Fanfics Brasil - ●●●3/2° Cap. ••●MidNight Man●•• [DyC]

Fanfic: ••●MidNight Man●•• [DyC]


Capítulo: ●●●3/2° Cap.

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Quando chegaram ao restaurante Dulce lançou um inconsciente suspiro de alívio, como se tivesse deixado atrás algo mais que uma tarde fria. Movendo-se naqueles espaços familiares e elegantes sentiu que pisava em terreno seguro, no que conhecia as regras. Onde poderia manter-se firme. Ali estava no século XXI em vez de em uma caverna onde o vencedor era o homem com o pau maior.


 O maître deu boas-vindas e os acompanhou a uma mesa em um canto isolado, uma das melhores, perto da enorme lareira acesa. Dulce elevou as sobrancelhas. Frequentemente ia ali com clientes à hora do almoço mais nunca tinham devotado este lugar tão seleto. O bilhete do Chris devia ser um com muito poder.


 —Conhece a comida francesa? —Perguntou ela quando abriu o menu com capas de couro.


 —Sim, um pouco. — Chris deu de ombros— Mas não sou um comedor exigente. Pedirei que você peça —se sentou ao seu lado no banco em vez do outro lado da mesa e pôde sentir os fortes músculos do bíceps quando deu de ombros.


 Dulce baixou o menu.


 —Pedimos então “Rognons A Créme Ardennais”?


 Chris apoiou os largos ombros no respaldo do banco e bufou.


 —Você acredita que retrocederia ante uns rins com nata? Não sabe quão más são as rações de campo. Isso quando temos rações. Meus homens e eu nos escondemos uma vez em uma caverna durante três semanas e a única coisa que tínhamos para comer era uma cabra montesa que capturamos. Tivemos que comer carne crua porque não podíamos nos arriscar a acender um fogo. Comemos tudo, incluindo os globos oculares. Teríamos comido os cascos e a pele se tivéssemos podido.


 —Ugh — estremeceu ela delicadamente—Onde aconteceu isso?


 Ele fez uma careta com a boca.


 —Em algum lugar muito mais desagradável que este, isso asseguro.


 —Se me dissesse isso teria que me matar? —perguntou ela em brincadeira, enrolando uma mecha de cabelo que caía por detrás da orelha.


 —Não. Nunca — Agarrou a mão, com a cara séria—. Não faço mal às mulheres, Dulce. Não poderia. Nunca se preocupe por isso — aproximou sua mão da boca e beijou no dorso—. Mas sim. É melhor para você que não saiba.


 Sentiu um formigamento na mão, ali onde ele a tinha beijado. Isso a surpreendeu e a assustou.


 O garçom se aproximou para colocar diante deles um prato de peças quentes e para tomar nota do que queriam. Chris fez o pedido em um francês bastante decente. O homem estava cheio de surpresas. Podia forçar uma fechadura, comer uma cabra crua e falar francês. Uma combinação insólita para um homem insólito.


 —Fala bastante bem. Seu francês é melhor que meu francês de escola, isso seguro.


 —A marinha enviou a alguns de nós a uns cursos intensivos em Monterrey. Aprender francês e espanhol esteve bem, mas o farsi e o afegão foram umas put… er, difíceis de aprender.


 Não tinha libertado sua mão. Com o outro braço colocado ao longo do respaldo do sofá, mantinha-a eficazmente em um abraço.


 Dulce clareou voz. Tinha a parede em um lado e a parede de seu peito no outro. Nem sequer podia ver os outros comensais. Ele enchia por completo seu campo visual, afligindo-a.


 A luz da vela lançava sombras fascinantes sobre os traços duros de seu rosto. Embora tivesse uma barba fechada estava perfeitamente barbeado. Devia ter se barbeado justo antes de sair. Não havia indícios de um creme pós barba, mas era muito consciente do aroma de roupa limpa que desprendia, couro e sabão. E algo indefinível que devia ser… ele.


 Dulce tossiu e remexeu inquieta. Ele estava tão perto que parecia que não havia bastante ar para respirar. Puxou com suavidade a mão, depois mais forte. E a mão grande apertou mais.


 —Se está tentando fazer que eu desista, não o conseguirá — Se inclinou para frente ainda mais e enterrou o nariz em seu cabelo—. Atrai-me muito para que desista - murmurou—. Cheira muito bem, muito bem. Cristo desejo você — Quando a mão direita se moveu pelo respaldo do sofá até rodear sua nuca, ela deu um salto.


 —Assusto você?


