Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

galera não abandonei nenhumas das minhas webs.

só não poste esta semana é porque viajei e fiquei um tempão sem net.

mas pedindo perdão a todos e aproveitando que a copa pra nós acabou, seguimos a todas ok.

e com muitos capitulos besos a todas.

Na noite de sexta, quando entraram no pub, o quarteirão do Temple Bar
começava a fervilhar com a costumeira turba de cidadãos felizes por se livrarem
do trabalho por alguns dias. Sean ergueu a voz para ser ouvido.

- Por acaso pintou algum clima entre
você e Annie, chefe?

Poncho amarrou a cara quando notou
para quem Sean estava acenando. E não foi só ver Annie acenar de volta que o
irritou, e sim as pessoas que a rodeavam.

Não demorou muito para que ela
recaísse no velho círculo de amizades, não é?

- Não me chame de chefe depois do
expediente. - Deu as costas para a turma de encrenqueiros dos tempos da escola,
apoiando o pé no estrado de bronze do balcão antes de espiar Sean de soslaio. -
Ela andou alugando seu ouvido, não foi?

- 
Que nada. - Sean apoiou os cotovelos no balcão, enquanto Poncho chamou o
barman. - Mas ela não anda muito bem, não é? Você sabe, já que a conhece há
tanto tempo. E os rapazes sentiram a falta dela nos últimos dois dias. Ela
alegra o ambiente.

E o fato de que todos os operários a
tratavam como se houvesse acabado de sofrer uma perda, antes de desapa­recer,
não passou despercebido por Poncho. Eles começaram a tentar alegrá-la sempre
que possível. Portanto, Poncho resolvera ser mais rigoroso que de costume, o
que criara a necessidade de pagar uma bebida a todos para aliviar a
consciência...

Afinal de contas, eles não eram a
causa de seu mau humor.

Mas de jeito nenhum Annie faria com
que sentisse cul­pa pelos próprios atos. Por mais que ela parecesse melan­cólica
desde a noite em que quase a beijou.

- Bem, será que ela vai se animar se
terminarmos a reforma antes do prazo?

Sean ergueu o copo num brinde.

- Sim, senhor! Poncho riu. O
resto da equipe chegou e, após a distribuição de canecas de cerveja, todos se
engajaram no habitual bate-papo sobre carros e futebol. Porém, Poncho não
conseguiu relaxar como sempre. Os olhos se desviaram para o gru­po de mulheres
a poucos metros de distância.

Uma delas o viu e arregalou os olhos
de surpresa. I Então Poncho sorriu um sorriso lânguido e ergueu o copo num
brinde, rindo baixinho ao voltar-se para os compa­nheiros. Porque podia apostar
que a conversa naquela mesa agora ficaria mais interessante.

- Oh, meu Deus... Aquele não é o filho
do seu jardineiro?

Annie olhou para o bar, emburrando ao
ver o bando de mulheres que gravitava em torno de Poncho e companhia. Embora
que o fato de ficar parado ali, maior que todos os outros homens do bar,
vestindo uma jaqueta de couro preta e jeans desbotado, que lhe emprestavam um
ar de badboy, fosse um convite aberto a todas as mulheres com sangue nas
veias a pular em cima dele.

- É mesmo, não é?

Foi a noite mais longa de sua vida e a
pergunta de Berlinda foi a cereja do bolo. Serviu para provar o velho adágio
que diz "nunca olhe para trás". Mas seria grossei­ro recusar o
convite das velhas amigas de escola. Apesar de a palavra "amigas" se
aplicar em termos genéricos, pensou Annie.

- Não, ele é... - Annie franziu a
testa quando quase fez o mesmo que o acusava de fazer com ela: relegá-lo a uma
época remota da vida, em vez da pessoa que Poncho era agora.

