Fanfics Brasil - CAPITULO XII - Casamento por procuração Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CAPITULO XII - Casamento por procuração

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No dia seguinte, pouco antes do meio-dia, o pátio encheu-se de um ruído de carruagens, relinchos de cavalos, exclamações enfáticas e conversas frívolas.


O Midi da França desembarcava em Monteloup. O Marques d`Andijos, muito moreno, com o bigode em ponta de punhal e olhar penetrante, vestia uma rhingrave de seda amarela e alaranjada, que dissimulava com graça sua gordura de vivente alegre. Apre­sentou seus companheiros que seriam testemunhas do casamento, o Conde de Carbon-Dorgerac e o pequeno Barão Cerbalaud.


Foram levados para a sala de refeições, onde, sobre mesas de cavaletes, a família de Sancé havia disposto suas melhores riquezas: mel de abelhas, frutas, coalhada, gansos assados, vinhos da colina de Chaillé.


Os recém-chegados morriam de sede. Mas, depois de haver be­bido o Marquês d`Andijos voltou-se e cuspiu sobre o lajedo.


__ por São Paulino, barão, seus vinhos do Poitou me destroem língua! O que me acaba de servir é um carrascão dos mais desa­gradáveis. Olá, gascões, tragam os barris!


Sua simplicidade sem rodeios, seu acento cantante, o cheiro de alho que desprendia, longe de desgostar o Barão de Sancé, encantaram-no.


Quanto a Anahí, não tinha forças nem para sorrir. Desde a véspera estivera tão atarefada, com a tia Pulquéria e a ama, para dar ao velho castelo um aspecto apresentável, que se sentia derreada e ansiosa. Era melhor assim; pois já não podia pensar. Havia trajado o vestido mais elegante, feito em Poitiers, ainda desta vez cinzento, mas com lacinhos azuis no çorpete: a patinha cin­zenta entre os senhores cobertos de fitas flamejantes. Não sabia que seu cálido rosto, firme e delicado como um fruto recém-amadurecido, surgindo de uma grande gola de renda engomada, era, por si mesmo, seu mais deslumbrante adorno. Os olhares dos três senhores voltavam-se sem cessar para ela, com uma admira­ção que seu temperamento não lhes permitia dissimular. Come­çaram a fazer-lhe numerosos cumprimentos. Anahí não os entendia bem, porquanto falavam em linguagem muito rápida, com aquele acento inverossímil que fazia a palavra mais inexpressiva ressaltar num feixe de luz.


"Terei de ouvir falar assim por toda a minha vida?", pergunta­va a si mesma com tédio.


Nesse meio tempo, os lacaios rolavam na sala grandes barris, que puseram sobre cavaletes e perfuraram em seguida. Feito o ori­fício, introduziram nele uma torneira de pau: o primeiro jorro deixou no solo grandes poças de transparência rosa ou vermelho-escura com reflexos dourados.


- Saint-Emilion - dizia o Conde de Carbon-Dorgerac, que era bordelês -, Sauternes, Médoc...


Acostumados à aguapé de maçãs ou ao suco de abrunhos, os ha­bitantes do Castelo de Monteloup provavam com circunspecção os diferentes vinhos anunciados. Bem depressa Dionísio e os três garotos mais novos tornaram-se demasiadamente alegres. Os vapores do vinho subiam-lhes à cabeça. Anahí sentiu-se invadida de bem-estar. Via seu pai, risonho, desabotoar o casaco fora de moda sem se importar que lhe vissem a camisa surrada. Já os Senhores do sul desabotoavam também suas curtas vestes sem mangas. Um deles tirou a peruca para enxugar a fronte e tornou a pô-la meio torta.


Maria Inês, agarrada ao braço de sua irmã mais velha, gritava lhe ao ouvido, com voz aguda:


-   Venha, Anahí, venha! Venha ver em cima, no seu quarto que maravilhas!


Ela deixou-se levar. No vasto aposento que tanto tempo havia partilhado com Hortênsia e Madelon, haviam posto grandes malas de ferro e couro que então se chamavam garde-robe. Criados e criadas haviam-nas aberto e estavam estendendo o conteúdo sobre o solo e algumas poltronas velhas. Sobre o enorme leito, Anahí viu um vestido de tafetá verde do mesmo tom de seus olhos. Uma renda de extraordinária finura adornava o espartilho, e o plastrão do corpete era inteiramente recamado de diamantes e esme­raldas, reunidos em forma de flores. O mesmo desenho floral se reproduzia no veludo lavorado do manto, que era de cor negra. Broches de diamantes mantinham-no erguido de cada lado da saia.



  • -Seu vestido de núpcias - disse o Marquês d`Andijos, que ha­via acompanhado as jovens. - O Conde de Peyrac procurou por muito tempo, entre os tecidos que mandou trazer de Lyon, uma cor que combinasse com os seus olhos.

  • -Ele nunca os viu - retrucou Anahí.

