Fanfics Brasil - Sopro de Esperança (Terminada)

Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)


Capítulo: 45? Capítulo

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- Quantos anos você tinha quando
perguntou isso?


- Cinco ou seis.


Apesar do tom casual, Annie olhou feio
para ele e pigarreou antes de retrucar.


- E tudo o que você ouviu é que os Portilla
eram especiais e vocês diferentes deles, certo? Foi você começou a desenvolver
um complexo de inferio­ridade.


- Refere-se ao que você aprendeu a
usar contra mim? Oh, ela disfarçou muito bem, e poucas semanas antes ele não
perceberia. Contudo, notou que ela se encolhera um pouco, o que indicava que
atingira um ponto fraco. E Poncho reconheceu que havia muito tempo Annie não
lhe jogava nada na cara para combater fogo com fogo.


- Sim, mas...


Um passo de cada vez, dissera ela.
Portanto, aquilo já bastava, pensou Poncho.


- Agora você me conta por que odeia
tanto essas fes­tas e por que ainda freqüenta tantas mesmo assim.


A careta piorou.


- Passei a vida inteira detestando
essas festas. Ser um Portilla nunca me pareceu tão especial assim. - Annie riu.
- Você deve se lembrar de que, quando eu era peque­na, costumava ficar no canto
com você até chegar minha vez de desfilar antes de ir para a cama.


- Você costumava tentar se esconder
atrás de mim. -Poncho pôde ouvir a incredulidade na própria voz. Como se
esquecera daquilo?


- Sim, é verdade. E às vezes nós
conseguíamos esca­pulir para brincar.


- Até o seu pai pegar a gente aquele
dia e obrigá-la a voltar para dentro e cumprimentar as pessoas...


- É. - O sorriso desvaneceu. -A minha
primeiríssima lição sobre como apertar mãos e cumprimentar pessoas. Ele ficou
parado à minha frente, me dando instruções durante quase duas horas.


- Ensinando a você como um Portilla
devia se comportar.


- Sim.


- Abra um sorriso, aperte a mão de
desconhecidos e sempre diga a coisa certa.


- Ahã. - Os olhos adoçaram perante a
compreensão dele, da mesma maneira cada vez mais habitual, presen­te sempre que
trocavam confidencias. - E encaremos os fatos, a última sempre seria a mais
difícil para eu me acostumar.


Poncho olhou em volta, tentando
assimilar tudo aquilo. Não devia ser uma surpresa assim tão grande. Porém,
ocorreu-lhe que assistira a tudo através dos olhos de uma criança. As crianças
não percebem a importância das coisas. Os adultos, sim. Annie fora censurada
desde a mais tenra idade, aprendendo que sua personalidade natural, aquela
cheia de entusiasmo, que ria alto e que não tinha papas na língua para divertir
as pessoas, devia ser doma­da em nome da etiqueta na alta roda.


Isso a colocava numa maldita gaiola
dourada. Os Portilla, tão especiais, não percebiam como o jeito de ser da filha
era incrível. E Annie devia ter sentido que seu verdadeiro eu era imperfeito
por causa disso. Bastava compará-la a Ucker, que aparentemente nunca dera um
passo em falso.


Poncho xingou baixinho.


- Não é de admirar que tenha se
tornado tão rebelde...


- Quê? - Annie aproximou-se mais para
tentar ouvir o que ele falava.


Mas ele apenas franziu a testa ao
fazer a pergunta óbvia.


- Então por que você se deixou cair
nessa prisão outra vez? Porque você está fingindo, não é mesmo? Você co­loca
essa máscara do que acredita ser um Portilla nessas festas que freqüenta desde
que retornou para casa sem nunca deixar ninguém ver sua verdadeira personali­dade.
Só que agora você fica triste quando as pessoas criam preconceitos baseados na
sua história. Você é inte­ligente demais para ignorar que uma coisa não resolve
a outra. Logo, por que se submeter a isso? Por que simples­mente não ser você
mesma e mandar quem não gostar para o inferno?


Poncho estava zangado. Talvez mais
zangado do que devia. Mas ela era uma mulher adulta agora, que preferi­ra
ganhar a vida sem assistência financeira da família.


Annie não devia nada ao próprio
sobrenome, exceto ser a Anahí Portilla que ela realmente era. A Annie que ele
sempre esperara que um dia...


Contudo, logo depois ela pirara,
provando que todos que a julgavam indigna do sobrenome Portilla tinham razão, e
muita.


