Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

Espremida entre o volante e o corpo
dele, Annie fitou-o surpresa.

- Lembra... Caso secreto?

- Circunstâncias atenuantes. -
Beijou-a de leve nos lábios. -Agora, escute...

- Você me pressiona demais, sabe?

- Vai me ouvir ou fazer uma tentativa
medíocre de desviar o assunto? Porque você me conhece há tempo demais para
achar que isso funcionaria. - Annie o fuzilou com os olhos. - Mas Poncho
compreendeu que ela estava preocupada com o futuro e manteve a voz calma. -
Você precisa saber que não existem garantias de que isso vá durar, Annie.
Existem muitos pontos contra. Um final de semana não conserta tudo.

-Eu sei...

- Eu não acabei. - Respirou fundo e
tentou organizar os pensamentos antes de expressar o que realmente sentia.
-Mas o final de semana mudou tudo... Porque agora, com você no meu colo, só
consigo pensar em levá-la para a cama e passar o dia inteiro nela.

Annie sorriu do jeito que fazia o
corpo dele reagir, como se tal possibilidade fosse iminente.

- Pare com isso.

O sorriso iluminou. E Poncho não
conseguiu impedir-se de sorrir também antes de prosseguir.

- Por mais que eu tenha absoluta
certeza de que ado­raríamos passar o dia inteiro na cama nas próximas se­manas,
até enjoarmos um do outro, isso seria impossível. Porque eu preciso trabalhar e
você tem a galeria para cuidar. Logo, isso significa que, por enquanto, devemos
agir como se isso fosse um relacionamento de verdade. E os casais passam um
tempo se conhecendo melhor. E se eles se conhecem melhor e não gostam do que
desco­brem, então terminam tudo.

- Sim, terminam.

- Mas conhecer algo do qual não se
gosta de antemão pode prejudicar o discernimento. - Verdade. - Sim, pode mesmo.
Mas se, por milagre, algo permaneceu desperce­bido por tempo suficiente para
passarem aquele fim de semana, para início de conversa, eles podem tentar a
parte de se conhecer melhor. E isso é o máximo que pre­tendo ceder. Portanto,
tome uma decisão, Annie.

Poncho precisava saber quem ela era, o
quanto mudou, quando mudou e o que provocou a mudança. Ele não sabia por quê,
mas precisava saber. Assim, se o que estivesse acontecendo entre ambos
terminasse, ele encerraria essa história de uma vez por todas. Poderia seguir a
vida.

Annie fitou-o.

- Que tal começarmos pela parte mais
recente, mais fácil, e depois partirmos para os anos difíceis?

- Por mim, tudo bem.

- Ótimo. Podemos começar pela pressão?
Com os lábios colados aos dela, ele resmungou:

- Se eu não a pressionasse, não
chegaríamos tão lon­ge e você sabe.

- Eu ainda odeio você.

Ela sentiu o sorriso dele na boca.

- Eu sei.

- Essa coisa de se abrir é uma via de
mão dupla. En­tendeu...?

- Sim... E se você pode fazer isso, eu
também posso. Mas não pense que vou deixá-la ganhar, combinado?

- Um campo de batalha diferente...

Annie suspirou, uma fração de segundo
antes de Poncho clamar-lhe os lábios, selando o acordo da melhor manei­ra
imaginável. E tinha razão. Era um campo de batalha diferente. Mas a maldita
guerra era a mesma.

Só que, dessa vez, ele não sairia
perdendo.