Fanfics Brasil - CAPÍTULO XIX - Conversação científica entre Anahí e o conde Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CAPÍTULO XIX - Conversação científica entre Anahí e o conde

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O conde dirigiu-se para o assento que havia ocupado atrás dela durante a visita do arcebispo. Em certos momentos, com insolente provocação, não temia erguer em plena luz seu rosto desfigura­do, mas em outros buscava a sombra e a noite. Nesses instantes, sua voz adquiria entonações novas, como se a alma de Alfonso de Peyrac, desembaraçada de seu invólucro de carne, lograsse por fim exprimir-se livremente.


Anahí sentia perto de si a invisível presença do "homem ver­melho" que tanto a tinha horrorizado. Certamente era o mesmo homem, mas a impressão da jovem havia mudado. Estava a ponto de lhe fazer a ansiosa interrogação feminina: "Você me ama?"


Mas seu orgulho falou mais alto, pois não se esquecera das pala­vras que ele havia dito: "Você virá um dia... Todas vêm..."


Para dissipar sua perturbação, voltou a conduzir a palestra para o terreno científico, no qual, curiosamente, seus espíritos se tinham encontrado e sua amizade se havia firmado.



  • -Já que você não vê inconveniente em ceder seu segredo, por que se nega a receber esse Frade Bécher que monsenhor tanto aprecia?

  • -Ora essa! E verdade que eu podia comprazer-lhe nesse pon­to. O que me preocupa, entretanto, não é revelar-lhe o meu se­gredo, mas chegar a fazê-lo compreender. Em vão me empenharei em provar que se pode transformar a matéria, mas não transmutá-la. Os espíritos que nos rodeiam ainda não estão maduros para tais revelações. E o orgulho desses falsos sábios é tão grande que fica­riam escandalizados se eu lhes dissesse que meus dois auxiliares mais preciosos são um mouro de pele negra e um rústico mineiro saxão.

  • -Kuassi-Ba e Fritz Hauer, o velho corcunda de Argentière?

  • -Exatamente. Kuassi-Ba contou-me que, quando era menino e livre, em alguma parte do interior de sua África selvagem, aon­de se chega pela Costa das Especiarias, tinha visto trabalhar o ou­ro segundo antigos processos aprendidos dos egípcios. Os faraós e o Rei Salomão tinham lá suas minas de ouro; mas .pergunto-lhe, querida: que dirá monsenhor quando eu lhe confiar que quem guar­da o segredo do Rei Salomão é meu negro Kuassi-Ba? Realmente foi ele quem me orientou em meus trabalhos de laboratório e quem me deu a idéia de tratar certas rochas que contêm ouro invisível. Quanto a Fritz Hauer, é o mineiro por excelência, o homem das galerias, a toupeira que não respira senão no seio da terra. Estes mineiros saxões transmitem de pai a filho suas receitas, e graças a elas pude por fim orientar-me entre as caprichosas mistificações da natureza e distinguir os mais diversos ingredientes: chumbo, ouro, prata, vitríolo, sublimado corrosivo e outros.

  • -Você chegou a fabricar sublimado corrosivo e vitríolo? - in­dagou Anahí, a quem estas palavras recordavam vagamente al­guma coisa.

  • -Precisamente, e isso me serviu para demonstrar a inanidade de toda a alquimia, pois do sublimado corrosivo posso extrair à vontade quer o azougue, quer o mercúrio amarelo e vermelho, e estes últimos corpos, por sua vez, eu posso voltar a transformá-los em azougue. O peso do mercúrio, tomado ao iniciar-se a ope­ração, não aumentará, mas, ao contrário, diminuirá, porque exis­tem perdas por evaporação. Mediante certos processos posso extrair prata do chumbo e ouro de algumas rochas aparentemente esté­reis. Mas, se à entrada de meu laboratório eu inscrevesse as pala­vras: "Nada se perde, nada se cria", minha filosofia pareceria muito ousada e até em oposição ao espírito do Gênesis.