Se não a tivesse pressionado daquela
maneira assim que ela voltara, ele ainda acreditaria que aquela fachada blasé
era a verdadeira Annie. A garota rica mimada que farreava ao redor do mundo
simplesmente porque podia, e dai? Quando, na verdade, ela se sentia perdida o
tempo inteiro, e talvez um pouquinho ressentida. E os mesmos Portilla especiais
a haviam mandado embora quando ela envergonhara o nome da família sem querer,
com aquelas fotos de cuja existência Annie jamais soubera. Enquanto ele tivera
a petulância de pensar que ela merecia mais do que desprezo por não apreciar a
própria sorte... Será que ele acreditava mesmo que ser um Portilla era o mesmo
que possuir o Santo Graal?


Poncho se esforçou ao máximo para
assimilar aquela avalanche de pensamentos e o fato de que avançavam em passo de
formiguinha rumo aos anos turbulentos que tanto haviam evitado, o que abalou as
convicções que mantinha havia décadas. De repente, ela esclareceu tudo, os
olhos vagueando pela sala ao falar.


- Eu não tenho escolha. Não por
enquanto, pelo menos. É parte do acordo com meu pai. Assim que eu pagar a
dívida, posso parar de viver à sombra dos Portilla e ser eu mesma, com defeitos
e tudo mais.


- Que acordo?


Annie piscou, aturdida. Que diabos
causara aquela reação? Poncho parecia prestes a matar alguém com as próprias
mãos!


Por um segundo, ela pensara que ambos
tivessem a chance de conversar sobre as dificuldades sem banhos de sangue, como
era de se esperar. Sem mencionar a tristeza de saber que, aos cinco anos, Poncho
pensava ser uma pes­soa inferior a todos que o cercavam. Como se a mágoa dele
agora também lhe pertencesse. Ele se feria, e ela sangrava. Como há muito
tempo...


Annie deu uma olhada na carranca dele,
o maxilar tão tenso que até rangia os dentes. E sentiu necessidade de espiar em
volta para checar se alguém havia notado.


Poncho se aproximou, pairando sobre Annie
até ela en­cará-lo.


- Que acordo?


Qual era o problema com ele?


- Você pode se acalmar? - Annie
arregalou os olhos para mostrar que falava sério. - Não entendo por que...


O acesso de gargalhada foi tudo, menos
bem-humo­rado. Poncho segurou-a pelo braço e a conduziu em direção à porta
abaixo da escada.


- Se as próximas palavras envolverem
você dizendo que não é da minha conta, esqueça.


Annie ficou dividida entre irritar-se
com a atitude dele ou tentar acalmá-lo para evitar um escândalo.


- Para onde você pensa que está me
levando? Eu sou a anfitriã, pelo amor de Deus!


- Prefere que façamos isso aqui?


- Eu não sei o que isso significa! -
Tentou puxar o braço quando ficaram longe da visão de todos, mas só conseguiu
fazê-lo segurá-la com mais força. - Poncho, pare com isso, você está me
machucando.



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Autor(a): annytha

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Ao olhar para o braço dela, Poncho franziu o cenho, como se não houvesse percebido direito o que fizera. Soltou-a e acariciou-lhe a pele com o polegar, meio que para ajudar a dor passar. Em seguida, ergueu o olhar, baixou a voz para um tom calmo, quase mortal. - Preciso saber que tipo de acordo ele obrigou você a aceitar. Depois vamos livrá- ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 205



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  • jucirbd Postado em 29/11/2010 - 21:02:17

    eu simplismente adoro essa web...super..sou uma Ponny loucamente gamada nessa web..
    POSTA MAIS..antes ki eu arranki meus cabelos...kkkkkkkk

  • unposed Postado em 21/11/2010 - 17:51:10

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  • unposed Postado em 08/11/2010 - 15:09:01

    Opaaa...Hot ...

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  • evelin Postado em 08/11/2010 - 00:52:34

    nova leitor posta mais to adorando a web.

  • evelin Postado em 08/11/2010 - 00:52:22

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  • evelin Postado em 08/11/2010 - 00:51:59

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  • kikaherrera Postado em 08/08/2010 - 20:49:44

    Postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Maissssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

  • kikaherrera Postado em 08/08/2010 - 20:49:44

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  • kikaherrera Postado em 08/08/2010 - 20:49:44

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