Fanfics Brasil - CAPÍTULO VII Verão eterno!!! (Terminada)

Fanfic: Verão eterno!!! (Terminada)


Capítulo: CAPÍTULO VII

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Eles cavalgaram em
silêncio, até que Poncho pôde ob­servar as montanhas, as rochas e o céu, sem
mais perturbar-se pelo desejo que tanto lhe atormentava o cor­po e a mente. Ele
sabia como lidar com as necessida­des passionais de seu corpo, mas o ardor que
sua mente sentia por Anahí era algo absolutamente novo para ele.


Depois de algum
tempo ele explicou que uma gran­de parte da divisa da fazenda não mais
correspondia ao mapa devido aos inúmeros desmoronamentos. Já conseguia
controlar-se novamente, e sua voz era clara como se nenhuma sensação houvesse
passado por seu corpo sedento.


-    
Nenhuma
porção de terra deve ser posta de lado quando se procura água artesiana. Quando
foi feito o último mapeamento de sua fazenda? - perguntou ele.


-    
Em
1865, logo depois que Nevada se tornou Es­tado. Foi quando os bisavós de minha
mãe decidiram saber a extensão exata das terras - disse Anahí, sor­rindo.


Poncho suspirou e
arrumou o chapéu na cabeça:


    -  
Isso explica tudo. Algum de seus ancestrais imaginou que houvesse apenas
vegetação rasteira por estes lados e não incluiu nenhuma parte da bacia
subterrâ­nea.


-      Meu bisavô bem que tentou, mas só precisou
construir uma barreira para diminuir o fluxo das cor­rentes formadas pela água
das chuvas. Naquela época, não tínhamos necessidade de pesquisar água
artesiana, então o governo ficou com a parte da bacia subterrânea e nós ficamos
com a parte montanhosa. Além disso, ainda poderíamos criar gado nas terras do
governo e nunca nos preocupamos muito em colocar cerca para delimitar nossa
propriedade.


Poncho perguntou,
interessado:


-     Os poços naquela época eram muito fundos?


Anahí
encolheu os ombros sem muita certeza do que sabia:


-     É difícil dizer. Você sabe, naquele tempo
tudo era mais fácil e abundante. Mas com as secas, o nível da água foi
diminuindo cada vez mais e chovendo cada vez menos. Tenho a impressão que a
cada ano que passa esta terra fica cada vez mais seca...


Poncho percebeu que
Anahí estava angustiada e resol­veu não fazer mais perguntas. Lado a lado eles
caval­garam em silêncio até atingir uma área não muito mon­tanhosa coberta por
árvores típicas do local. Mais adiante, estava o Campo Pinon, e quando lá
chegaram os cavalos suados demonstravam cansaço devido à lon­ga caminhada
íngreme que haviam feito.


Finalmente, a
trilha os conduziu a uma clareira onde os pinheiros cresciam em profusão.
Aquele local som­breado contrastava bastante com a região acidentada de Pinon.
O ar era mais fresco lá e algumas aves re­pentinamente começaram a voar como
que avisando outros animais de que havia intrusos no local.


Poncho olhou ao
redor com olhos de quem havia pas­sado a maior parte de sua vida no Oeste
selvagem. De­pois, observando o local mais cuidadosamente, notou que aquela
clareira estava localizada num só bloco de terra, indicando que a superfície
havia se rompido logo abaixo, no sopé daquela elevação recoberta por pinheiros.


Poncho dirigiu-se à
frente da elevação, onde as monta­nhas se tornavam repentinamente altas e
íngremes. A rocha que formava aquelas montanhas dizia muito a quem soubesse
decifrá-las. E Poncho sabia.


-    
O
que você está procurando? - perguntou Anahí.


-    
Sinais
de que estas rochas possam ter absorvido água no passado.


Anahí olhou para
ele e para a montanha, sem saber muito bem o que pensar.


-     É difícil acreditar,, mas alguns tipos de
rochas são verdadeiras esponjas, podendo absorver enormes quantidades de água.


Em seguida, ele
pegou seu mapa e um lápis e conti­nuou a explicar o que pensava:


-     Muitos de seus poços foram perfurados em lo­cais
com este tipo de rocha, fazendo com que a água fosse se aprofundando cada vez
mais. É por isso que muitas pessoas acham que esta região é estéril, mas na
verdade é uma das mais ricas e raras do planeta.


