


"É porque está empenhado em criar algo novo e talvez sólido pensou prontamente.


Mas, por outro lado, não achava graça em estar envolvida nos planos do administrador, como se fosse uma burrica ou um lingote de chumbo.


-   Sr. Molines - disse claramente -, meu pai me falou com insistência de um matrimônio que o senhor teria planejado para mim com, um certo Conde de Peyrac. Dada a influência muito grande que o senhor adquiriu sobre meu pai nestes últimos anos, não posso duvidar de que dê muita importância, também o senhor, a esse casamento, isto é, que sou chamada a desempenhar um pa­pel em suas combinações comerciais. Desejaria saber qual é. Um frio sorriso dilatou os lábios finos de seu interlocutor.


-   Dou graças ao céu por tornar a vê-la tal como prometia ser quando em toda a região a chamavam de pequena fada dos pântanos. Com efeito, prometi ao Conde de Peyrac uma mulher bela e inteligente.


_ Comprometeu-se demasiado. Eu poderia ter-me tornado feia e idiota, o que o teria deixado mal em seu ofício de casamenteiro.


_ Nunca me comprometo baseado em simples presunção. Co­nhecidos meus de Poitiers me falaram várias vezes de você, e eu próprio a vi no ano passado numa procissão.


-   De modo que me tinha sob vigilância - exclamou Anahí, furiosa -, como um melão que está amadurecendo sob sua redoma!


A imagem pareceu-lhe tão cômica que ela se pôs a rir e passou-lhe a raiva. No fundo queria ter um argumento a que se aferrasse, antes de se deixar apanhar na armadilha como um passarinho inocente.


-   Se eu quisesse falar a linguagem de seu mundo - disse Molines gravemente -, poderia entrincheirar-me por trás de conside­rações tradicionais: uma donzela, tão jovem ainda, não precisa saber por que seus pais escolhem para ela este ou aquele marido. Os negócios de chumbo e prata, as transações comerciais, não são da competência das mulheres, e principalmente das damas nobres... Muito menos os assuntos de criação de gado. Mas creio conhecê-la, Anahí, e não lhe falarei assim.


Ela não se ofendeu com o tom familiar.



  • -Por que pensa que pode falar-me diferentemente do modo como fala a meu pai?

  • -E difícil explicar, senhorita. Não sou filósofo e meus estu­dos consistiram, sobretudo em experiências de trabalho. Perdoe-me o ser demasiado franco. Mas dir-lhe-ei uma coisa: as pessoas no seu mundo nunca poderão compreender o que me anima: é o trabalho. Os camponeses trabalham mais ainda, parece-me.

  • -Labutam, o que não é a mesma coisa. São estúpidos, ignorantes e inconscientes de seu próprio interesse, tanto quanto as pessoas da nobreza, que não produzem nada. Estas últimas são seres inúteis, exceto para conduzir guerras destruidoras. Seu pai começa a fazer algo, mas, permita que lhe diga, jamais compreenderá o trabalho.

  • -Acredita que não conseguirá nada? - disse, assustada, a jo­vem. - Eu acreditava, entretanto, que seu negócio ia para frente, e a prova está em que o senhor se interessa por ele.

  • -A prova seria principalmente produzirmos vários milhares de animais por ano e, mais ainda, que isso nos desse uma renda considerável e crescente. Esse é o verdadeiro sinal de que um negó­cio progride.

  • -Está bem; e não é a isso que chegaremos algum dia?

  • -Não, porque uma criação de gado, embora seja importante e tenha reservas de dinheiro para os momentos difíceis, de enfer­midades ou guerras, continua sendo sempre uma criação de gado. É, como o cultivo da terra, uma coisa muito demorada e de pou­co lucro. Aliás, nunca as terras nem os animais enriqueceram ver­dadeiramente os homens. Recorde o exemplo dos imensos rebanhos dos pastores da Bíblia, cuja vida era, contudo, tão frugal.

  • -Se está convencido disso, não compreendo, Sr. Molines, que o senhor, tão prudente, tenha-se dedicado a tal negócio, demora­do e pouco lucrativo.

