Fanfics Brasil - CAPITULO XX - Conan Bécher, sobrevivente da Idade Média Os Amores de Anahí *AyA (terminada)

Fanfic: Os Amores de Anahí *AyA (terminada)


Capítulo: CAPITULO XX - Conan Bécher, sobrevivente da Idade Média

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Apanhou um grande pedaço de carvão vegetal num monte que se encontrava perto dos fornos e tirou uma vela de sebo de um vidro de boca larga. Acendeu a vela na chama do forno cavou com uma ponta de ferro um pequeno buraco no carvão, colocou nele um grão de "prata córnea", que era de um cinza-amarelo su­jo e semi-translúcido, e juntou-lhe um pouco de bórax, dizendo o que era. Depois, tomando um tubo de cobre recurvado, aproximou-o da chama da vela e soprou-o diretamente sobre o buraquinho cheio das duas substâncias salinas. Elas se fundiram, bolharam e mudaram de cor, e em seguida apareceu uma série de glóbulos metálicos, que, soprando mais forte, o conde fundiu em um só disco brilhante.


Afastou a chama e tirou com a ponta de uma faca o diminuto e cintilante lingote.



  • -Eis a prata fundida que extraí em sua presença desta rocha de estranho aspecto.

  • -O senhor faz com a mesma simplicidade a transmutação do ouro?

  • -Não faço nenhuma transmutação; apenas extraio os metais preciosos dos minerais que já os contêm, mas em estado não-metálico.


O monge parecia pouco convencido. Tossiu fracamente e olhou em redor.



  • -Que são esses tubos e essas caixas pontudas?

  • -Um sistema chinês de adução para fazer ensaios de lavagem e captar o ouro por meio do mercúrio.


Abanando a cabeça, o religioso aproximou-se com circunspec­ção de um forno que roncava e no qual fervia lentamente o con­teúdo de vários crisóis.


-  E na verdade uma bela instalação - disse -, mas não se pa­rece nem remotamente com o athanor ou a célebre "casa do fran­go do sábio".


Peyrac estourou de riso; depois, já sossegado, desculpou-se.


-  Perdoe-me, meu padre, mas a última coleção dessas veneráveis tolices foi destruída pela explosão do ouro tonante de que mon­senhor foi testemunha há poucos dias.


Bécher teve uma expressão deferente.



  • -Monsenhor, com efeito, me falou disso. De modo que o se­nhor consegue fazer um ouro instável e que explode?

  • -Chego até a fabricar um mercúrio fulminante, para nada lhe ocultar.

  • -Mas e o ovo filosófico?

  • -Tenho-o na cabeça!

  • -Está blasfemando! - disse o frade, agitado.


. - Que história é essa de frango e de ovo? - exclamou Anahí. - Nunca me falaram sobre isso.


Bécher lançou-lhe um olhar depreciativo. Mas, vendo que o Con­de de Peyrac dissimulava um sorriso e que o Cavaleiro de Germontaz bocejava abertamente, contentou-se, à falta de melhor, com aquele modesto auditório.



  • -É no ovo filosófico que se consuma a Grande Obra - disse, fitando seu olhar penetrante nos olhos cândidos da jovem. - A produção da Grande Obra realiza-se sobre o ouro purificado, o Sol, e a prata fina, a Lua, à qual se deve misturar azougue, Mercú­rio. O hermetista submete-os, no ovo filosófico ou matraz sela­do, aos ardores crescentes e decrescentes de um fogo bem regulado, Vulcano. Isso tem por fim desenvolver no composto as potências geradoras de Vênus, das quais a espécie visível é a pedra filosofal, substância regeneradora. Daí por diante as reações vão-se desen­volver no ovo segundo uma certa ordem: elas permitem observar a cocção da matéria. O importante, sobretudo, é atentar para as três cores: negro, branco e vermelho, que indicam respectivamente a putrefação, a ablação e a rubefação da pedra filosofal. Em uma palavra, a alternância de morte e ressurreição pela qual, segundo a antiga filosofia, deve passar, para reproduzir-se, toda substância que vegeta. O espírito do mundo, mediador obrigatório da alma e do corpo universal, é a causa eficiente das gerações de toda espé­cie, aquela que vitaliza os quatro elementos. Este espírito está con­tido no ouro, mas permanece nele inativo e prisioneiro. Cabe ao sábio libertá-lo.

  • -E como se procede, meu padre, para libertar esse espírito que está na base de tudo e que é prisioneiro do ouro? - perguntou mansamente o Conde de Peyrac.


Mas o alquimista era insensível à ironia, Com a cabeça lançada para trás, seguia seu velho sonho.


-    Para libertá-lo precisa-se da pedra filosofal. E nem mesmo ela basta. É necessário dar-lhe impulso com auxílio da pólvora de projeção, começo do fenômeno que transformará tudo em ouro puro.


 Ficou silencioso por um instante, mergulhado em seus pensa­mentos.