Anahí percebeu a
emoção que havia no tom de voz de Poncho e sentiu-se ainda mais atraída por
ele. Ela também amava aquela terra agreste, cujas riquezas não estavam
facilmente à mão. Anahí, assim como seu pai, sabia que aquela fazenda daria
muita coisa a quem soubesse entendê-la.


Ela se perguntava
quem Poncho realmente seria, e como alguém com tantos conhecimentos poderia
andar va­gueando pelo Oeste, como o vento fazia, deixando símbolos enigmáticos
por onde passava. O que o for­çava a viver como o vento? Haveria alguma coisa
que faria mudar e estabelecer-se num lugar? No fundo de seu coração, Anahí
sabia que nada poderia segurar o Irmão do Vento, nem mesmo os sonhos de uma mu­lher.
Poncho continuava sua dissertação sobre a região e suas características:


-    
Na
realidade, o que precisamos encontrar é uma camada de rochas que não tenha
deixado a água pas­sar.


-    
E
como acharemos essa camada se ela está loca­lizada entre rochas de diferentes
características?


Poncho gostou da
pergunta de Anahí. Ela entendia tudo o que ele dizia, ao contrário de tantos
outros para quem ele já havia explicado as mesmas coisas. Poncho sabia que Anahí
podia compreender aquela terra como poucos. Mas será que, da mesma maneira, ela
conseguiria com­preender o desejo que ele sentia por ela? Virando-se para ela, Poncho
tentou responder-lhe a pergunta, apesar de estar com a mente voltada para ela e
não mais para as rochas e montanhas:


-     Se as outras camadas forem estreitas, não
have­rá problemas, mas se no entanto elas se estenderem, a água da chuva será
mais facilmente absorvida e for­mará pequenos regatos entre as montanhas.


Por um momento Poncho
ficou em silêncio. Depois, des­montou de Tufão e tirou uma pequena caixa preta
de sua mochila. Ao abri-la, Anahí notou um espelho de um lado, e o que parecia
ser uma bússola do outro. Depois, inclinando a caixa em direção a um pedaço de
rocha, Poncho anotava alguma coisa em seu mapa. O mesmo processo foi repetido
com vários tipos de ro­chas. Vendo que Anahí o olhava com curiosidade, ele lhe
explicou o que fazia:


-- Este é um tipo
especial de bússola que mede a inclinação de uma camada geológica.


-    
E
o que você descobriu?


-       Que há uma inclinação razoável, mas não sufi­ciente para
absorver muita água. Desse modo, imagino que há uma corrente subterrânea
iniciando-se aqui e continuando até alcançar sua fazenda, sem nenhuma zona
bloqueando o curso da corrente.


-     E se houver alguma zona de bloqueio?
Poncho montou Tufão novamente e respondeu:


-    
Às
vezes a água se acumula nestas zonas. Outras vezes há tantas barreiras que é
impossível descobrir por onde a água corre.


-    
Você
acha que existe alguma barreira absorven­do a água da minha fazenda? -
perguntou Anahí, de­monstrando preocupação.


-    
Parece
que sim, mas esta análise que acabei de fazer não é muito significativa. É uma
zona de transi­ção entre a fazenda de James e a sua. As montanhas localizadas
na fazenda dele não absorvem água de mo­do algum. Toda ela forma, correntes ou
ajunta-se na superfície formando lagos.


-    
Então
é por isso que ele tem tanta água? Ela não se aprofunda pela terra,
simplesmente fica se acumu­lando na última camada de rocha, apenas esperando
que alguém a tire de lá - concluiu Anahí.


-    
De
um certo modo, sim, mas cedo ou tarde a água será usada totalmente e tudo
ficará seco.


-    
Mas
então as montanhas localizadas na minha fazenda são diferentes?


-    
As
que estão localizadas ao Norte daqui, sim. E as planícies também. Nelas você
pode perfurar até cinquenta metros que só encontrará cascalho seco.


Anahí olhou para o
horizonte e suspirou com pesar ao pensar que poderia perfurar tão profundamente
e não encontrar nem uma gota de água. Acabaria com seu dinheiro e com seus
sonhos também. Poncho percebeu que ela estava assustada e se amaldiçoou por ter
sido tão realista:


-     Desculpe, mas foi para isso que você me
contra­tou. Não pretendo de modo algum desperdiçar seu di­nheiro e perfurar
onde não haja a menor possibilidade de encontrar água - disse ele, tocando o
rosto deli­cado com as pontas dos dedos.


