Fanfic: Muito Amigos!!! (terminada)

- Dulce! Venha
ver isso. Invadiram o nosso site! Os hackers! Isso deve ser coisa desses
idiotas. - Anahí Portilla olhava chocada para a tela do computador.

Normalmente,
no site de propaganda do seu bufê,
ela aparecia usando um traje marrom e carregando uma bandeja com hors d´oeuvres. Só que, agora, a bandeja
havia desaparecido. Assim como o seu vestido.

Começou a
rezar para que aquilo se tratasse de algum episódio alucinógeno, causado talvez
por falta de sexo, ou pelo alto e perigoso nível de cafeína na sua circulação
sangüínea.

Dulce, sua
assistente, aproximou-se, parou às suas costas e olhou para a tela do
computador por sobre o ombro.

- Espere aí.
Onde está o seu vestido? Você está nua! - Dulce exclamou, horrorizada. Olhou a
tela do computador mais de perto. - Ora, mas aquela coisa ali não é um Cupido?
- perguntou, incrédula.

Anahí não pôde
responder, tão aturdida estava. Não se sentia assim tão mal desde quando tinha
dezesseis anos e entrara em casa e encontrara seus pais fazendo amor na mesa da
cozinha.

Nua mesmo. E
aquele corpo que se encontrava ali nem mesmo era o dela. Não o reconhecia. E
aqueles seios enormes? Nunca os vira antes.

- Onde? - Anahí
analisou mais atentamente a sua fotografia na internet. Olhou mais de perto. O
que era aquilo entre suas pernas? Um querubim com asas inclinado para a frente
e...

Mas era
revoltante! Ela suspirou e balançou a cabeça.

Os crescentes
investimentos em sofisticados sistemas de segurança feitos no país não estavam
conseguindo barrar os ataques às empresas que se valiam da Internet para
realizar seus negócios. Do mesmo modo que os mecanismos de segurança se
sofisticavam, os invasores de sites,
os hackers, acompanhavam a evolução
da tecnologia e conseguiam vencer as barreiras com novos golpes aplicados
diariamente.

Quando surgira
a Internet, todos começaram a buscar conectividade máxima, com o maior número
de pessoas possível interligados com o sistema. No entanto isso virou uma dor
de cabeça, com gente acessando áreas que não deveria.

Como essa
invasão agora, no site do bufê.

- Oh, meu
Deus! Chame Alfonso. Precisamos deletar isso, e já!. - Anahí fez uma careta
para a tela e rezou para que Alfonso Herrera pudesse dar um jeito naquilo. Alfonso,
seu melhor amigo e confidente, seu guru de informática, o web design que preparara aquele site para o seu bufê.

Enquanto Dulce
se afastava apressada em direção à sua escrivaninha e, em seguida pegou o
telefone e começou a digitar um número, o choque de Anahí foi sendo substituído
pelo medo. Aquilo no site poderia
arruinar seus negócios, enviá-la direto para o buraco, onde foram parar
excelentes empresas do ramo de alimentação que, devido a uma ocasional barata
ou á presença de salmonela, se viram arruinadas. Mas esses eram riscos
inerentes ao negócio, e  razoavelmente
aceitáveis.

Isso, porém,
agora, era inaceitável. Como explicar aos seus clientes como uma fotografia sua
inteiramente nua e com um querubim pervertido entre as pernas havia isso parar
na internet?

Até mesmo por
um dia, aquela imagem indecente em seu site poderia ter resultados desastrosos. A ruína total. Precisava corrigir
aquilo, e logo.

- Alfonso não
está atendendo - Dulce avisou.

Anahí gemeu
baixinho quando uma imagem inundou sua mente, a de uma de suas clientes mais
antigas e conservadoras, a Sra. Brockmorten, dando uma espiadinha naquele
absurdo. O suor começou a escorrer de sua testa.

- A quem mais
poderemos recorrer?

- Conheço uma
duas empresa de backup.... Poderíamos
recorrer a elas, mas você sabe qual é a senha que permite acesso ao seu site?

- Senha de
acesso? - Seria algo que Anahí supostamente deveria saber? Uh... Não sei. Alfonso
é quem cuida de todos esses detalhes para mim.

Ultimamente,
ela passava bem pouco tempo com Alfonso, na verdade, o menor tempo possível,
isso após ter chegado à chocante conclusão de que se sentia fortemente atraída
por ele, seu melhor amigo.

Bons amigos,
supostamente não deveriam desejar um ao outro. Alfonso na certa daria boas
risadas, ou então empalideceria horrorizado se Anahí lhe confessasse aquilo.
Sendo assim, ela achara melhor optar pelo caminho mais fácil.

Passara a
evitá-lo.

Sua imagem nua
lhe sorriu. Ela parecia realmente feliz como estava, nua e com aquele Cupido
atrevido lá embaixo. Estremeceu.

Minha nossa,
precisava encontrar Alfonso. Pelo fato de Anahí desconhecer a senha de acesso,
ele era o único que poderia devolver a dignidade do seu serviço de bufê. Para
não mencionar suas roupas.

Com aquele
pensamento, ela desligou o computador com a mão trêmula e dirigiu-se à porta.

- Se alguém
ligar querendo saber o que está acontecendo, explique que nós fomos vítimas de
um hacker.

- Pode deixar... Farei isso. - Dulce a
fitou com os olhos arregalados, o cabelo vermelho impecavelmente penteado. -
Aonde você vai?

- Vou procurar
Alfonso. Ele deve estar dormindo, por isso não atende ao telefone.

Desde que Alfonso
começara a lidar com consultorias e com sites na internet, passara a trabalhar em casa, até bem tarde da noite, e a dormir
até o meio-dia, para se recuperar.

O que
significava que Anahí o encontraria sonolento, adorável, e provavelmente
achando ruim com ela, por havê-lo acordado. O que seria bom. Se ele ficasse
muito zangado, Anahí teria de se explicar e se desculpar, e não pensaria em
como era pervertido querer vê-lo sem roupas.

O mero
pensamento de vê-lo nu fez seus mamilos endurecerem. Cruzou os braços diante do
peito, aborrecida. Deveria ser proibido reagir dessa forma a alguém que se
conhece há anos, alguém que confia em você e que certamente não espera vê-la
agir feito uma tola.