Fanfic: Tú, solo tú ♥

Dulce: Eu sou uma pessoa que se assusta
fácil, Christopher. Não gosto de não ter as coisas sobre o meu
controle. Durante dois anos levamos o que tínhamos na brincadeira. Um
beijinho ali, outro aqui... Tudo muito inseguro. Eu sempre fui muito
carente também. Sempre precisei de alguém ao meu lado para me acolher,
falar que tudo vai ficar bem e essas coisas bobas de garota
necessitada... E quando começamos a ficar juntos, nenhum dos dois sabia
ou queria tomar as rédeas de um relacionamento... E não tinha como.
Nossa relação fora da banda era insegura e eu precisava de... Segurança.
Precisava de alguém que estivesse comigo em todos os momentos, e acho
que você não estava pronto para isso... Nem eu. A conclusão é que eu
estava apavorada por ter descoberto que estava loucamente apaixonada
por você quando tinha que começar a esquecê-lo...
Christopher: Você não precisava me esquecer, Dulce.
Dulce: E eu não esqueci.
Christopher: Que bom – miraram-se nos olhos –, porque também não consegui esquecê-la... E acredite, eu estou apavorado.
Dulce: Porque? – procurou outra vez o contato entre suas mãos, entrelaçando os
dedos em um contato envergonhado e misturando o âmbar do olhar dele com
o mel do seu.
Christopher: Porque você não me disse se aceita ou não jantar comigo amanhã.

Uma
risada graciosa saiu da boca de Dulce, e, confirmando com a cabeça, ela
aceitou não só um convite para jantar, mas como também uma oportunidade
para a felicidade.

“Que o amor vai longe assim; não foi você quem quis saber?”
(Aquela Mulher – Chico Buarque)
Dulce: Paty, tenho que desligar!
Sam: Me diga o que você vai vestir, guey! Quero saber dos sapatos à roupa intima!
Dulce: Que invasão de privacidade! – deu uma risada – Não vamos a nenhum lugar
chique, pelo que ele me falou. Estou indo com uma calça jeans justa,
aquele sapato que Zora me deu de aniversário... Sabe qual é?
Sam: Sei...
Dulce: E com uma regata. Mas está frio, por isso estou levando um casaco.
Sam: Deixe de ser boba, Dulce! Não leve porra de casaco nenhum. Christopher
tem que ver o seu decote e tem que perceber que você está com frio para
emprestar o próprio casaco em um ato de cavalheirismo.
Dulce: Depois ele pega um resfriado e a culpa é minha? No, gracias.
Sam: E o cabelo? Vai prender ou deixar solto?
Dulce: Vou deixar solto... Ou eu prendo?
Sam: Eu gosto quando você usa calça jeans e prende ele... Mas fica muito informal. Vai solto mesmo.
Dulce: Será que eu aliso?
Sam: Dá tempo?
Dulce: Acho que não. Ainda tenho que passar a maquiagem e essas coisas...
Sam: Ah – gritou – Você não me disse como é a lingerie!
Dulce: Quem disse que eu vou de lingerie?
Sam: Vai sem nada? – gargalhou – Menina, não sabia desse seu lado totalmente
ousado. Christopher realmente sabe instigar o seu lado mais felino.
Dulce: Deixe de ser uma ninfomaníaca, Samguijuela! Eu quis dizer que posso muito bem ir normal...
Sam: Até parece – continuou a rir – Mas até que está certo.
Dulce: O que está certo?
Sam: Vocês dois passaram por muitas coisas – se recompôs – Seria bom se
nesse encontro vocês só conversassem... Quem sabe no final, um
beijinho? Mas tem que ser de leve. Ai no segundo encontro...
Dulce: Se tiver segundo encontro...Sam: Terá segundo encontro – rugiu – Como eu ia dizendo, no
segundo encontro tem que rolar um amasso. Não muito caliente, mas algo
que o deixe com vontade de um terceiro encontro.
Dulce: Ainda me pergunto como eu sou sua amiga!
Sam: Fica quieta! – protestou enraivecida – Ai no terceiro as coisas ficam
boas. Você tem que provocá-lo durante todo o encontro, dando um
gostinho do que pode ter se o encontro for bom. Ai se agradar a você, pimba! Se transforme em uma amante latina e...
Dulce: Tenho que desligar – prendeu a risada – Já disse que ainda tenho que passar a maquiagem?
Sam: Já – sorriu do outro lado da linha – Mas antes quero que você saiba que
eu e as meninas estamos muito felizes por você... Quando digo meninas
me refiro à todas menos a Ivalu. Esperamos que sua noite seja ótima,
Candy.
Dulce: Eu também espero, Sam. Faz tanto tempo que não
tenho um encontro... E depois de doze anos terei o meu primeiro
encontro com o Christopher... É muito estranho.
Sam: Não
consigo nem imaginar... – disse – Mas vem cá, se as coisas saírem do
controle e vocês não conseguirem resistir ao maior pecado humano, me
manda uma mensagem amanhã de manhã, ok? Eu e as outras estamos na
torcida. Você está precisando de uma noite de sexo e acho que o
Christopher pode...
Dulce: Tchau, Sam! Amo você.