Aquelas palavras e
aquele toque dissiparam-lhe o medo completamente. Então colocou a mão sobre os
dedos morenos, num gesto de renovada confiança:


-     Sei disso. Acredito em você.


E isso era a pura
verdade. Jamais confiara em al­guém como nele. Jamais depositara os seus sonhos
nas mãos de alguém, como fizera com ele, e, da mesma forma, jamais pensara que
alguém poderia lhe dar algo, numa troca de confiança e amor.


Com Poncho,
entretanto, essa troca parecia possível. A cada dia ele a fascinava cada vez
mais, com suas palavras, seu modo de ser, seu toque gentil. Anahí imaginava
quando ele romperia as rochas que existiam nela, para descobrir a maravilhosa
água do amor.


Na realidade,
aquele pensamento aterrorizava-a, ainda mais.


-     Há outros blocos de rocha como esse ao Sul
do rancho? - perguntou Poncho, conduzindo Tufão de volta ao Campo Pinon.


Por um momento,
imersa em seus pensamentos, Anahí não respondeu. Em seguida, ainda sentindo-se
em conflito com seus medos, Anahí olhou-o e respondeu:


-    
Não.
Campo Pinon é um marco na Vale do Sol, exatamente por ser único e diferente.


-    

algum penhasco, vale, ravina, algum lugar onde eu possa fazer análise de
rochas?


Anahí tentou se
lembrar de lugares onde tais rochas pudessem ser encontradas, qualquer marco
que pudes­se ser significativo.


-    
Do
lado de lá. Vê aquela clareira depois da casa da fazenda? - perguntou ela.


-    
Sim.


-       Logo em frente, escondida atrás da montanha, existe uma
antiga estrada. Há cerca de cem anos, ha­via um local de mineração lá perto.
Ouro ou prata, não me lembro muito bem. E mais à frente, perto do Ca­nyon do
Vento, havia uma outra mina. Ambas foram desativadas há muito tempo, mas parte
da estrada ain­da existe. O canyon é
bastante profundo e a terra é diferente lá, se despedaça facilmente e nem a
vegeta­ção rasteira consegue crescer bem naquele local.


-    
Perfeito.
Pelo que você disse, deve ser um ótimo lugar para se analisar.


-    
Bem,
se você acha... mas lembro-me que aque­la estrada era assustadora. ..


-    
Você
não precisa vir comigo. Aliás, vai ser um trabalho bastante cansativo.


Ela olhou para ele
e sorriu, sabendo que o acompa­nharia a qualquer lugar.


-    

alguns outros locais, até se chegar lá, onde não existe nenhuma rocha - disse Anahí,
querendo dar todos os detalhes possíveis sobre a Vale do Sol.


-    
Vamos
examiná-las também. Há algum sinal de água nestes lugares? Por exemplo, grama
sempre ver­de, vegetação mais alta ou qualquer coisa parecida?


-    
Bem,
há um outro canyon
chamado o Canyon do Estribo, e há também a bacia de
Silver Rock na parte mais baixa da fazenda.


Poncho então abriu
seu mapa novamente, e olhou-o in­sistentemente:


-     Há alguma coisa especial na bacia de Silver
Rock?


-- Sim, lembro-me
que há uma grande área de ve­getação diferente. Minha família a chamava de Bota
do Caçador, pois tem o formato de uma bota.


Poncho sorriu ao
ouvir o nome, e pediu que ela mar­casse com um lápis, no mapa, o local onde se
locali­zava aquela área. Anahí tentou, mas ao olhar o mapa perdeu a
localização. A quantidade de dados marca­dos em todos os lugares do papel era
impressionante, e, por aquilo, ela deduziu que Poncho já vinha estudando o solo
da Vale do Sol há muito tempo. Havia símbolos, notas enigmáticas, e todas as
margens estavam anota­das. Anahí sentiu-se atordoada.


-    
Não
consegue localizar-se? - perguntou ele, observando a reação de Anahí.


-    
Não.
. . mas não é só pelo mapa. É você. . . Nada parece fazer sentido. Você é um
domador de cavalos, mas possui altos conhecimentos geológicos. Você trabalha
para mim há duas semanas, mas o ma­pa da região onde se localiza a fazenda tem
anotações anteriores a este período...


