Fanfic: Tú, solo tú ♥

Blanca: Então você está realmente apaixonada?

A pergunta
pegou Dulce de surpresa, fazendo com que ela quase deixasse o celular
cair no chão e se espatifasse em pedaços. Os olhos castanhos
encontraram olhos tão igualmente castanhos, procurando esconder a
verdade em algum canto, mesmo sabendo que não conseguiria, pois Blanca
já tinha provas o suficiente... E, além de tudo, era a sua mãe, e mães
sempre sabiam as verdades dos filhos.
Porque ela precisava falar
em voz alta sendo que a resposta era óbvia? Depois do que Blanca vira
no próprio aniversário, o carinho com que a filha e o
antigo-novo-não-sabia-ao-certo genro trocavam, como ainda ter dúvidas?

Dulce: Você nunca me perguntou isso.

O que era verdade.
Blanca nunca perguntara nada relacionado com o seu coração.
Sempre
escutara... Mas nunca perguntara. Se Dulce quisesse lhe dizer o que se
passava em sua vida amorosa, com quem estava se deitando ou com quem
estava saindo, isso era por conta dela. Blanca não abria a boca tanto
para perguntar, quanto para criticar, apenas escutava e dava conselhos
quando achava necessário... E aquela pergunta... Desde quando ela lhe
perguntava coisas do tipo?
Droga, não deveria ter convidado Christopher para aquela maldita festa!

Blanca: Mas hoje eu resolvi perguntar. Há alguma mal nisso, menina?
Dulce: Não há nada de mal, mamãe. – outra mentira. – Foi apenas estranho.
Blanca: Então você não se incomoda em me responder se está ou não apaixonada?
Dulce: Eu...

Porque Deus tinha dado as mães o dom de perceber?
Só porque elas carregavam uma criança no ventre por nove meses não
significava que elas tinham o direito de ler os olhos dos filhos!
Ninguém deveria ter aquele direito! Se uma pessoa resolve mentir, ela
que arque com as conseqüências... Mas se a pessoa nem ao menos mentir
pode, para o que recorrer?

Ok, a verdade.

Dulce: A resposta é óbvia, mamãe.
Blanca: A resposta é
óbvia para os olhos, mas não para os ouvidos. Responda-me em alto tom,
Dulce... Você está apaixonada pelo Christopher, não está? – antes que a
filha pudesse arranjar uma forma de se safar, ela prosseguiu: - E por
todos esses anos... E por todos esses anos você me escondeu que outrora
você também tinha sido apaixonada por ele... Disse-me que era apenas um
caso e que passaria com o fim do RBD, ou até mesmo antes, e eu
acreditei Dulce... Mesmo sabendo que era mentira. E agora você está
apaixonada por ele e está com vergonha de me dizer... Por quê?
Dulce: Não é vergonha, mamãe... Eu tenho medo de um dia lhe magoar. Eu sei o
quanto é importante para você que todas as suas filhas encontrem o
homem certo, se casem e construam um lar e uma família, mas que nunca
percam a felicidade com o homem que escolheram... E por isso, durante
todos esses anos, eu lhe contei sobre os homens que passaram em minha
vida... Porque eles passaram em minha vida, e nenhum ficou para contar a história... Mas Christopher... Christopher estava ali mesmo quando não estava... E eu não podia chegar e simplesmente lhe
dizer isso... Que o homem que eu estava apaixonada aos meus vinte e
poucos anos era o homem que eu achava que queria pelo resto de minha
vida... Porque seria mentira. Eu não queria Christopher pelo resto de
minha vida naquela época, porque eu não queria estabilidade emocional
em um relacionamento, e sim estabilidade profissional em meu
trabalho... Por isso eu tinha o Pablo... Porque sabia que ele seria
passageiro, apenas algo do momento para acalmar os meus nervos e
distrair um pouco o meu coração e corpo do que eles realmente
queriam... Que era o Christopher. Eu não queria uma casa, uma família
ou filhos com Christopher antes... Eu queria a minha vida. Queria a
minha liberdade, a minha casa, o meu dinheiro, a minha segurança... Eu
queria me descobrir, mamãe, e eu precisava me descobrir sozinha.

