Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)
- Quantos anos você tinha quando
perguntou isso?
- Cinco ou seis.
Apesar do tom casual, Annie olhou feio
para ele e pigarreou antes de retrucar.
- E tudo o que você ouviu é que os Portilla
eram especiais e vocês diferentes deles, certo? Foi você começou a desenvolver
um complexo de inferioridade.
- Refere-se ao que você aprendeu a
usar contra mim? Oh, ela disfarçou muito bem, e poucas semanas antes ele não
perceberia. Contudo, notou que ela se encolhera um pouco, o que indicava que
atingira um ponto fraco. E Poncho reconheceu que havia muito tempo Annie não
lhe jogava nada na cara para combater fogo com fogo.
- Sim, mas...
Um passo de cada vez, dissera ela.
Portanto, aquilo já bastava, pensou Poncho.
- Agora você me conta por que odeia
tanto essas festas e por que ainda freqüenta tantas mesmo assim.
A careta piorou.
- Passei a vida inteira detestando
essas festas. Ser um Portilla nunca me pareceu tão especial assim. - Annie riu.
- Você deve se lembrar de que, quando eu era pequena, costumava ficar no canto
com você até chegar minha vez de desfilar antes de ir para a cama.
- Você costumava tentar se esconder
atrás de mim. -Poncho pôde ouvir a incredulidade na própria voz. Como se
esquecera daquilo?
- Sim, é verdade. E às vezes nós
conseguíamos escapulir para brincar.
- Até o seu pai pegar a gente aquele
dia e obrigá-la a voltar para dentro e cumprimentar as pessoas...
- É. - O sorriso desvaneceu. -A minha
primeiríssima lição sobre como apertar mãos e cumprimentar pessoas. Ele ficou
parado à minha frente, me dando instruções durante quase duas horas.
- Ensinando a você como um Portilla
devia se comportar.
- Sim.
- Abra um sorriso, aperte a mão de
desconhecidos e sempre diga a coisa certa.
- Ahã. - Os olhos adoçaram perante a
compreensão dele, da mesma maneira cada vez mais habitual, presente sempre que
trocavam confidencias. - E encaremos os fatos, a última sempre seria a mais
difícil para eu me acostumar.
Poncho olhou em volta, tentando
assimilar tudo aquilo. Não devia ser uma surpresa assim tão grande. Porém,
ocorreu-lhe que assistira a tudo através dos olhos de uma criança. As crianças
não percebem a importância das coisas. Os adultos, sim. Annie fora censurada
desde a mais tenra idade, aprendendo que sua personalidade natural, aquela
cheia de entusiasmo, que ria alto e que não tinha papas na língua para divertir
as pessoas, devia ser domada em nome da etiqueta na alta roda.
Isso a colocava numa maldita gaiola
dourada. Os Portilla, tão especiais, não percebiam como o jeito de ser da filha
era incrível. E Annie devia ter sentido que seu verdadeiro eu era imperfeito
por causa disso. Bastava compará-la a Ucker, que aparentemente nunca dera um
passo em falso.
Poncho xingou baixinho.
- Não é de admirar que tenha se
tornado tão rebelde...
- Quê? - Annie aproximou-se mais para
tentar ouvir o que ele falava.
Mas ele apenas franziu a testa ao
fazer a pergunta óbvia.
- Então por que você se deixou cair
nessa prisão outra vez? Porque você está fingindo, não é mesmo? Você coloca
essa máscara do que acredita ser um Portilla nessas festas que freqüenta desde
que retornou para casa sem nunca deixar ninguém ver sua verdadeira personalidade.
Só que agora você fica triste quando as pessoas criam preconceitos baseados na
sua história. Você é inteligente demais para ignorar que uma coisa não resolve
a outra. Logo, por que se submeter a isso? Por que simplesmente não ser você
mesma e mandar quem não gostar para o inferno?
Poncho estava zangado. Talvez mais
zangado do que devia. Mas ela era uma mulher adulta agora, que preferira
ganhar a vida sem assistência financeira da família.
Annie não devia nada ao próprio
sobrenome, exceto ser a Anahí Portilla que ela realmente era. A Annie que ele
sempre esperara que um dia...
Contudo, logo depois ela pirara,
provando que todos que a julgavam indigna do sobrenome Portilla tinham razão, e
muita.