  • -Não é por um processo desse gênero que pode fazer chegar até Argentière os lingotes de ouro mexicano que adquire em Londres?

  • -Você é uma moça muito viva, e acho que Molines falou de­mais. Não importa! Se falou, é porque a conhecia. É verdade, os lingotes espanhóis são refundidos numa forja com pirita ou galena. Adquirem então o aspecto de uma escória pedrosa e cinzento-escura, da qual o mais exigente dos guardas aduaneiros não pode absolutamente suspeitar. E esse minério é que os bons muares de seu pai transportam da Inglaterra para o Poitou ou da Espanha para Toulouse, onde é de novo transformado por mim ou pelo meu saxão Hauer em belo ouro cintilante.

  • -Isso é uma "fraude fiscal" - disse Anahí um tanto seve­ramente.

  • -Você é adorável quando fala assim. Esta fraude não prejudi­ca o reino nem Sua Majestade, e a mim, enriquece-me. Além dis­so, dentro em pouco farei vir Fritz Hauer a fim de aparelhar a mina de ouro que descobri num lugar chamado Salsigne, nos ar­redores de Narbonne. Então, com o ouro dessa montanha e a prata do Poitou, não mais necessitaremos dos metais preciosos da Amé­rica, nem, por conseguinte, praticaremos esta fraude, como você diz.

  • -Por que você não procura interessar o rei em suas descober­tas? Talvez haja outros terrenos na França que possam ser explo­rados segundo seus processos, e o rei lhe ficaria agradecido.

  • -O rei está longe, minha bela, e eu não tenho nada de cortesão. Somente as pessoas dessa espécie podem ter alguma influência sobre os destinos do reino. O Sr. de Mazarino é dedicado à coroa, não o nego, mas é, acima de tudo, um intrigante interna­cional. Quanto ao Sr. Fouquet, encarregado de arranjar dinheiro para o Cardeal Mazarino, é um gênio das finanças, mas creio que o enriquecimento do país por uma exploração bem orientada de suas riquezas naturais lhe é indiferente.


-    O Sr. Fouquet... - exclamou Anahí. - É isso! Agora me recordo onde ouvi falar de vitríolo romano e de sublimado corro­sivo. Foi no Castelo do Plessis.


Toda a cena revivia ante seus olhos: o italiano de burel, a mu­lher desnuda entre as rendas, o Príncipe de Conde e o cofrezinho de sândalo onde brilhava um frasquinho verde.


"Meu padre", dizia o Príncipe de Conde, "é o Sr. Fouquet quem o envia?"


Anahí perguntava a si mesma se, ocultando aquele pequeno cofre, não haveria tolhido o braço do destino.



  • -Em que está pensando? - interrogou o Conde de Peyrac.

  • -Em uma aventura estranha que me sucedeu certa vez.


E ela, que havia calado tanto tempo, contou-lhe a história do cofrezinho, cujos detalhes estavam todos gravados em sua memória.


-    A intenção do Sr. de Conde - acrescentou - era certamen­te envenenar o cardeal e talvez o próprio rei e seu jovem irmão. Mas o que não cheguei a compreender bem foram aquelas cartas, espécie de compromissos assinados, que o príncipe e outros senhores deviam entregar ao Sr. Fouquet. Esqueci um pouco o texto... Era uma coisa assim: "Comprometo-me a obedecer ao Sr. Fouquet, e pôr meus bens à sua disposição..."


Alfonso de Peyrac escutou-a em silêncio. Depois sorriu.



  • -Que boa gente! Quando se pensa que o Sr. Fouquet era en­tão apenas um obscuro parlamentar! Mas por sua aptidão finan­ceira podia já pôr os príncipes a seu serviço. Agora é a personagem mais rica do reino, com o Sr. Mazarino, entenda-se. O que prova que havia lugar para os dois ao bom sol de Sua Majestade. Então, você levou sua audácia a ponto de apoderar-se do cofrezinho? Vo­cê o escondeu?

