Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

Annie recuou quando ele ergueu uma lata, lutando
contra o acesso de riso.

- Essa linda blusa é berinjela. Não é um roxo
qualquer, é berinjela. Porque existem diferentes tonalidades de roxo, aliás.

- Não vai ser berinjela por muito tempo.

- Cuidado... A trégua ainda está de pé.

- Bem, se você ficar quieta, ficaremos quites em
dois segundos.

Quites uma ova.

O primeiro jato passou longe, mas não muito, e o
segundo veio tão depressa que ela mal teve tempo para reagir. Quando Poncho a
acertou direto nos seios, Annie engasgou, olhando para o rosto sorridente dele,
que declarou:

- Agora estamos quites.

Quites uma ova.

Annie apanhou o pincel, ignorando Poncho quando
ele proferiu o seu nome numa entonação ameaçadora. E então a batalha começou
para valer. O coração de Annie disparou de um jeito ridículo quando ele
gargalhou, enquanto ela se abaixava e esquivava para evitar o ataque.

A vontade de rir era grande demais para conter. E,
afinal, Poncho a imprensou na parede com o corpo musculoso, segurando um pincel
do qual a tinta escorria.

As sobrancelhas desapareceram sob as mechas
espessas de cabelos negros.

- Já acabou?

- Você já? - O coração de Annie esmurrou o peito.
- Você primeiro.

- É muita gentileza sua, mas nessa era de
emancipação feminina, eu devo dizer que não, mesmo... Você primeiro...

Poncho respirou fundo, o que deixou a muralha do
peito perigosamente próxima dos seios. Depois recuou e pintou uma larga faixa
na cintura do que antes era uma blusa berinjela.

Annie tentou se esgueirar, mas ele pareceu
adivinhar o movimento, bloqueando todas as tentativas e usando o braço livre
para impedir que ela pegasse outro pincel para contra-atacar. Enfim, Annie
desistiu e deixou que ele a pintasse até o pincel ficar quase seco.

- Tudo bem. Você ganhou. Mas só porque usou a
vantagem de ser mais forte.

Poncho mergulhou o pincel de volta na
lata, a voz grave baixa e calma.

- 
Você precisa aprender que não pode ganhar de mim.

E ele não se referiu apenas a uma luta
corporal, não é? Annie ergueu o olhar, observando distraída a mancha de tinta
no cabelo dele.

- E haverá sempre uma batalha entre
nós, certo?

- Sim.

Frustrada, Annie suspirou, fascinada
pelos cílios espessos de Poncho quando ele a fitou por um segundo, só o
bastante para que ela visse os olhos azuis escurecerem, e depois perdeu o
fôlego quando ele tomou a abaixar o olhar, erguen­do o pincel para começar a
riscar um padrão entre os seios.

Ele contraiu os lábios num sorriso
lânguido, absolu­tamente sensual. E ela ficou paralisada, os olhos semicerrados,
como se tentasse sufocar a vontade de gemer. Até perceber, de repente, o que
ele fazia.

- Você está escrevendo o seu nome em
mim? -É.

O riso baixo forçou Annie a abrir os olhos enquanto Poncho passava o
pincel com mais força nos seios ao formar a letra "P". E por nada
nesse mundo Annie conseguiu enten­der por que ficou parada e consentiu.