Tú-tú-tú-tú…
Quando o telefone se encontrou no gancho, Dulce respirou fundo, percebendo que Sam estava certa em uma coisa: era impossível imaginar.
Como seria? Do que falariam? Será que ele não tinha se arrependido?
Conhecia
Christopher há tanto tempo – contando com o tempo que haviam passado
sem se falar – que era assustador ter um primeiro encontro... Se bem
que não poderiam considerar um jantar como um encontro. Conversariam um
pouco, contariam as novidades, talvez rissem e comeriam... Não era
literalmente um encontro...
Ok, era um encontro.Poderia gritar, chorar, ou até mesmo se enfiar debaixo do cobertor e
nunca mais sair dali, mas queria muito ir, porém, estava tremendo de
medo.
Sua taxa de coragem mensal havia acabado desde que
atravessara a porta da casa dele e deixara um recado... Agora estava
como sempre fora. Pensando, pensando e pensando para depois fazer. Mas
era tarde demais. O encontro estava marcado, tinha menos de uma hora
para conseguir acreditar que em menos de uma semana a sua vida tinha
mudado por completo, sem contar que ainda tinha que terminar a
maquilagem!
Quando, Deus, ela pensou que estaria saindo para jantar com Christopher Uckermann?
Não como amigo, companheiro de RBD ou qualquer outra coisa não interessante, e sim, com o homem Christopher Uckermann?
Se fosse qualquer outro, ah, qualquer outro, ela não estaria suando
frio, muito menos batendo os dentes uns nos outros. Se fosse qualquer
outro homem, e não Christopher Uckermann, o coração dela não estaria
entalado na garganta e suas mãos não estariam tremendo. Se fosse
qualquer outro homem não teria graça.

Você
não é só mais uma de minhas mulheres, como você sabe que entre nós...
Há alguma coisa. Não adianta eu negar, muito menos você tentar me fazer
desacreditar, porque sei que há...

Como palavras ditas
há tanto tempo poderiam ser relembradas como se tivessem sido ditas em
apenas alguns minutos antes? Qual era o poder – ou melhor, qual era o
tamanho do poder – que ele tinha sobre ela? Existia alguma coisa entre
eles ainda? Como era possível, depois de tanto tempo, ainda querer
tanto que...

Dulce: Droga! – sibilou assim que viu o horário.