 —Um pouco — sussurrou ela.


 —Lástima. Porque não vou desistir. De maneira nenhuma — estava acariciando seus dedos, brincando com eles, passando a áspera almofadinha de seus próprios dedos sobre a pele. Cintilavam-lhe os olhos. Ela ainda não podia adivinhar de que cor eram. Escuros, mas não marrons. Tampouco exatamente azuis. Liberou-lhe a mão para acariciar suas bochechas.


 —Suave — murmurou Chris— Tão suave — Um dos grandes dedos se deslizou por sua mandíbula, depois desceu pelo pescoço. Riscou uma veia que palpitava— Poderia pensar que está assustada, Dulce, mas não acredito. Sabe o que acredito? Hmmm?


 A ela lhe tinha acelerado a respiração, aspirando ar a baforadas ligeiras e rápidas.


 —Não — Inclusive a voz soou rouca— O que acredita?


 —Sua pele é tão fina, posso ver como palpita o sangue nesta veia daqui.


 Moveu o dedo sedutoramente para baixo, acariciou-lhe a clavícula e subiu pela redondez do seio. E logo rodeou o mamilo.


 —Aqui está dura, carinho. É como uma pedra.


 Através do tecido do sutiã, através da seda da camisa, as sensações eram muito intensas. Sentiu-as até nos dedos dos pés. E quando ele passou roçando o mamilo, daqui para lá, ela sentiu —Oh, Deus— como retorcia o útero, prelúdio das palpitações de um orgasmo.


 —Quer saber o que acredito? Acredito que está… excitada.


 Ela olhou ao redor grosseiramente, esperando ancorar-se a outra coisa que não fosse Chris Uckermann, e sua voz, e suas mãos. Mas ele eclipsava tudo e quão único podia ver era seu rosto abatendo-se sobre ela, olhando-a com tanta atenção como qualquer predador vigiaria a sua presa.


 Voltou a lhe acariciar o mamilo com o polegar, observando-a. Ela gemeu brandamente e mordeu os lábios.


 —E eu — agarrou sua mão com força e —Oh, Deus— a pôs na virilha—, também estou excitado —terminou com um áspero sussurro.


 O pênis parecia uma barra de aço, mas viva e quente. Ela compreendeu que inconscientemente tinha intensificado a pressão sobre a virilha quando ele fechou os olhos com força e sua respiração se transformou em um gemido. O pênis saltou sob a sua mão e se tornou, de maneira impossível, mais longo e mais duro.


 Dulce, tremendo, afastou a mão. Entrelaçou-a com a outra, colocou-as sobre a mesa e cravou o olhar nelas. Deveria dizer algo. Sabia que tinha que dizer algo, mas não veio absolutamente nada à mente.


 Isto tinha ultrapassado todos os limites de sua experiência com os homens. Tinha tido muitos primeiros encontros e isto estava totalmente fora de sua experiência, muito além do que considerava uma comunicação normal entre um homem e uma mulher.


 Se isto nem sequer era um encontro! Deveriam estar tendo um agradável jantar de negócios falando dos detalhes do aluguel.


 Deveriam estar falando da decoração do escritório e dos projetos para um novo sistema de segurança. Talvez com alguma pequena paquera dentro de uma conversa séria e adulta.


 Isso estava permitido. Ele era um homem poderosamente atraente. Um homem muito… masculino. Um pouco de agradável atração sexual estava bem. Um suave flerte, alguma pequena rajada.


 Não este vendaval que ameaçava derrubá-la.


 Ele estava sentado tão perto que podia sentir o calor de seu corpo. Um macho poderoso totalmente excitado que de algum modo tinha a capacidade de fazê-la sentir como se estivessem sozinhos em uma caverna em algum lugar em vez de em um restaurante lotado e civilizado.


 Dulce sabia que em algum lugar, além dos extremamente amplos ombros, havia uma sala cheia de comensais passando bem, comendo bem, e tendo conversas normais. Nada disso chegava até ali. Ali estavam só eles dois, e os dois excitados.


 A ele lhe notava perfeitamente bem.


 Ela ainda podia sentir a carícia no seio, embora ele tivesse deixado cair a mão. O mamilo — ambos os mamilos em realidade—, estavam doloridos. Doía-lhe entre as coxas e sabia que estava molhada. A verdade é que tinha estado mais excitada agora que fazendo amor com outros homens.


 E a lembrança tateante do pênis enchendo a mão, quente e duro como o ferro, fazendo-se ainda maior ao tocá-lo, permanecia ainda ali.