De repente ela
parou de falar e ficou pensando que afinal ela não sabia quem era Poncho.
Apenas um nome, que não era indígena nem inglês. Ninguém sabia de onde ele
vinha nem para onde ia, e, apesar de tudo, Lee confiava nele como num filho. As
pessoas diziam que ele era mau, mas havia sido tão educado e gentil para com
ela que a única coisa que queria era abraçá-lo e jamais deixá-lo partir.


Anahí não teve
chance de dizer o que pensava, pois Poncho já começara a falar:


-     Já ouvi falar sobre você por todo o Oeste.
Um barqueiro em Idaho uma vez me disse que havia uma mulher em Nevada, num
lugar chamado Vale do Sol, que precisava de ajuda. Em Utah, um fazendeiro me
disse que o irmão dele ouviu dizer que uma mulher chamada Anahí precisava muito
de água, mas ninguém conseguia perfurar um poço para ela. Uma vez encon­trei
água para um criador de bois e ele me disse que vendera o melhor gado Angus que
tinha para uma mu­lher com lindos olhos e muito esforçada, e que ela per­deria
todo seu rancho se não chovesse logo.


Anahí ouviu tudo
com um grande aperto na gargan­ta, não conseguindo controlar as lágrimas. O
fato de saber que outras pessoas se preocupavam com ela e queriam ajudá-la,
emocionava-a profundamente. Ela não queria chorar, mas os sentimentos que a
domina­vam eram fortes demais. Poncho então continuou a falar:




-     Depois de tanto ouvir o vento murmurar seu
nome, seus sonhos, resolvi voltar para Nevada. Quanto mais eu me aproximava da
Vale do Sol, mais ouvia as pessoas falarem sobre você. Sempre que trabalhava
para alguém, diziam-me que você precisava de ajuda. Todos diziam a mesma coisa:
"Ela é uma boa mulher, Poncho. Ajuda-a a encontrar água do mesmo modo como
você nos ajudou".


O azul dos olhos de
Poncho era tão intenso como cristal brilhando ao sol. Anahí olhou-o com a mesma
intensi­dade, sentindo que aquelas palavras a penetravam, quebrando a barreira
invisível que ela construíra ao seu redor. Ele ainda tinha muito o que dizer:


-     Eu não sabia se podia ajudá-la e só a
procurei quando tive certeza de que podia fazer algo por você. Já encontrei
água em lugares terrivelmente secos, mas em outros, não havia água nenhuma para
ser encon­trada. Eu não sabia se a Vale do Sol era um desses lugares. Então
estudei muitos mapas da região, con­versei com peritos da universidade e até
com indígenas da reserva. Em seguida, um piloto fez vários voos comigo sobre
sua fazenda, enquanto eu fotografava cada palmo da Vale do Sol. Aqueles voos me
ajudaram a economizar muito tempo.


As lágrimas que lhe
caíam pelo rosto impediram que Anahí o olhasse com clareza, mas mesmo assim ela
conseguiu perguntar:


-        Por
que, Poncho? Por que tanto trabalho por al­guém que você nem conhecia?


 



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Autor(a): annytha

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Prévia do próximo capítulo

Nunca alguém havia feito aquela pergunta para Poncho. Normalmente as pessoas ficavam felizes por aceitar o que ele oferecia e jamais perguntavam por que ele queria ajudar. Mas Poncho já havia se feito aquela per­gunta muitas vezes, sem contudo saber a resposta. Ele simplesmente ajudava alguém apenas em troca de casa e comida, e depois partia. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 467



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  • unposed Postado em 05/08/2010 - 22:29:41

    Por favor, não abandona! Continua postando.

  • unposed Postado em 05/08/2010 - 22:29:40

    Por favor, não abandona! Continua postando.

  • meybely Postado em 02/08/2010 - 12:55:45


    NUM ABANDONA!
    posta logo

  • unposed Postado em 19/07/2010 - 22:53:20

    Adoro todas as suas webs. Não para não, posta mais, please!

  • meybely Postado em 08/07/2010 - 14:50:00


    NÃO ABANDONA NÃO! CONTINUA!

  • meybely Postado em 08/07/2010 - 14:49:56


    NÃO ABANDONA NÃO! CONTINUA!

  • meybely Postado em 08/07/2010 - 14:49:51


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  • meybely Postado em 08/07/2010 - 14:49:46


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  • meybely Postado em 08/07/2010 - 14:49:34


    NÃO ABANDONA NÃO! CONTINUA!




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