  • -É aí, senhorita, que seu pai e eu vamos necessitar de você.

  • -No entanto, não posso ajudá-los a fazer as jumentas parirem mais depressa.

  • -Pode ajudar-nos a dobrar o lucro.

  • -Não vejo absolutamente de que maneira.

  • -Compreenderá facilmente a minha idéia. O que importa em um negócio lucrativo é prosperar depressa, mas, como não podemos mu­dar as leis de Deus, vemo-nos forçados a explorar a fraqueza dos ho­mens. Assim, pois, os muares representam a fachada do negócio. Cobrem as despesas correntes e nos põem em bons termos com a Intendência Militar, à qual vendemos couros e animais. Permitem, sobretudo, circular livremente, com isenções de direitos aduaneiros e peagens, e lançar pelos caminhos recuas pesadamente carregadas. Deste modo expedimos, com uma tropa de muares, chumbo e pra­ta para a Inglaterra. Na volta, os animais nos trazem sacos de escó­rias negras, que batizamos com o nome de "fundentes", produtos necessários para os trabalhos da mina e que são, na realidade, ouro e prata, que vêm da Espanha em guerra, passando por Londres.

  • -Não posso compreendê-lo, Molines. Por que enviam prata a Londres para trazê-la de volta depois?

  • -Trago-a de volta em quantidade dobrada ou triplicada. Quanto ouro, o Conde Alfonso de Peyrac possui no Languedoc uma jazida aurífera. Quando tiver a mina de Argentière, as operações de câmbio que eu fizer para ele com esses dois metais preciosos não poderão parecer suspeitas de maneira alguma, pois tanto o ouro como a prata procederão oficialmente das duas minas de sua propriedade. É aí que reside o nosso verdadeiro negócio. Porque, compreenda-me, o ouro e a prata que se podem explorar na Fran­ca representam, repito, muito pouca coisa; em compensação, sem enganar o fisco, nem a alfândega, fazemos entrar grande quanti­dade de ouro e prata espanhóis. Os lingotes que ofereço aos cam­bistas não falam. Não podem confessar que, em vez de provirem de Argentière ou do Languedoc, chegam dá Espanha via Londres. Assina ao mesmo tempo em que damos um lucro legal ao Tesouro Real, podemos passar, como se fossem produtos necessários a mi­neração, quantidades importantes de metais preciosos sem pagar mão-de-obra nem direitos aduaneiros, e sem nos vermos arruina­dos por instalações caríssimas, pois ninguém pode suspeitar quan­to produzimos aqui, e têm de acreditar nas cifras que declaramos.

  • -Mas, se descobrirem esse tráfico, não correrão o risco de ir para as galés?

  • -Não fabricamos nenhuma moeda falsa. Não temos, aliás, a menor intenção de fabricá-la. Ao contrário, provemos regularmente o Tesouro Real de ouro legítimo e bom, de prata em lingotes que ele contrasta e sela, e com os quais baterá a moeda. Somente valendo-nos dessas mínimas extrações nacionais, poderemos, quan­do as minas do Languedoc e de Argentière estiverem reunidas sob um mesmo nome, conseguir um rápido lucro dos metais precio­sos da Espanha. Aquele país está cheio de ouro e prata proceden­tes das Américas; com isso perdeu o amor ao trabalho e não vive senão da troca de suas matérias-primas com outras nações. Os ban­cos de Londres lhe servem de intermediários. A Espanha é simul­taneamente o país mais rico e o mais miserável do mundo. Quanto a França, essas relações comerciais, que uma péssima administra­ção econômica impede de realizar às claras, enriquecê-la-ão quase contra sua vontade. E a nós, antes, pois as somas que tivermos investido nos serão devolvidas mais rapidamente e com mais pro­veito do que com a venda de uma jumenta que fica prenhe dez meses e não pode render mais de uns dez por cento do capital em­pregado.


Anahí não podia deixar de interessar-se por aquelas engenhosas combinações.