 Era tão pouco próprio dela. Dulce Saviñon não praticava sexo. Não como este. Não quente e duro e tão incontrolado que tinha acariciado um homem em uma mesa de um restaurante.


 Inspirou profundamente.


 —Precisamos… — passou a língua pelos lábios ressecados. Não pense no que precisamos— Precisamos, hum, falar. Falar desse novo sistema de segurança. E… e da decoração do escritório, se quiser que eu me ocupe disso.


 —Bem — O calor dos olhos não tinha desaparecido e ainda tinha a voz rouca pela excitação— Falemos.


 Se ela tinha esperado que ele se reclinasse para trás e mudasse a linguagem corporal, equivocou-se. O forte antebraço caiu sobre a mesa diante dela. Com o outro braço sobre o respaldo do sofá, estava ainda rodeada pelo macho grande e quente.


 Ela se moveu e o seio roçou o braço dele. Um músculo da mandíbula masculina deu um salto.


 Ficou congelada.


 Ele respirou profundamente.


 —De acordo, segurança. O primeiro que tem que fazer é melhorar o sistema de iluminação exterior do edifício, sobretudo a entrada — A olhou com o cenho franzido—. Não posso acreditar que viva na área de Pearl e não tenha se encarregado disso.


 Dulce franziu o cenho.


 —A entrada está iluminada — protestou. Ela mesma tinha desenhado as luzes. Cristal e ferro forjado em forma de tulipa.


 Olhou-a com compaixão.


 —Esferas de cem watts sobre o portal não são o que eu chamaria iluminação de segurança. Esses watts estão totalmente desperdiçados. Não precisa iluminar o céu. O que precisa é luz onde mais precise ver. O que tem agora é um resplendor que cria sombras e um vândalo pode ocultar-se nelas e atacá-la quando sair de noite para tirar o lixo.


 Nunca tinha ocorrido olhar dessa maneira. E nunca lhe ocorreria. Nem em um milhão de anos. Abriu a boca e a fechou. Voltou a abrir.


 —OH.


 —O que precisa — continuou ele—, é um metal leve que não desvie a luz e não resplandeça. Vou instalar focos com sensores infravermelhos que se ativam só quando alguém passa na frente dos detectores de segurança. É muito efetivo para espantar intrusos.


 Esse era um mundo completamente novo.


 —OH — disse ela outra vez—Certo.


 Mas ele não tinha terminado.


 —Também precisará de sensores de movimento e pôr um sistema conectado a um temporizador para que soe música quando estivermos fora do edifício.


 Sensores de movimento. Luzes infravermelhas. Detectores.


 —Não sei — disse ela ansiosamente— Tudo isso parece caro.


 —Não se preocupe com isso. O que desenhou para mim compensa com acréscimo.


 —Não o desenhei para você expressamente. — protestou ela— Só fazia garranchos um dia enquanto estava sentada nas acomodações vazias. E senti… — que você vinha. Conteve o fôlego— Senti que seria um bom espaço para um negócio — terminou.


 —É bonito. — disse ele com voz profunda e tranqüila.


 Ela o olhou alarmada.


 —Só sou um soldado. Um ex-soldado — acrescentou ele com ironia—. Mas não estou cego nem estou morto. Vi que era delicioso. E funcional.


 Ela sorriu, adulada.


 —Obrigado. Isso é o que um bom desenho de interior deve ser. Quando me explicar algo mais de como é seu negócio, é muito provável que possa melhorar o que viu.


 —Terá muito tempo para ver como funciona meu negócio — A olhou com calma— Viverei e trabalharei do outro lado do vestíbulo.


 O pensar nisso cortou sua respiração. Ele era uma presença tão poderosa. Como diabos ia poder concentrar-se em seu trabalho sabendo que ele estava do outro lado do vestíbulo?


 Dulce pegou o garfo de sobremesa e começou a riscar figuras na toalha de linho.


 —Deve ter sido difícil fazer o salto do exército ao mundo dos negócios. Poncho mencionou que tinha se retirado por uma incapacidade.


 Ela elevou a vista brevemente. Incapacidade. Era muito difícil associar a palavra incapacidade com esse homem. Duro, forte, resistente. Parecia que podia conquistar o mundo.


