Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

- Empresário do Ano. Não estou
brincando quanto à mudança, Annie. Você não ficará naquele apartamento. Se Ucker
souber...

- Já disse que isso não tem nada a ver
com a minha família. - Ela suspirou e voltou a atenção para outras fotos. - E
não tem nada a ver com você, inclusive. Onde escolhi morar...

O súbito acesso de gargalhadas de Poncho
atraiu o olhar dela.

- Escolheu?

- Ora,
não me faça ir até aí e beijá-lo para evitar uma discussão, Poncho.

Ele sorriu.

- Faça o que tiver de fazer... Não
permita que eu a impeça. Mas ainda vamos encontrar um lugar para você morar na
segunda pela manhã.

- Não, não vamos.

- Sim, vamos.

Annie tornou a espiar a estante para
evitar o olhar fix0 de Poncho.

- Não, não vamos. Se você tentar me
acomodar em um dos seus imóveis, mesmo com desconto no aluguel, pare­cerá uma
recompensa pelo fim de semana. Portanto, es­queça. Onde tirou essa aqui, com
toda essa criançada?

- Que diabos você está insinuando?

- Você parece rodeado por um bando
de... Ele xingou baixinho e aproximou-se dela.

- Não me referi à foto e você sabe
disso. - Após se­gurá-la pelo cotovelo, amaldiçoou o indisfarçável tremor que
sentiu ao virá-la para encará-lo. - Achar outra casa para você morar não tem
nada a ver com isso.

Mesmo assim, por que ela não conseguia
fitá-lo nos olhos?

- Eu mesma posso encontrar um
apartamento.

- Lógico, você se saiu muito bem da
primeira vez. Isso lhe valeu ao menos um breve olhar fulminante. Parte do
cérebro dele percebeu que os dedos agora acariciavam a pele de Annie, como se
precisasse consolá-la de novo.

O simples gesto lhe rendeu um sorriso
discreto, quase carinhoso.

Será que ela quis mostrar que apreciou
o apoio? E ele se recordou de uma época quando ela costumava lhe sorrir
assim... Como se realmente gostasse de Poncho, e ele não fosse uma coisa
qualquer, grudada no seu calcanhar.

É incrível o que uma pequenina dose de
desejo é capaz de fazer.

-Tudo bem, não é o estilo de lugar no
qual crescemos, admito.

Ela revirou os olhos ao proferir as
palavras, mas tratou-se de um ataque duplo. Porque, em uma frase, ela não só
surpreendeu ao obedecer, mas também lembrou a épo­ca em que eram unidos, quando
tudo era simples.

Porém, Poncho não demonstrou que havia
percebido as intenções dela.

- Certo, combinado, então.

- Não, não está. Agradeço que não
queira... - tornou sorrir -... que o Moggie more lá. Mas não posso ficar
em dívida com você. Não depois desse fim de semana. -Alguma coisa mudou no
trajeto até aqui? Novamente, ela evitou encará-lo.

- Sei o que fiz quando arrumei a mala.
Só não quero que pense...

- Que você vendeu a alma, de certa
maneira? Annie engoliu em seco.

- Só estou dizendo...

Tudo bem, então ele com certeza não
influenciava a opinião dela em nada. Mas Poncho ficou muito aborrecido ao
imaginar que ela pudesse acreditar que ele seria capaz de cogitar tal coisa.

- Que eu penso igual a você? Eu
me ofereci para en­contrar outro lugar para você morar antes de tudo acon­tecer,
lembre-se...

Porque até o grande plano para
desmascará-la e ganhar a última partida da batalha de egos mudou depois que foi
ao apartamento dela, não é mesmo?

-Não.

Foi uma repetição da cena no beco,
quando ela tentou abraçá-lo. E agora Poncho entendeu que a palavra significava
uma súplica, e não uma rejeição. Colocou a cabeça para funcionar e tentou
lembrar se dissera algo para fazê-la supor que se entregar a ele era o mesmo
que fazer um pacto com o demônio. Quem sabe tenha falado mesmo, afinal Annie
sempre conseguia arrancar-lhe palavras ásperas.

Entretanto, considerando o que tinha
em mente quan­do saiu para encontrá-la, talvez ela não estivesse errada quanto
à parte do "pacto demoníaco". E, por alguma razão isso o fez se
sentir... sórdido... Por isso, tentou se explicar imediatamente.

- 
Será que está preocupada porque a sensação de vender a alma e de fazer
amor comigo é a mesma? - Poncho a odiou ainda mais por fazê-lo precisar saber
que ela não se sentia assim. Como se precisasse ouvi-la dizer que 0 desejava
loucamente.