- Alfonso Herrera. - Catriona cutucou Berlinda,
com um sorriso satisfeito. - Como se você não soubesse quem é. Atualmente ele
tem mais dinheiro que a sua família. Você o viu naquela matéria dos solteiros
cobiçados no ano passado? Haja coração...

Annie notou que Cat sorria fascinada,
os olhos aguçados ao abanar o rosto.

Berlinda não se mostrou muito
encantada. Provavel­mente fora o comentário sobre a fortuna de Poncho. Era o
problema dos aristocratas: eles podiam ter títulos de no­breza e mansões
imponentes. Contudo, ao longo dos sé­culos, essas mesmas mansões grandiosas
lhes sugaram todos os recursos. Por sua vez, Poncho subira na vida sozi­nho.
Ele era o que suas "amigas" chamavam de "novo rico".
Significava que poderia se misturar ao círculo delas, porém, o antigo esnobismo
ainda prevalecia.

E Annie detestou o modo como elas
falaram de Poncho.

- Ele trabalhou duro para construir a
própria empresa

- Empresas, querida. A sua
companhia principal pos­sui subsidiárias em toda a cidade, não sabia? - Cat
prati­camente ronronou as palavras. - E hoje ele parece um playboy. Não devia
tê-lo deixado escapar na época em que ele vivia atrás de você.

- Ele é lindo. - Pam, ou a sra.
Pamela Carmichael, nascida Hayes, esposa do respeitável John Carmichael,
aproximou-se de Annie. - E a Berlinda tem que concordar claro...

O que significava aquilo? Annie abriu
a boca para per­guntar, mas Berlinda anunciou:

- Ele pode ser tão sexy quanto o
pecado em pessoa, mas isso não muda suas origens, não é? Parece a história do Amante
de Lady Chatterley.

As outras riram feito gralhas, mas Annie
sentiu uma acidez no estômago.

- Vocês sequer notaram que estamos em
outro século? Faz pouco tempo, mas ver todas aquelas carruagens sem cavalos por
toda parte não serviu de pista?

- Querida, nós só estamos brincando...

- Não, não estão. - Annie sabia que
corria o risco de perder algumas "amigas", cujas famílias se
encontravam regularmente com a sua. Mas ela não ligava. - Vocês todas se acham
melhores que ele. E não são. Nenhuma de nós é. Poncho ganhou dinheiro com o
próprio suor. Ninguém lhe deu nada de mão beijada, nem ele se casou por
conveniên­cia. Portanto, isso o torna melhor que nós.

Cat aguçou os olhos outra vez, a voz
toda melosa.

- Corrija-me se eu estiver errada, mas
não foi você quem o colocou no devido lugar na nossa frente quando...?

- Eu era uma pirralha mimada, que foi
beijada com paixão e não sabia como agir! E o que fiz foi cruel e injusto.

- Sim, bem, imaginei que agora você
se arrepende­ria... - Cat acenou com a cabeça na direção do bar - porque
hoje ele é muito sexy e bem-sucedido. Mas você não pode afirmar que sua família
aprovaria que uma Portilla de fato se casasse com alguém...

Annie riu alto.

- Ah, Cat... Querida... Desde
quando eu gosto de ser uma Portilla? Passei anos me esforçando para
denegrir o sobrenome da família, sabe disso. - Sorriu de um jeito meloso. -
Você estava ao meu lado o tempo todo, se lembra bem. Eu até lhe agradeço por me
apresentar ao Dev. Ora, aquele era o cara certo para mostrar o que ter
berço significa, certo?

A voz de Pam soou irritada.

- Todas cometemos erros quando éramos
jovens de­mais para ter juízo.

- Sim. - Annie assentiu, os lábios
franzidos ao engolir a raiva. - Mas como adultas devemos ter a sensatez de
aprender com eles. Portanto, com licença, porque prefiro ficar no bar com o Poncho
e a equipe dele do que ficar sentada aqui, escutando vocês decidirem se o pacto
de servidão deve voltar à moda.