 —Mmm — Claro, ele não ia discutir nada relacionado com sua lesão—. É gracioso. Quando estava ativo, não podia imaginar outro tipo de vida — meio riu— Merd… perdão estou muito acostumado a passar todo o tempo com homens, sei que tenho que lavar a língua. De todos os modos, durante a maior parte de minha vida nem sequer sabia que existia outra maneira de viver. Cresci nas bases navais e logo passei minha vida adulta na marinha. E, claro, muitas coisas são novas para mim. Mas sabe o que? Faz-me ilusão esta nova etapa. Faz-me ilusão montar meu negócio, criar raízes, ter uma casa —Os olhos escuros —que cor era aquele? As luzes eram muito suaves para adivinhar se cravaram nela—. Isso é graças a você. Nunca sonhei vivendo em um lugar como o que desenhou para mim.


 Dulce agachou a cabeça. Já antes tinha recebido elogios por seu trabalho. Inclusive tinham dado um prêmio pelo desenho de um pequeno museu. Mas nada, nada, tinha significado tanto para ela como aquelas tranquilas palavras.


 Clareou voz.


 —Bem… espera até que esteja feito antes de dizer isso. Pode ser que você não goste do resultado.


 —Eu gostarei — a voz profunda falava com segurança—. Vamos?


 Dulce assombrada olhou ao redor. Quase não havia fogo na enorme lareira. A maior parte dos clientes do restaurante se foram. Só ficavam uns poucos casais à esquerda, sentados muito juntos um ao lado do outro. Amantes. Só ficavam os amantes.


 —Er… sim.


 Baixou o olhar para seu prato que ainda estava cheio. Tudo o que ela havia feito era empurrar a comida, tomando alguma e outra dentada diminuta. Assombroso. Passou a noite inteira no Comme Chez Soi —onde só as peças custavam 25 dólares, e valiam cada centavo— e não tinha comido.


 Dulce tocou os lábios com um guardanapo, subitamente nervosa. Repentinamente, completamente, totalmente consciente do fato que ele ia levá-la para casa. Chegaria até a porta do edifício, talvez entrasse pela porta do apartamento e…


 Os olhos se encontraram e o coração começou a dar saltos.


 —Levarei você para casa. — disse ele com suavidade, ajudando-a a levantar-se e lhe oferecendo a mão.


 Ele devia ter alguns poderes mágicos ou a capacidade de comunicar-se telepaticamente porque sem que fizesse nenhum sinal visível os garçons trouxeram os casacos e ele a levava até a porta, com uma mão grande e quente apoiada nas costas, mais rápido do que teria pensado ser possível.


 —Ah, Chris? —Já estavam na porta.


 —Sim? —Ele a olhou sorrindo. Foi o primeiro sorriso de verdade. Um sorriso assombroso. Ainda parecia duro, provavelmente nada mudaria isso, mas o sorriso tirou anos de cima.


 De repente recordou a data de nascimento dos papéis da baixa. Tinha só oito anos mais que ela. Embora fosse provável que fora muito velho que ela —anos mais velho— em experiências da vida, mas em termo de anos reais não havia muita diferença. Ele tinha trinta e seis anos. Um homem nessa idade ainda era jovem.


 —Não tem que pagar, ou algo parecido?


 O sorriso se fez mais amplo, mostrando um sulco a cada lado da boca. Em qualquer outro tipo de rosto seriam consideradas covinhas. No rosto dele, eram… amolgaduras.


 —Não é necessário. Aqui tenho uma conta de negócios.


 OH. Bem. Isso explicava o tratamento especial e a aparição mágica de uma mesa livre em uma sexta-feira de noite.


 Rodeou-a para abrir a porta.


 Tinha começado a cair granizo. Dulce se deteve e abotoou o casaco desejando outra vez ter tido o bom senso de calçar umas botas. Seus preciosos sapatos Rossitti iriam ficar ensopados.


 Chris contemplou o céu e deu o guarda-chuva negro e grande.


 —Venha, leve você isto.


 —Certo — Alarmada, Dulce pegou o pesado guarda-chuva, perguntando-se como poderia protegê-los da água se ele era bastante mais alto. Com um singelo movimento ele a agarrou nos braços.


 —O que faz? —gritou ela.


 —Me assegurando que não molhe esses preciosos sapatos. E bem? Vai usar esse guarda-chuva para nos cobrir ou recolhemos água da chuva com ele?


 Ao ouvir isto, Dulce se deu conta que estava segurando o guarda-chuva ao contrário. Endireitou-o. A única maneira de proteger a ambos do granizo era ter o guarda-chuva preso por detrás de seu pescoço, o abraçando. Tão somente uns centímetros separavam ambos os rostos. E os lábios.


