Fanfics Brasil - CAPÍTULO XIX - Conversação científica entre Anahí e o conde Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CAPÍTULO XIX - Conversação científica entre Anahí e o conde

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Indecisa, Anahí  não sabia o que fazer. Morria de desejo de ir à ala do palácio de onde viera aquele estampido. Alfonso parece­ra seriamente alarmado. Haveria feridos?... Não obstante, ela não se mexia. O mistério de que o conde cercava seus trabalhos tinha-lhe feito compreender que aquele era o único domínio em que ele não admitia a curiosidade dos profanos. As explicações que havia dado ao bispo não eram senão explicações pela metade e por con­sideração à personalidade do visitante. Tinham sido insuficientes para acalmar as suspeitas do prelado.


Anahí tremeu. "Bruxaria!" Olhou em redor de si. Naquele ambiente encantador, a palavra parecia um sinistro gracejo. Mas havia demasiadas coisas que Anahí ignorava.


"Vou ver o que houve", decidiu. "Se se aborrecer, pior para ele."


Ouviu os passos de seu marido, que pouco depois entrou no sa­lão. Tinha as mãos negras de fuligem. No entanto, sorria.


- Nada grave, graças a Deus. Kuassi-Ba só tem algumas esco­riações. Escondeu-se tão bem debaixo de uma mesa que por um momento pensei que a explosão o tivesse volatilizado. Em com­pensação, os prejuízos materiais são grandes. Minhas mais precio­sas retortas de vidro especial da Boêmia estão em cacos; não sobrou nenhuma!


A um aceno dele, dois pajens aproximaram-se com uma bacia e um gomil de ouro. Lavou as mãos e desamassou com piparotes os punhos de renda.


Anahí recobrou a calma.


-É necessário, Alfonso, que dedique tantas horas a esses traba­lhos perigosos?



  • - É necessário ter ouro para viver - disse o conde, mostrando com gesto circular o magnífico salão, cujo teto de madeira doura­da havia feito repintar recentemente. - Mas a questão não é essa. Encontro nesses trabalhos um prazer que nenhuma outra coisa me pode dar. São o alvo da minha vida.


Anahí sentiu uma pontada no coração, como se tais palavras a privassem de um bem precioso, mas, percebendo que seu mari­do a observava com atenção, esforçou-se por assumir um ar indi­ferente. Ele sorriu.



  • -São o único alvo de minha vida, afora o de conquistá-la - acrescentou com uma reverência cortesã.

  • -Não me situo como rival de seus frascos e retortas - disse Anahí prontamente. - No entanto, confesso-lhe que as pala­vras de monsenhor despertaram em mim certa inquietação.

  • -De verdade?

  • -Não sentiu nelas uma ameaça disfarçada?


O conde não respondeu imediatamente. Encostado à janela, olha­va pensativo os telhados planos da cidade, apertados uns contra os outros até formarem com suas telhas redondas um imenso ta­pete em que se misturavam as cores do trevo e da papoula.


A direita, a alta torre de Assézat, com sua lanterna, dizia da gló­ria dos negociantes de pastel, cujos campos se estendiam ainda pe­los arredores. O pastel-dos-tintureiros, cultivado em abundância, havia sido durante séculos a única matéria corante natural, e fize­ra a fortuna dos burgueses e dos comerciantes de Toulouse.


Vendo que seu marido não falava, Anahí voltou a sentar-se na sua poltrona e um negrinho colocou perto dela a cesta em que se misturavam os lustrosos fios de seda de sua tapeçaria.


O palácio estava agora calmo. Anahí esperava encontrar-se a sós com o Conde de Peyrac na refeição do meio-dia, a não ser que o inevitável Bernardo d`Andijos se convidasse...


-    Você observou - disse de súbito o conde - a arte do grande inquisidor? Começa por falar da moral, sublinha, de passagem, as "orgias" da Gaia Ciência, faz alusão às minhas viagens e daí nos conduz até Salomão. Em resumo, facilmente se percebe isto: que o Sr. Barão Benedito de Fontenac, Arcebispo de Toulouse, me pede que divida com ele meu segredo de fabricação de ouro, e, se me nego, me fará queimar como feiticeiro na Place des Salins.



  • -Essa é precisamente a ameaça de que suspeitei - disse Anahí, espantada. - Acredita que ele imagina verdadeiramente que você tem trato com o Diabo?

  • -Ele? Não. Isso ele deixa ao seu ingênuo Bécher. O arcebispo tem uma inteligência bastante positiva e me conhece muito bem. Mas está convicto de que possuo o segredo de multiplicar cientifi­camente o ouro e a prata. Quer conhecê-lo para poder utilizá-lo.