Estava atrasada.
Muito atrasada.
Tinha que estar perfeita.
Ah, tinha.
Quando Dulce Maria regressou a invadir sua vida, Christopher se
assustou por ter sido exatamente como ela adentrara pela primeira vez: como um furacão.
Em um segundo, tudo estava normal... O suficiente.
Acabar um noivado era fácil, ainda mais quando não via nos olhos da
noiva o que gostaria de enxergar. Quando era assim, era até fácil demais.
O problema é que ele gostava de Monique, talvez por ser o estereótipo
ao qual estivesse acostumado e ao qual julgava gostar. Loira, alta,
olhos claros... Não se recordava de ter namorado uma mulher que não
tivesse aquela aparência e o engraçado era que a mulher ao qual ele
tinha chegado a se apaixonar não possuía nada do qual ele esperava.
Baixinha, autoritária, nervosa, orgulhosa, com os olhos escuros e
extremamente confusos, sem contar o cabelo. Ruivo, castanhos... O que
Dulce tinha?
Ele deveria ser masoquista – ao menos, gostava muito
de se ferir. Oito anos antes tinha sofrido tanto por algo que não
entendera no começo, e sofrera ainda mais depois de compreender o que
se passava... E tudo por culpa de Dulce.
Dulce, aquela
mulher que ainda conseguia lhe tomar o fôlego e roubar a sua atenção.
Aquela Diaba, aquele anjo, aquele mistério disfarçado de mulher. Queria
tanto ter a resposta para todas as suas perguntas relacionas a ela, porque seria tão mais fácil se ela viesse com um manual. Mas talvez não fosse tão interessante; ele gostava de desvendá-la.
E agora estava ali, sentado, esperando por ela.
Chegava a agir como um adolescente, esfregando as mãos umas nas outras
de forma impaciente, olhando para a porta do restaurante pelo rabo dos
olhos e tragando goles de água a cada minuto... E nunca tinha agido
daquela forma.Mesmo ao auge dos seus dezenove, com todo o sucesso da banda RBD, ele
não tivera tempo para agir como um garotinho em alguns aspectos, e um
desses era o assunto mulher. Aprendera fácil como se virar na selva dos
sexos. Conquistar uma mulher era fácil, bastava dizer o que ela
gostaria de ouvir, e aquela era a realidade.
Chamegos, carinhos,
olhares e sorrisos... Nenhuma mulher precisava de carros e diamantes
quando se tinha aquilo. E é claro que a fama e o seu padrão de beleza
ajudavam até demais na hora da conquista...
Mas então porque quando se tratava de Dulce ficava tão inseguro?
Não podia lançar uma cantada ou ao menos exagerar na formulação das
frases... Tinha que pensar e repensar antes de se atrever a falar, pelo
menos até perceber que ela estava acomodada no assunto. Tinha que ser
um homem, e não um idiota. Tinha que ser de tudo e mais um pouco, pois
quando se tratava dela – e somente dela – ele queria dar o seu melhor.
Tanto que estava dando uma segunda chance para os seus sentimentos.
Começariam do zero, ele proporia naquela noite, sem mágoas e ressentimentos, apenas com muita expectativa e esperança,
porque estava disposto a tentar algo com ela. Estava disposto porque
sabia que se olhasse nos olhos dela encontraria o que gostaria de
enxergar.
Encontraria o que perdera há oito anos.Quando levou o copo de cristal outra vez aos lábios para tomar mais um
gole de água para tentar acalmar os nervos, Christopher mirou a porta,
vendo que a mesma se abria e lhe davam a chance de presenciar a entrada
da mulher mais bela daquele estabelecimento – e talvez do mundo, para
ele.
Dulce estava como ele imaginava que estaria. Simples, com o seu próprio toque de elegância.
A realidade é que ela estava perfeita, mas não queria se exaltar nos
primeiros segundos... Mas quando ela o avistou e sorriu, de forma
tímida e com uma animação escondida, ele se colocou de pé, querendo
aproximar-se o mais rápido que conseguiria dela para outra vez poder
senti-la perto, e ela, com passos parecendo desesperados, se aproximou,
chegando à mesa e corando assim que percebeu que estavam ali. Dulce e Christopher.
Dulce e Christopher como homem e mulher, e não como Roberta ou Diego, ou ex-integrantes do RBD.
E sim, Dulce e Christopher, como eram nas caladas da noite entre quatro
paredes. Dulce e Christopher, ambos dispostos a algo maior do que eles
poderiam esperar. Dulce e Christopher, e não sabiam como reagir aquilo
tudo.

Dulce: Me perdoe se me atrasei – ela disse
rapidamente, abaixando a cabeça para esconder as bochechas rubras – Não
achei o restaurante porque quebrei o meu GPS – sussurrou – Boa noite.
Christopher: Boa noite – sorriu de forma voluntaria ao reparar que ela estava tão
envergonhada quanto ele e afastou uma cadeira para ela, sabendo que ela
sorria por debaixo dos cabelos castanhos – E você está linda, Dulce.

Como um furacão ela entrara em sua vida... E ele não a deixaria escapar outra vez.

“Se me perco me encontro em você”
(Por mais que eu tente – Marjorie Estiano)