Fanfic: Do fundo da Escuridão

Dulce, naquela época em que tudo começou, tinha apenas 16 anos. Apesar
de nova, já sofria de um grande mal, ela tinha depressão. Na verdade,
era muito mais do que uma depressão, porque depressão tem cura, já no
caso dela não. Ela já havia nascido com esse problema, ela tinha sua
alma manchada, sim manchada com a feiúra, a tristeza, a podridão. Mas o
que ela não sabia é que Deus tinha um destino para ela, assim como tem
para todo mundo. Só que o dela era muito especial, e todo esse
sofrimento era um dos muitos testes que ela teria que passar.
Dulce
vivia numa cidadezinha do interior. Era órfã de mãe e pai. Morava
sozinha desde os 12 anos, quando perdera sua amada mãe. Sua mãe e o seu
pai haviam tentado de tudo para faze-la feliz, para arrancar aquele
sofrimento dela. Mas infelizmente não haviam conseguido. E com a morte
dos dois o sofrimento da Menina só se tornara pior. Para ela eles tinham
morrido por culpa dela, por sempre a verem triste. Ela tentava não ser
triste, tentava sorrir, mas não conseguia. Ela só conseguia ver as
coisas ruins e tristes.

Dulce ia ao colégio como qualquer pessoa normal, mas lá também se
excluía de todo mundo. As pessoas no inicio tentaram se aproximar, mas
haviam desistido, pois todos suas tentativas haviam sido em vão. Até
mesmo os professores não falavam com ela, apenas a deixavam quieta no
canto e tentavam ajudar da maneira que podiam, apesar de ser difícil
ensinar sem comunicação.
Naquele dia, os professores comunicaram que o
colégio iria fazer um passeio para capital, onde os alunos assistiriam o
espetáculo do maior mágico de todos os tempos, o Senhor Christopher
Uckermann . Devido ao fato dele ter nascido no país e querer ajudar a
educação evoluir, todo dinheiro que ele ganhasse naqueles shows ele
doaria para colégios.
O colégio de Dulce havia conseguido entradas
especiais para aquele espetáculo, devido ao fato do diretor do colégio
ser tio de Christopher Todos os alunos se animaram, menos Dulce, que não
estava nem um pouco a fim de ir. Sabia que iria ser ruim e como não
tinha mais seus pais para ficarem tristes por ela, ela apenas se
conformava com sua tristeza.

Dulce estava se retirando da sala, quando o professor Alberto a chamou
de volta.
-Dulce, a onda pensa que vai? – perguntou-lhe
-como não
tenho a intenção de ir nesse passeio, prefiro me retirar- falou toda
encabulada e com as bochechas rosadas.
-Dulce, eu acho que seria
importante você ir, eu sei de todo o seu problema para conseguir
autorização, mas nisso podemos dar um jeito! Mas acho que se você for,
fará um bem enorme a você!
-mas, professor....
-Dulce, não vá por
mim, ou por seus colegas, vá por você! e se isso não for motivo o
bastante, vão por seus pais! Tu sabes muito bem que o que eles mais
queriam na vida era te ver feliz! Tenta isso pelo menos uma vez, quem
sabe se tu mudares um pouco de ares tu consiga! Faça um esforço, não vai
cair seu dedo!- disse tranqüilamente
-deixe-me pensar- pediu
As
palavras de Alberto haviam atingido o coração de Dulce Maria. Ela estava
em dúvida, tinha quase certeza de que se fosse, se sentiria muito mal.
Mas que se fosse, poderia ao menos tentar fazer a vontade de seus pais.
Ela
ficou pensando alguns minutos até que se decidiu. Ela iria, mesmo que
ficasse mal se fosse para lá, pior do que já estava não poderia ficar.
Foi,
ao mesmo tempo, um engano e um acerto.