Fanfic: Tú, solo tú ♥

O caminho para o salão em que seria realizada a festa foi mergulhado em um silêncio perturbador.
Desde
que Christopher passara de carro para pegar Dulce no apartamento dela,
eles tinha apenas pronunciado os cumprimentos e depois, se calaram e
afundaram-se em pensamentos.
Estranho, os dois pensaram. Tudo aquilo era muito estranho.
Uma situação constrangedora, em que ambos pareciam duas crianças inexperientes que não sabiam o significado de recomeço. Eram dois tolos, mas isso eles já sabiam.

Christopher: Eu já disse o quanto você está bonita hoje? – ele perguntou com a
intenção de quebrar aquela barreira silenciosa que eles estavam
construindo e então virou o rosto para encará-la, percebendo a
vermelhidão que se instalavam nas bochechas dela.
Dulce: Ainda não disse... – murmurou envergonhada, cobrindo sorrateiramente o
rosto com as mãos e abrindo um pequeno sorriso escondido.
Christopher: Pois... – parou o carro graças a uma ordem do sinal vermelho e tomou as
mãos dela para descobrir o rosto tão delicado e corado, sorrindo ao
encontrar o seu olhar. — Você está muito bonita hoje, Dulce.
Dulce: Gracias. — ela respondeu tomada pela timidez, e, sem ter o comando de
seus atos, colocando uma das mãos de Christopher em seu rosto.

Ele
sorriu encantado com aquele simples gesto, movendo a palma de sua mão
na face de Dulce e vendo como ela mordia o lábio inferior desajeitada,
porém, sem quebrar a conexão de olhares que eles tinham criado.
Christopher
se viu obrigado a se afastar um pouco quando o sinal esverdeou,
perdendo o contato com o rosto dela, mas ainda segurando forte uma mão
dela, sem dar indícios de que soltaria.

Christopher: Sabe, isso tudo é um pouco contraditório... – pela tonalidade de voz,
Dulce percebeu que ele faria alguma brincadeira e não errou.
Dulce: O que? – questionou, mordendo os lábios novamente e fitando-o pelo canto dos olhos.

Christopher: Não foi você que disse que nunca mais sairia com
caras mais novos em uma entrevista? Não pense que eu não leio as
fofocas relacionadas a você, Dulce, porque eu sou um assíduo leitor de
revistas de fofocas e estou conectado 24 horas por dia nos foros.

Dulce
não conseguiu segurar a gargalhada, fazendo assim o carro afundar na
gostosa melodia de sua risada. Christopher abriu um sorriso de canto
pequeno, satisfeito por ter consegui arrancar algo tão sincero quanto
aquela risada, pois ele sabia como ninguém que era bem difícil fazer Dulce sorrir para alguma coisa – quaisquer que fosse – de maneira
verdadeira. E ali estava ela, a mulher que dissera várias vezes que não
manteria uma relação com um homem mais novo... E sim, aquilo tudo era
tão contraditório! A quem Dulce estava tentando enganar? Quando eles
tinham tido aquela paixonite aguda e intensa na época do RBD ele era
apenas um garoto! Antes mesmo de começar a ter barba grossa já tinha
conquistado a atenção daquela que se dizia “tão concentrada no trabalho
que não tinha tempo para namorar”... Antes mesmo dos vinte passara
muitos bons momentos com ela em uma cama em Acapulco na virada do
ano... E Dulce continuava sendo contraditória aos seus atos.

Dulce: Pois sim, cielo,
quantas vezes eu já tive que morder a minha língua por causa das coisas
que eu falo sem pensar? – e deu outra risada, negando com a cabeça e se
divertindo com tudo aquilo. – E eu não sabia desse seu lado fuxiqueiro
de querer saber sobre tudo e todos.
Christopher: Não quero saber sobre tudo e todos... Eu quero saber apenas sobre você.