Ela parou de falar por um momento para olhar o mar, sentindo a brisa
bater nas poucas mechas de cabelo soltas e esfriando-lhe o corpo.

Dulce: Se eu tivesse falado para você algunas anos atrás que estava apaixonada
por Christopher, eu lhe desapontaria, porque não conseguiria
estabelecer um relacionamento sério com ele... Não naquela época. Nós
precisávamos amadurecer em corpo, alma e ideias e não nos
suportaríamos, acredite... Por isso eu não lhe disse, porque eu a
decepcionaria. – sorriu calma, colocando as mechas atrás da orelha e se
abraçando. – E hoje eu tenho medo de lhe dizer, mas não porque não vejo
o meu futuro com Christopher, porque hoje eu o vejo perfeitamente...
Vejo uma casa, crianças e uma felicidade relacionada a ele... Mas eu
tenho medo de lhe dizer por que talvez você não aprove o relacionamento
que nós estamos criando... É algo nosso, mamãe. Ao nosso tempo, a nossa maneira...
E isso nos torna diferentes. Eu ainda não disse para ele com palavras
que estou apaixonada, porque ainda não chegou a minha hora de dizer...
Ainda estou conhecendo o novo Christopher e ele ainda está conhecendo a
nova Dulce... E então eu estou escondendo essa verdade para mim por
hora, porque não estou pronta para dizer... Ainda.
Blanca: Você está feliz. – ela não perguntou. Ela afirmou.
Dulce: Sim, eu estou feliz.
Blanca: Essa é a melhor resposta que você pode me dar, Dulce. – esticou os
braços para abraçar a filha com carinho maternal. – E também é o melhor
presente.
Dulce: Não menospreze essa viagem, mamãe! Trabalho tanto para poder ter mimos assim e para poder mimá-la também!
Blanca: Não estou menosprezando nada, querida! Você e seu pai têm essa péssima
mania de colocar palavras na boca das pessoas! Eu estou adorando tudo
isso! – ambas deram uma risada. – Não são todos os dias que eu acordo
com café no quarto e posso jogar passar a tarde inteira escutando o
barulho do mar, não é mesmo?

Dulce: Viu só? Meu trabalho serve para algo além de me dar rugas e uma carga extra de preocupações. E um envelhecimento precoce.
Blanca: Vá lá, envelhecimento precoce! – a mãe debochou da filha e lhe deu um
tapa de leve no traseiro. – Filha minha não envelhece. São menininhas
até mesmo quando somente fios brancos surgirem do couro cabeludo.
Dulce: Orale, isso significa que serei uma eterna criança. Não me diga que
você também tem síndrome de Peter Pan, mamãe... Já aturei essa tal
crise o suficiente por uma vida!
Blanca: Sim, você é a minha
eterna criança. – beijou o topo da cabeça da filha. – E eu quero que
você saiba que não há como você me decepcionar, querida. Você foi um
presente de Deus na minha vida e hoje e amanhã, não importa a escolha
que você tomar, eu vou apoiá-la e acolhê-la.

As duas ficaram
em silêncio, escutando os gritos de algumas crianças que corriam em
volta do convés, segurando bexigas coloridas que um palhaço distribuíra
mais cedo, depois do jantar, e também alguém gritando um “BINGO!” de
dentro do salão ali perto. Aquela viagem tinha sido a escolha certa e
Dulce precisava lembrar-se de agradecer Christopher outra hora por
tê-la dito para presentear a mãe daquela forma.

Dulce: Então você aprova o Christopher como genro?
Blanca: Ora, que tipo de pergunta é essa, Dulce? Qualquer mãe quer um genro como ele! Você já imaginou como serão lindos os meus netos?

Fazendo
a filha gargalhar e abraçando-a ainda mais forte, Blanca acompanhou-a
na risada, aproveitando cada minuto daquela viagem ao lado de sua
menina.