  • -Sim, es...


Uma prudência instintiva, fechou-lhe de repente os lábios.



  • -Não. Joguei-o no lago dos nenúfares do grande parque.

  • -E acredita que alguém tenha suspeitado de você por essa desaparição?

  • -Não sei. Não creio que tenham dado grande importância à minha insignificante pessoa. Todavia, não deixei de fazer alusão ao cofre diante do Príncipe de Conde.

  • -Deveras? Mas foi uma loucura!

  • -Precisava obter para meu pai a isenção dos direitos de passa­gem para os muares. Oh! Até parece um romance - disse rindo -, e agora sei que indiretamente você estava envolvido na histó­ria. Mas voltaria de bom grado a praticar imprudências semelhan­tes, só para ver de novo as caras assustadas daquela gente tão cheia de empáfia!


Depois que Anahí lhe contou o incidente que tivera com o Príncipe de Conde, seu marido abanou a cabeça.


-    Quase me surpreendo de ainda vê-la viva a meu lado. Você deve ter parecido muito inofensiva, mas é sempre perigoso misturar-se como comparsa nessas intrigas de cortesãos. Se fosse necessá­rio, não hesitariam em matar uma menina.


Enquanto falava, levantou-se, e Anahí o viu acercar-se de um reposteiro, que ele abriu de inopino. Voltou com uma expressão de contrariedade.



  • -Não sou bastante lesto para surpreender os curiosos.

  • -Alguém nos escutava?

  • -Estou certo disso.

  • -Não é a primeira vez que tenho a impressão de que nos es­preitam.


O conde tornou a ocupar seu posto atrás dela. O calor se torna­ra mais intenso, mas subitamente a cidade começou a vibrar ao som dos mil sinos que tocavam o ângelus. A jovem persignou-se devotamente e murmurou a oração à Virgem. Durante algum tem­po Anahí e seu marido, sentados perto da janela aberta, não pu­deram trocar palavra. Permaneceram silenciosos, e aquela intimidade entre eles enterneceu profundamente Anahí.


"Não somente sua presença não me desgosta, como sou feliz", pensava admirada. "Se voltasse a beijar-me, será que me desagra­daria?"


Como durante a visita do arcebispo, sentia o olhar de Alfonso sobre sua nuca branca.


-   Não, minha querida, eu não sou um mago - murmurou o conde. - Talvez haja recebido da natureza algum dom; mas, sobretudo, quis aprender. Compreende? - continuou num tom meigo que a encantou. - Tinha sede de conhecer todas as coisas difíceis: as ciências, as letras e também o coração das mulheres. Curvei-me com deleite sobre esse mistério sedutor. Por trás dos olhos de uma mulher supõe-se que não existe nada, e descobre-se um mundo. Ou então alguém imagina um mundo e não descobre nada... a não ser um pequeno guizo. Que há por trás de seus olhos azuis, que evocam os prados ingênuos e o oceano tumultuoso?


Anahí percebeu que ele se movia, e a esplêndida cabeleira ne­gra desceu sobre seus ombros nus como uma pelúcia morna e sedosa. Estremeceu ao contato dos lábios que sua nuca inclinada esperava inconscientemente. Com os olhos fechados, saboreando aquele beijo longo, ardente, Anahí sentia chegar a hora de sua derrota. Então, tremente, ainda indócil, mas subjugada, ela viria, como as outras, oferecer-se ao amplexo daquele homem misterioso.



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Autor(a): Bela

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Passado algum tempo, Anahí voltava de um passeio matinal pelas margens do Garonne. Gostava de montar a cavalo e a isso dedicava sempre algumas horas do amanhecer, quando ainda esta­va fresco. Alfonso de Peyrac raramente a acompanhava. Ao con­trário da maioria dos nobres, não se interessava pela equitação e pela caça. Poder-se ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:31

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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:16

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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