Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

Há menos de dois dias, ela não
acreditaria que chega­riam tão longe. Portanto ela pagaria para ver e torceria.

Contudo, na manhã seguinte Poncho era
outro homem. Para começar, acordou bem mais cedo que no final de semana. E
pareceu ativar o piloto automático enquanto se preparava para sair.

Até que o motor enguiçado do carro
dela o deteve.

- Eu falei que essa coisa está nas
últimas. -Aposto que um mecânico pode consertar.

- Não. Antes das oito da manhã,
impossível. - Poncho amarrou a cara ao bater o capo. - Vamos deixar as chaves
debaixo do capacho e trancar o Moggie na cozinha. Você pode vir comigo e,
assim, antes de deixá-la na galeria, apanhamos a lista de apartamentos para
você ver.

-Eu ainda não disse...

Ele a fuzilou com os olhos. Annie
tomou a atitude mais madura e resmungou até Poncho voltar, trancar a porta e
colocar as chaves sob o capacho. E decidiu que não gos­tava da versão
"manhã de segunda-feira" de Poncho.

- Entra.

Annie fez beicinho.

- Um "pode entrar, Annie",
ou um "por favor" faria você parecer menos tirano esta manhã.

Pelo menos ele teve o bom senso de
conversar um instante, ao invés de jogá-la na caminhonete, o que seria
bem capaz se ela o provocasse.

- Tenho muito o que fazer hoje.

- Ahã. Bem, espero que uma das coisas
da sua lista seja parar e tomar um calmante, porque, francamente, na minha
humilde opinião... Poncho versão "Manhã de Segun­da-feira"? Nem um
resquício do Poncho "Final de Semana" Eu gostava muito mais dele.

- Ele também gostava mais da Annie
"Final de Semana" que da Annie "Manhã de Segunda-feira".
Agora, por favor pode entrar na droga da caminhonete para que eu possa tentar
encaixar 35 horas nas próximas 24?

Annie empinou o queixo e virou-se, um
sorriso contrain­do os lábios.

- Bom, já que pediu com tanta
delicadeza.

Às oito o celular dele começou a tocar
feito louco. E fascinada, Annie assistiu a Poncho, na versão
"executivo" entrar em ação. Ah, ele não era incrível? Ela até o
perdoou por ser tão brusco ao perceber o quanto o dia dele seria cheio. -

O viva-voz foi uma excelente fonte de
informação.

Annie observava enquanto Poncho
fechava negócios e organizava as tropas no mundo inteiro, dirigindo ao mes­mo
tempo.

Foi sexy ao extremo.

Meio como descobrir a identidade
secreta de um super-herói, ou que ele levava uma vida dupla. Embo­ra preferisse
a primeira descrição. Durante todo o tempo em que ele trabalhou na galeria, ela
não reparou que o telefone dele tocava tanto. A sua ausência ela notou. Sabia
quando ele saía do prédio ou trabalhava meio-expediente. Mas nunca lhe ocorreu
que Poncho cuidasse de tantas outras coisas enquanto isso.

Sim, porque estava fascinada demais
por vê-lo de macacão, não é?

- Sim... Ele estará lá ao meio-dia. Poncho
suspirou ao fazer a curva.

- Diga-lhe
que estarei lá. - Sorriu para Annie. - Peça à Fiona da administração que
prepare uma lista de aparta­mentos: andar térreo, dois quartos, com jardim ou
facili­dade de estacionamento, se possível. Na área oposta a Éden Quay.
Chegarei lá em vinte minutos, se o trânsito deixar.

- Entendido, chefe. Ligo de volta em
dez minutos. -Tchau, Mick.

Annie cruzou os braços e ele percebeu
que ela ficara zangada.

- Poncho... Eu não falei...

Ele ergueu o indicador, o que a deixou
de olhos arre­galados. Poncho a mandou calar a boca!? Era melhor não.

- Kevin CVDwyer. - O celular
mirabolante de Poncho obedeceu o comando de voz e Annie foi forçada a escutar
enquanto ele mandou recolher, consertar e checar os pneus do carro dela. Foi
inacreditável. - Obrigado, Kevin.

- Então, o que vou almoçar?

- Quê?
- Ele franziu a testa.

- Bem, você organizou a minha vida
inteira em três minutos. Portanto apenas imaginei se você me informaria o que
comerei no almoço de hoje. - Poncho cometeu o erro de rir e Annie emburrou. O
sujeito realmente não fazia a menor idéia de quando estava em apuros, não é? -
Sobre­mesa e tudo, assim como você fez com o carro... Eu podia ter cuidado
disso sozinha, depois de conferir os preços. E em relação aos apartamentos, não
estou brincando, Poncho. Não decidi se me mudarei. Já paguei três meses de
aluguel, além do depósito. Não posso me mudar tão cedo - Pronto, ela não
poderia ser mais direta. E certa de que ele seria razoável, até conseguiu falar
tudo sem levantar a voz. Entretanto, só por precaução, descruzou os braços e apertou
o ombro de Poncho. - Agradeço o que está fa­zendo. Apenas não é necessário.
Posso me cuidar sozinha atualmente. E até gosto disso, sabe?

Ele não respondeu de imediato, o olhar
fixo na estra­da. Quando o trânsito ficou lento, finalmente olhou para Annie.

- Você é mesmo louca por essa história
de indepen­dência, não é?

- Sim, sou.

- Sem nenhuma ajuda da família. Annie
fez uma careta.

- A menos que seja nos meus termos.

- Como assim? - Ora, essa era uma
pergunta e tanto, E a resposta não era simples, aliás. Ela respirou fundo e
bufou. E não precisou dizer nada, porque Poncho enten­deu os sinais. - Imagino
que seja uma resposta compli­cada, não?

- Sim. - Franziu o nariz. - Um pouco. Ele voltou a atenção para o
trânsito. -O.K.