  • -E o chumbo, que pensam fazer com ele? Serve unicamente de disfarce ou pode ser utilizado comercialmente?

  • -O chumbo dá muito bons lucros. É necessário para a guerra e a caça. E valorizou-se mais ainda nos últimos anos, depois que a rainha-mãe fez vir engenheiros florentinos para completar a ins­talação de banheiros em todas as suas habitações, como já o havia feito sua sogra, Maria de Médicis. Você deve ter visto uma repro­dução desses aposentos no Plessis, com sua banheira romana e seus canos de chumbo.

  • -E o marquês seu amo está no corrente de tantos projetos?

  • -Não - disse Molines, com um sorriso indulgente. - Não entenderia nada disto, e o mínimo que faria seria demitir-me do cargo de intendente de seus domínios, que ainda exerço a conten­to dele.

  • -E meu pai, que sabe ele de suas traficâncias?

  • -Achei que só o fato de saber que por suas terras passariam metais espanhóis lhe seria desagradável. Não é melhor fazê-lo acre­ditar que os pequenos lucros que lhe permitem viver são frutos de um labor honesto e tradicional?


Anahí ofendeu-se com o tom irônico e um tanto desdenhoso de Molines. Retrucou secamente:



  • -E por que tenho eu direito a que me conte seus planos que a dez léguas cheiram a galés?

  • -Não se trata de galés, e, ainda que chegasse a haver dificulda­des com os funcionários da Fazenda, alguns escudos as aplanariam. Veja Mazarino e Fouquet: personagens que têm mais crédito que os príncipes de sangue e que o próprio rei. Isso porque possuem uma fortuna imensa. Quanto a você, sei que se debaterá entre os varais enquanto não compreender por que a atrelaram. O proble­ma, na realidade, é simples. O Conde de Peyrac precisa de Argen-tière. E seu pai não a cederá senão como dote de uma das suas filhas. Você bem sabe como ele é teimoso. Não venderá jamais ne­nhuma parcela de seu patrimônio. E como De Peyrac deseja casar-se com uma jovem da alta nobreza, achou vantajosa a combinação.

  • -E se eu me negasse a compartilhar essa opinião?

  • -Você não deseja que seu pai venha a sofrer a prisão por dívi­das - disse lentamente o administrador. - Bastaria muito pouco para que vocês voltassem a cair todos numa penúria maior que a que conheceram no passado. E, para você mesma, que seria o futuro? Envelhecerá, como suas tias, na pobreza... Para seus ir­mãos e irmãzinhas, seria a carência de educação e, mais tarde, a partida para o estrangeiro...


Vendo que os olhos de Anahí lançavam chispas, acrescentou em tom submisso:


-   Mas por que me obriga a esboçar tão negro quadro? Supus que você fosse de uma tempera diferente da desses nobres que consideram seus brasões a maior riqueza e vivem das esmolas do rei... Não se consegue sair das dificuldades sem enfrentá-las corajosamente e sem se arriscar um pouco. Em resumo: é preciso agir. Por isso não lhe ocultei nada, para que pudesse saber como deve cooperar.


Nenhuma palavra podia atingir Anahí mais diretamente. Nin­guém lhe havia falado em linguagem tão afim com o seu caráter. Ergueu-se como se houvesse recebido uma chicotada. Revia Monteloup em ruínas, seus irmãos e irmãs rolando no estéreo, sua mãe com os dedos vermelhos de frio, e seu pai sentado à pequena se­cretária, escrevendo ao rei uma súplica que não ia ter resposta...


O intendente os livrara da miséria. Agora era preciso pagar.


-   Está bem, Sr. Molines - disse friamente. - Desposarei o Con­de de Peyrac.



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Autor(a): Bela

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Anahí regressava pelos fragrantes caminhos, mas não repara­va em coisa alguma, profundamente imersa em seus pensamentos. Nicolau a seguia montado no mulo. A jovem não prestava mais atenção ao rapaz. Procurava não precisar o vago tremor que con­tinuava a agitar-se dentro dela. Sua resolução estava tomada; hou&sh ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:19

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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