  • -O Sieur Molines descreveu-os cuidadosamente: são da cor do mar, disse-lhe, tal como se vê da praia quando o sol mergulha em suas profundezas.

  • -Maldito Molines! - exclamou o barão. - Não me fará acre­ditar que ele seja poeta a esse ponto. Suspeito, marquês, que enfei­te a verdade para ver alegres os olhos de uma jovem noiva, lisonjeada por tal atenção da parte de seu futuro marido.

  • -E isto! E isto! Olhe, Anahí! - exclamava Maria Inês, cuja carinha de camundongo esperto brilhava de excitação.


Com seus dois irmãos mais novos, Alberto e João Maria, levan­tava as finas roupas e abria caixas onde se viam fitas e adornos de renda, ou ainda leques de pergaminho e de plumas. Havia um encantador estojo de viagem, de veludo verde forrado de damasco branco e com guarnições de prata dourada, provido de duas escoum estojo de ouro com três pentes, dois espelhinhos italianos uma alfineteira, duas coifas e uma camisola de finíssima ibraia, um castiçal de marfim e um saco de cetim verde com seis velas de cera virgem.


Também havia vestidos mais simples, porém muito elegantes, luvas, cintos, um reloginho de ouro e inúmeras outras coisas de clija utilidade Anahí nem sequer suspeitava, como uma caixa de nácar na qual se encontrava uma coleção de "moscas" de veludo preto sobre tafetá engomado.


__ É de bom-tom - explicou o Conde de Carbon - colocar este sinal de beleza em qualquer lugar do rosto.


-    Não tenho a cútis suficientemente branca e não é preciso acen­tuar isso - disse Anahí, fechando a caixa.


Cumulada de presentes, hesitava entre uma alegria infantil e um arrebatamento de mulher que, tendo o gosto instintivo do ador­no e da beleza, toma consciência disso pela primeira vez.


-    E isto? - perguntou o Marquês d`Andijos. - Sua cútis se nega também a partilhar seu brilho?


Abriu um escrínio chato. No aposento, onde se amontoavam criadas, lacaios e trabalhadores do campo, ressoou um grito, se­guido de murmúrios de admiração.


Sobre o cetim branco havia um tríplice colar de pérolas de bri­lho puríssimo, um pouco dourado. Nada podia convir melhor a uma jovem noiva. Completavam o jogo dois brincos e duas ca­deias de pérolas menores, que Anahí  pensou fossem braceletes.



  • -São adornos de cabelo - explicou o Marquês d`Andijos, que, apesar de seu ventre e de seus modos guerreiros, parecia muito entendido em assuntos de elegância. - Com isso levantará a sua cabeleira. Para dizer a verdade, não saberia explicar-lhe como.

  • -Vou penteá-la, senhora - interveio uma criada alta e forte, aproximando-se.


Embora mais moça, parecia-se de maneira estranha com a ama Fantina Lozier. O mesmo sangue sarraceno, trazido pelas antigas invasões, havia-lhe tostado a pele. Uma e outra já trocavam relan­ces hostis com seus olhos igualmente escuros.


-    É Margarida, irmã de leite do Conde de Peyrac. Esteve a ser­viço das grandes damas de Toulouse e muitas vezes acompanhou seus amos a Paris. Será de agora em diante vossa aia.


Com habilidade, a criada levantou a longa cabeleira dourada e segurou-a com laçadas de pérolas. Sem interrupção, retirou das orelhas de Anahí as modestas pedrinhas que seu pai lhe havia ofertado para a primeira comunhão e nelas prendeu os magníficos brincos. Por último, pôs-lhe o colar.


-   Ah! Seria bom descobrir um pouco mais o peito - exclamou o pequeno Barão Cerbalaud, cujos olhos, negros como as amoras do bosque depois da chuva, procuravam adivinhar as graciosas formas da jovem.


O Marquês d`Andijos deu-lhe sem cerimônia uma bengalada na cabeça.


Um pajem precipitou-se trazendo um espelho.


Anahí se mirava em seu novo esplendor. Tudo nela parecia fulgir, até sua pele lisa, levemente tingida de rosa nas faces. Um prazer súbito a fez abrir os lábios num sorriso feiticeiro.


"Sou formosa", pensou.


Mas tudo se nublou ante seus olhos, e, oriunda do espelho, pareceu-lhe ouvir a terrível zombaria:


"Coxo! Coxo! E mais feio que o Diabo! Ah! ah! ah! Que belo esposo vai ter, Srta. de Sancé!"



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Autor(a): Bela

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O matrimônio por procuração realizou-se oito dias depois, e as festas duraram três dias. Dançou-se em todas as aldeias da vizinhan­ça, e na noite das bodas dispararam-se petardos e foguetes em Monteloup. No pátio do castelo e nos prados vizinhos havia grandes mesas providas de jarras de vinho e sidra e de todas as esp&eacut ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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