Se não a tivesse pressionado daquela
maneira assim que ela voltara, ele ainda acreditaria que aquela fachada blasé
era a verdadeira Annie. A garota rica mimada que farreava ao redor do mundo
simplesmente porque podia, e dai? Quando, na verdade, ela se sentia perdida o
tempo inteiro, e talvez um pouquinho ressentida. E os mesmos Portilla especiais
a haviam mandado embora quando ela envergonhara o nome da família sem querer,
com aquelas fotos de cuja existência Annie jamais soubera. Enquanto ele tivera
a petulância de pensar que ela merecia mais do que desprezo por não apreciar a
própria sorte... Será que ele acreditava mesmo que ser um Portilla era o mesmo
que possuir o Santo Graal?
Poncho se esforçou ao máximo para
assimilar aquela avalanche de pensamentos e o fato de que avançavam em passo de
formiguinha rumo aos anos turbulentos que tanto haviam evitado, o que abalou as
convicções que mantinha havia décadas. De repente, ela esclareceu tudo, os
olhos vagueando pela sala ao falar.
- Eu não tenho escolha. Não por
enquanto, pelo menos. É parte do acordo com meu pai. Assim que eu pagar a
dívida, posso parar de viver à sombra dos Portilla e ser eu mesma, com defeitos
e tudo mais.
- Que acordo?
Annie piscou, aturdida. Que diabos
causara aquela reação? Poncho parecia prestes a matar alguém com as próprias
mãos!
Por um segundo, ela pensara que ambos
tivessem a chance de conversar sobre as dificuldades sem banhos de sangue, como
era de se esperar. Sem mencionar a tristeza de saber que, aos cinco anos, Poncho
pensava ser uma pessoa inferior a todos que o cercavam. Como se a mágoa dele
agora também lhe pertencesse. Ele se feria, e ela sangrava. Como há muito
tempo...
Annie deu uma olhada na carranca dele,
o maxilar tão tenso que até rangia os dentes. E sentiu necessidade de espiar em
volta para checar se alguém havia notado.
Poncho se aproximou, pairando sobre Annie
até ela encará-lo.
- Que acordo?
Qual era o problema com ele?
- Você pode se acalmar? - Annie
arregalou os olhos para mostrar que falava sério. - Não entendo por que...
O acesso de gargalhada foi tudo, menos
bem-humorado. Poncho segurou-a pelo braço e a conduziu em direção à porta
abaixo da escada.
- Se as próximas palavras envolverem
você dizendo que não é da minha conta, esqueça.
Annie ficou dividida entre irritar-se
com a atitude dele ou tentar acalmá-lo para evitar um escândalo.
- Para onde você pensa que está me
levando? Eu sou a anfitriã, pelo amor de Deus!
- Prefere que façamos isso aqui?
- Eu não sei o que isso significa! -
Tentou puxar o braço quando ficaram longe da visão de todos, mas só conseguiu
fazê-lo segurá-la com mais força. - Poncho, pare com isso, você está me
machucando.
Autor(a): annytha
Este autor(a) escreve mais 30 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
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Ao olhar para o braço dela, Poncho franziu o cenho, como se não houvesse percebido direito o que fizera. Soltou-a e acariciou-lhe a pele com o polegar, meio que para ajudar a dor passar. Em seguida, ergueu o olhar, baixou a voz para um tom calmo, quase mortal. - Preciso saber que tipo de acordo ele obrigou você a aceitar. Depois vamos livrá- ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 205
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jucirbd Postado em 29/11/2010 - 21:02:17
eu simplismente adoro essa web...super..sou uma Ponny loucamente gamada nessa web..
POSTA MAIS..antes ki eu arranki meus cabelos...kkkkkkkk -
unposed Postado em 21/11/2010 - 17:51:10
Posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++
-
unposed Postado em 08/11/2010 - 15:09:01
Opaaa...Hot ...
Posta ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ -
evelin Postado em 08/11/2010 - 00:52:34
nova leitor posta mais to adorando a web.
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evelin Postado em 08/11/2010 - 00:52:22
nova leitor posta mais to adorando a web.
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evelin Postado em 08/11/2010 - 00:52:12
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evelin Postado em 08/11/2010 - 00:51:59
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kikaherrera Postado em 08/08/2010 - 20:49:44
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Maissssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
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kikaherrera Postado em 08/08/2010 - 20:49:44
Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Maissssssssssssssssssssssssssssssssssssssss
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kikaherrera Postado em 08/08/2010 - 20:49:44
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