 Ele caminhava sem fazer ruído, levando-a com facilidade. Os fôlegos se mesclavam condensando-se na fria noite, formando uma pequena nuvem ao redor deles.


 A bochecha de Dulce roçou a dele ao caminhar. Este tempo estava feito para escorregar e cair. Estava gelando e a rua se encheu de atoleiros. Se ela tivesse tido que percorrer a distância caminhando, haveria ido movendo-se com cuidado e olhando os pés.


 Ele não. Ele não tinha nenhum problema. Inclusive levando-a, inclusive sem poder ver os pés, tinha um passo estável e seguro, como se estivesse passeando em uma cálida tarde da primavera.


 Os braços de Dulce o rodeavam. Ao princípio tinha tentado não tocá-lo, mas o guarda-chuva era pesado e se sacudia com o vento. Só era capaz de mantê-lo estável apoiando o braço nas costas. Era uma posição perfeita para sentir como o conjunto de músculos de seus fortes ombros se movia ao levá-la.


 O fôlego dele esquentava sua bochecha. Cheirava a vinho e chocolate, embriagador e quente. Quente. O calor de seu corpo transpassava o casaco. Teve que fazer um esforço para manter a respiração estável, cravando o olhar sobre seu ombro a um nada.


 Detiveram-se e ela virou a cabeça e ficaram virtualmente nariz com nariz. Estava tão perto que podia ver traços que não tinha notado antes. Ele tinha uma cicatriz que lhe atravessava a sobrancelha esquerda, levantando-a em um V investido e dando a aparência de um diabo. Quebrado o nariz uma vez, talvez duas, e uma cicatriz muito fina e branca ia do ouvido até o queixo, acabando justo sob a mandíbula, como se alguém tivesse ido a ele pela jugular e tivesse sido detido a tempo.


 Quem sabe que outras cicatrizes tinha em seu… corpo.


 Começou a ter muito calor.


 Oh, Deus, pensa em alguma outra coisa, em qualquer coisa. Pensa na nevasca e no jantar e talvez na cicatriz da sobrancelha, mas não nas do corpo. Não enquanto ele a levava entre seus braços, não enquanto podia sentir, sentir o corpo quente através de quem sabia quantas capas de roupa.


 Já tinha sido bastante mal perguntar-se sobre aquele corpo depois que ele se foi, quando o mero pensamento dele nu tinha transformado suas pernas em gelatina. Era muito mais fácil imaginá-lo nu agora que a levava nos braços.


 Ele virou ligeiramente a cabeça e zás! Seus olhos se encontraram e ela sabia —sabia com certeza— que Chris lia seus pensamentos. Pior inclusive, o que estava sentindo. E havia tocado seu peito, e havia tocado seu mamilo.


 Ele sabia.


 Ela deixou de respirar.


 Olharam-se fixamente um ao outro durante um segundo. Ele baixou a cabeça e os sentidos dela se dispararam com o alarme vermelho e o coração começou a dar saltos, mas ele só segurou a maçaneta da porta.


 —Lá vai — disse com suavidade e a colocou no assento do passageiro. Uns instantes depois ele já estava no carro e o colocava em movimento.


 A água se converteu em neve acumulando-se no pára-brisa enquanto circulavam pela cidade. Dulce esperou que o batimento do coração se tranquilizasse tentando não olhá-lo. Mas isso era impossível.


 O duro perfil apareceu, desapareceu e voltou a aparecer conforme foram passando com rapidez as luzes da rua.


 Não havia nada que pudesse falar. A atmosfera na cabine estava tão carregada sexualmente que não havia nada que pudesse dizer que não traísse sua agitação. A voz tremeria se abrisse a boca. Inclusive a respiração era errática.


 Ao final o melhor era não dizer nada e observá-lo enquanto ele lutava com facilidade contra o clima que cada vez era pior. Observá-lo era fascinante. Ela estaria suando se tivesse que atravessar a cidade com este clima, mas ele estava tranquilo e isso a relaxou, mãos grandes que manobravam o volante com facilidade, movimentos suaves, mas controlados.


 Talvez na marinha ensinassem a conduzir pelo granizo e pela neve. Talvez tivesse ganhado uma medalha por isso.


 Estacionou diante da curta calçada que levava à entrada. A neve estava acumulando sobre a cerca de ferro forjado.


 A neve amorteceu todos os sons. Quando ele abriu a porta e a agarrou, foi como se todo mundo tivesse emudecido para que ela pudesse reclinar-se entre seus braços.