  • -É um ser abjeto! - exclamou a jovem. - E no entanto pare­ce tão digno, tão cheio de fé, tão generoso...

  • -E realmente o é. Emprega sua fortuna em boas obras. Dá co­mida aos oficiais pobres, mantém o serviço do fogo, a casa dos expostos e não sei mais o quê. Dedica-se ao bem das almas e sente a grandeza de Deus. Mas tem o demônio da dominação. Sente sau­dade do tempo em que o único dono de uma cidade e até de uma província era o bispo, de báculo na mão, que ministrava a justiça, castigava, recompensava. E quando vê crescer diante de sua cate­dral o prestígio da Gaia Ciência, ele se revolta. Se as coisas conti­nuarem assim, dentro de alguns anos será o Conde de Peyrac, seu esposo, minha querida Anahí, quem dominará Toulouse. O ouro e a prata dão poder, e o poder está caindo agora nas mãos de um súdito de Satanás... Então monsenhor não vacila. Ou dividimos o poder ou então...

  • -Que sucederá?

  • -Não se assuste, minha amiga. Embora as intrigas de um arce­bispo de Toulouse nos possam ser nefastas, não vejo que seja pre­ciso chegar a esse extremo. Ele descobriu seu jogo. Quer possuir o segredo da fabricação do ouro. Entregar-lho-ei com muito prazer.

  • -Então você o possui? - murmurou Anahí, escancelando os olhos.

  • -Não confundamos as coisas. Não possuo nenhuma fórmula mágica para fazer ouro. Meu fim não é fabricar riquezas, mas fa­zer trabalhar as forças da natureza.

  • -Mas isso não é, por si só, uma idéia um tanto herética, como diria monsenhor?


Alfonso soltou uma gargalhada.


-    Vejo que a catequizou muito bem. Você começa a enredar-se na teia de suas argumentações especiosas. Reconheço que nes­sas condições é difícil ver claro. A Igreja da Idade Média não exco­mungava os moleiros que utilizavam o vento ou a água para fazer girar as aspas ou as rodas de seus moinhos. Mas a Igreja de hoje se levantaria contra mim se eu procurasse construir numa eleva­ção dos arredores de Toulouse o mesmo modelo de bomba a va­por de água condensada que fiz instalar em sua mina de Argentière! Ora, pelo simples fato de eu colocar sobre o fogo um recipiente de vidro ou de barro, não iria Satanás introduzir-se nele...



  • -A explosão foi impressionante. Monsenhor pareceu-me vi­vamente perturbado. Você o fez de propósito, para pô-lo fora de si?

  • -Não! Tive um descuido. Deixei secar demasiado uma prepa­ração de ouro fulminante obtido por meio de ouro laminado e água-régia e precipitado em seguida pelo amoníaco. Não havia nessa operação nenhuma geração espontânea.

  • -O que é essa coisa a que chama amoníaco?

  • -Um produto que os árabes já fabricavam há séculos e que denominavam "álcalis volátil". Um sábio monge espanhol, ami­go meu, enviou-me não há muito um garrafão. Eu mesmo pode­ria fabricá-lo aqui, mas o processo é demorado, e para adiantar minhas pesquisas prefiro comprar já preparados, quando possível, os produtos de que necessito. A fabricação de ingredientes puros atrasa muito os progressos de uma ciência que os imbecis como o Frade Bécher designam pelo nome de química, por oposição à alquimia, que é para eles a ciência das ciências, isto é, uma obscu­ra mescla de fluido vital, de fórmulas religiosas e não sei mais quê. Mas creio que a estou enfadando...

  • -Não, asseguro-lhe - disse Anahí com olhos brilhantes. - Passaria horas inteiras a escutá-lo.


Ele teve um sorriso cuja ironia era acentuada pelas cicatrizes.


-    Que curiosa cabecinha! Nunca pensei em falar destas coisas com uma mulher. A mim também me dá prazer falar-lhe sobre estes assuntos. Tenho a impressão de que pode compreender tudo. Entretanto... você não esteve a ponto de atribuir-me poderes ocultos quando chegou ao Languedoc? Continuo causando-lhe tanto medo?


Anahí ruborizou-se, mas retribuiu-lhe corajosamente o olhar.


-    Não! Você continua sendo para mim um desconhecido, e isto, creio, porque não se parece com ninguém, mas já não me cau­sa medo.



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Autor(a): Bela

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O conde dirigiu-se para o assento que havia ocupado atrás dela durante a visita do arcebispo. Em certos momentos, com insolente provocação, não temia erguer em plena luz seu rosto desfigura­do, mas em outros buscava a sombra e a noite. Nesses instantes, sua voz adquiria entonações novas, como se a alma de Alfonso de Peyrac, desem ...


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Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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