  • -Depois de anos e anos de pesquisas, creio poder dizer que cheguei a certos resultados. Assim, juntando o mercúrio de filó­sofos, princípio fêmea, com o ouro, que é macho, mas um ouro escolhido, puro e em folhas, pus a mistura no athanor ou casa do frango do sábio, santuário ou tabernáculo que todo laboratório de alquimista deve possuir. Esse ovo, que era uma retorta em for­ma oval perfeita e hermeticamente fechada, para que nada da ma­téria pudesse evolar-se, foi colocado por mim num tabuleiro cheio de cinzas e metido no forno. Desde então, esse mercúrio, graças ao calor e ao enxofre interior excitado pelo fogo que eu mantinha continuamente no grau e na proporção necessários, esse mercú­rio chegou a dissolver o ouro sem violência e o reduziu ao estado de átomos. Ao fim de seis meses obtive um pó negro que denomi­nei "trevas cimérias". Com esse pó foi-me possível transformar certas partes de objetos de metal vil em ouro puro, mas, ai de mim! O germe vital do meu purum aurum não era ainda suficientemen­te forte, pois nunca pude transformá-las em profundidade e com­pletamente!

  • -Mas o senhor procurou, meu padre, fortalecer esse germe mo­ribundo? - indagou Alfonso de Peyrac, enquanto um relâmpago divertido lhe brilhava nos olhos.

  • -Procurei, e em duas ocasiões creio ter estado muito perto da meta. Da primeira vez procedi assim: fiz digerir, durante doze dias, sucos de mercurial, beldroega e celidônia em estéreo. Depois des­tilei o produto e obtive um líquido vermelho, que voltei a derra­mar no estéreo. Nasceram vermes que se devoraram uns aos outros, ficando um sozinho. Alimentei esse verme único com as três plantas precedentes, até que engordasse. Então queimei-o e misturei suas cinzas com óleo de vitríolo e com pó das trevas cimérias. Mas tu­do isso foi de pobre resultado.


-  Que nojo! - exclamou o Cavaleiro de Germontaz.
Anahí lançou um olhar espantado a seu marido, mas este per­manecia impassível.



  • -E da segunda vez?

  • -Da segunda vez tive uma grande esperança. Foi quando um viajante que havia naufragado em praias desconhecidas me entregou terra virgem que nenhum homem antes dele havia pisado, se­gundo me afirmou. Com efeito, a terra absolutamente virgem encerra a semente ou o germe dos metais, isto é, a verdadeira pe­dra filosofal. Mas, sem dúvida, aquela porção de terra não era com­pletamente virgem - concluiu o sábio monge com ar lastimoso -, pois não obtive os resultados que esperava.


Agora também Anahí sentia desejo de rir. Um tanto precipi­tadamente, para mascarar sua hilaridade, perguntou:


-    Mas você mesmo, Alfonso, não me contou que uma vez nau­fragara em uma ilha deserta coberta de brumas e de gelo?


O monge Bécher estremeceu e com olhos iluminados segurou o Conde de Peyrac pelos ombros.



  • -Naufragou numa terra desconhecida? Eu bem que o suspei­tava. O senhor é, pois, aquele de quem falam os nossos escritos herméticos, o que volta da "parte posterior do mundo, onde se ouve rugir o trovão, soprar o vento, cair o granizo e a chuva". É nesse lugar que se encontra a coisa.

  • -Havia ali um pouco do que descreveu - disse com indife­rença o gentil-homem. - Acrescentarei que também havia uma montanha de fogo no meio de gelos que me pareciam eternos. Ne­nhum habitante. São as paragens da Terra do Fogo. Fui salvo por um veleiro português.

  • -Daria minha vida e até minha alma por um pouco dessa ter­ra virgem! - exclamou Bécher.


-   E pena, meu padre! Confesso que não me ocorreu trazê-la.
O monge lançou-lhe um olhar desconfiado, e Anahí viu mui­to bem que ele não acreditava.


Os olhos claros da jovem iam de um para outro dos três ho­mens que se achavam diante dela naquele estranho ambiente. En­costado ao suporte de tijolos de um de seus fornos, Alfonso de Peyrac, o Grande Coxo do Languedoc, deixava cair sobre seus in­terlocutores um olhar altaneiro e irônico. Não se esforçava por ocultar o pouco apreço em que tinha o velho Dom Quixote da alquimia e o Sancho Pança enfitado. A vista daqueles dois grotes­cos, Anah o achou tão grande, tão livre e tão extraordinário que um sentimento excessivo dilatou seu coração até fazê-lo doer.


"Amo-o", pensou subitamente. "Amo-o e tenho medo. Ai, meu Deus! Que não lhe façam mal! Não antes... Não antes..."


Receosa, não se atrevia a completar seu desejo: "Não antes de me haver estreitado em seus braços".



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Autor(a): Bela

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-O amor - disse Alfonso de Peyrac -, a arte do amor é a preciosíssima qualidade de nossa raça. Viajei por muitos países, e em toda parte vi que nos concedem essa primazia. Rejubilemo-nos, senhores, e vocês, senhoras, entonem a cabeça, mas tenhamos todos muito cuidado. Porque nada é mais frágil que esta reputaç&ati ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 109



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  • luccaitalo Postado em 25/09/2010 - 13:34:35

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  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:41

    ops doca nao, dica!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • carolvondy Postado em 07/09/2010 - 17:44:23

    doca: coloca quem está falando na frente das falas.
    ex.
    anahi: ----------
    ok?
    fica mais fácil de entender quem está falando cada fala!

  • unposed Postado em 16/08/2010 - 17:16:23

    Ai ela ta começando a ficar com ciume dele, que fofo!

    Posta maisss!


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