O
peito de Dulce arfou, enquanto o seu coração passou a bombear mais e
mais e mais rápido. Sua face ficou tão corada que não conseguiria
disfarçar nem mesmo se a cobrisse com as mãos, pois a tonalidade
escarlate começava da raiz de seu cabelo e acabava na ponta de seu
queixo.

Será que Christopher teria para sempre aquele poder incomum de
conseguir deixá-la com uma coloração mais intensa do que o normal?
O
carro parou uma esquina antes do local desejado e Christopher ampliou o
contato de suas mãos, colocando a outra que antes se encontrava parada
no volante sobre elas. Dava-lhe prazer ver o quanto ainda atingia Dulce
com elogios e palavras encantadoras que conseguia elaborar somente
quando eram destinadas a ela. Dulce era tão mulher que sim, era estranho vê-la tão rendida e encantada por alguém que, em um passado distante, era apenas um garoto. Um garoto que se tornara homem ao lado dela. Um garoto que se tornara homem por ela.

Christopher: Eu esqueci de perguntar uma coisa... – coçando a cabeça com facilidade,
devido aos cabelos ralos, ele fez uma careta e chamou-lhe a atenção. –
Os paparazzis estarão logo na porta de entrada, e nós estamos...
Juntos.

Como eles conseguiram se esquecer daquele pequeno detalhe? Sim, era além do óbvio que os paparazzis estariam ali, dispostos a
tirarem uma foto – ou milhares – dos atores que participariam da festa,
e se ela e Christopher chegassem juntos, no mesmo carro, aquilo sim
seria motivo para milhões e milhões de flashs... Contudo seria
estranho de toda forma, pois ela não participava da novela que estava
se encerrando, nem ao menos era uma das convidadas principais. Naquela
noite, Dulce era a acompanhante de Christopher e os paparazzis não eram
tolos o suficiente – na verdade, não eram nem um pouco tolos – para não
desconfiarem. Quem acreditaria se eles utilizassem a tão clichê
desculpa de que o carro de Dulce estava no concerto ou coisa do tipo?
Oh, estava na hora de começar a encarar os desafios de frente, com o nariz erguido e com toda a coragem que encontrasse.

Ela tinha cometido erros o suficiente para uma vida inteira, se
tratando de Christopher, e agora que estava disposta a recomeçar, que
fosse com o pé direito.
Por Christopher ela faria aquilo.
Nem que fosse contra todos os seus princípios.

Dulce: Vamos entrar juntos, exatamente como estamos. – ela murmurou, mas com firmeza em sua voz.

Christopher
espantou-se, como era de se esperar. Arquejou o corpo no banco e
mirou-a desconcertado, não conseguindo ingerir aquelas palavras que
tinham saído da boca de Dulce. Da boca dela. Diabos, quem era
aquela mulher e o onde estava a sua Dulce? A verdadeira nunca se
arriscaria tanto na frente das câmeras... Não enquanto não estivesse
100% e mais um pouco convicta da decisão que tomara. Aquela não podia
ser a Dulce. Nem em seus melhores sonhos...

Dulce: Se
vamos recomeçar, quero dar o melhor de mim. – seguiu dizendo,
entrelaçando mais uma vez os dedos de sua mão aos dedos da mão dele,
aproximando-a e colocando-a em seu colo. – Não quero ter que ficar
encontrando-o escondida, com medo de um fotografo nos localizar e
dedurar em alguma revista... Estou cansada de surpresas inconvenientes
e acho que já passou da hora de eu enfrentar esse trauma, e, se for
para fazê-lo, que seja com você...

O sorriso dado por
Christopher foi imenso, de uma orelha a outra. Ele beijou com
delicadeza a mão dela que estava segurando, não conseguindo encontrar
em palavras o suficiente para representar a felicidade que emanava em
seu interior e exterior. Aquela só poderia ser a melhor noite de todas.


Christopher: As Vondys vão ficar felizes. – outra vez ele brincou, escutando outra gargalhada de Dulce se misturando ao som do motor do carro.
Dulce: Sim. – sorriu também, sentindo uma felicidade há muito ausente tomando conta de seu corpo. – Muito felizes.