 Enlaçar as mãos detrás de seu pescoço parecia já a estas alturas um hábito muito enraizado.


 —Não tem que me levar — protestou ela— São só uns passos.


 Um músculo dançou na mandíbula quando baixou os olhos para olhá-la.


 —Encantado de fazê-lo, e meus braços lhe dão as boas-vindas.


 A viagem do Yukon até a porta da rua durou o de sempre. Uns segundos.


 Deixou-a no chão ao chegar à entrada mantendo ao redor dela um dos grandes braços e estendendo a outra mão.


 —Agora é um bom momento para me dar a cópia da chave. E me dar o código de segurança.


 —OH, é obvio — Dulce inclinou a cabeça para rebuscar na bolsa—. Sete e dois quatro e seis um e três nove. Vê? Memorizei-o.


 —Boa garota — Pegou a chave que lhe oferecia, pulsou o código e abriu a porta.


 Geralmente, Dulce se esquecia dos perigos de Rose Street uma vez que tinha transpassado a porta e se relaxava no ambiente quente e acolhedor que tinha criado. Mas agora estava tensa, ainda com um braço de Chris Uckermann rodeando-a e tremendo pelo que ela disse a si mesma que era frio.


 —Desligue o alarme. — disse ele. As mãos tremiam quando pulsou o código. Só estavam acesas as luzes do vestíbulo quando o cruzaram. De novo ele caminhava sem fazer nenhum ruído. O único som era o de seus próprios sapatos que sapateavam nervosamente ao mesmo compasso que seu coração.


O vestíbulo não era longo. Antes que pudesse reagrupar seus sentidos estavam diante de sua porta. Procurou na bolsa e tirou uma chave, apertando-a tanto que as bordas dentados lhe fizeram um corte na palma da mão.


 Dulce girou ligeiramente e o olhou.


 E outra vez seus olhos se encontraram. E ficaram olhando-se.


 Ela era muito consciente do fato de que estavam os dois completamente a sós no edifício.


 Ia beijá-la. Estava ali, em sua linguagem corporal, no brilho dos olhos, na tensão da pele das maçãs do rosto repentinamente ruborizados.


 E ela queria que a beijasse. O corpo dizia claramente o que queria. Tinha a respiração rápida e pouco profunda. Os seios estavam inchados e doíam, os mamilos dolorosamente eretos, e sentiu um formigamento entre as coxas. Ele sabia, esses olhos escuros viam tudo, notavam tudo.


 Quando Chris elevou os braços, arrepiaram seus cabelos da nuca. Mas em vez de abraçá-la com força apoiou as grandes palmas da mão na parede, uma a cada lado de sua cabeça e continuou olhando-a.


 Nenhum dos dois falou. Chris baixou a cabeça devagar, observando-a fixamente com um olhar tão intenso que ao final ela teve que fechar os olhos quando os lábios se uniram.


 Suave. Tinha os lábios tão suaves, pensou ela flutuando. Todos os traços de seu rosto pareciam tão duros e frios, mas seus lábios eram tão quentes e suaves. Devagar, devagar, deslizou os lábios pelos dela, mantendo vivo o fogo. Tinha um sabor tão delicioso, de chocolate e homem e, de modo intrigante, ao vinho que tinham bebido para jantar.


 Era por isso que a cabeça dava voltas? Abriu um pouco a boca e a língua dele se deslizou por seus lábios e ela os abriu ainda mais, impaciente por saboreá-lo melhor. Ele afastou um pouco os lábios, logo voltou a baixá-los, ainda muito brandamente. A luz que Dulce via através das pálpebras fechados se tornou dourada quando jogou ligeiramente a cabeça para trás. Só o justo para lhe oferecer ainda mais a boca.


 Beijou-lhe os cantos da boca e ela não pôde evitar esboçar um leve sorriso. Quem teria pensado que o muito mau Chris Uckermann, soldado, comandante, resultaria ser um homem que beijava com tanta suavidade?


Parte Hot a seguir... (66`



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Autor(a): linydmes

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

O sangue já não palpitava nas veias pela antecipação e os nervos tinham deixado de chispar. Agora lhe percorria o corpo como mel quente.  Agarrou-o com firmeza pelas lapelas do casaco precisando apoiar-se em algo, ancorar-se a si mesma. Sentiu o material suave e quente sob as pontas dos dedos. Como a sua boca.  Essa boca que se movia d ...


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  • natyvondy Postado em 08/06/2010 - 20:59:28

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  • natyvondy Postado em 08/06/2010 - 20:58:18

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