Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

Na verdade, Poncho não sabia quanto tempo poderia con­ceder a Annie. Porém,
deu uma espiada no rosto dela e imediatamente percebeu que contar o resto
talvez fosse a gota d`água, num momento em que ela já parecia tão esgotada. E
ele não admitiria perdê-la pela segunda vez de jeito nenhum.

Mas agora ela não precisava se dar ao
trabalho de fugir. Aonde quer que ela fosse, ele a encontraria.

Para ocupar a mente e o corpo, Poncho
se unia à equipe sempre que faltava alguém, exatamente como nos velhos tempos.
O trabalho não servira de válvula de escape antes? E como foi terapêutico
derrubar paredes com uma marreta! Sem mencionar as horas de distração quando
algum dos operários se dava conta de quem estava pegando no pesado ao lado
deles.

Poncho estava a anos-luz de distância
do garoto que acei­tara aquele acordo que o levaria ao lugar onde hoje se encontrava.
Estava cercado de rapazes que se esforçavam mais por causa da presença do
chefe. E, contudo, lá no fundo, ele não era nada diferente daquele garoto. Porque ainda queria
uma única coisa mais do que qualquer outra.

Menos de seis semanas antes, não lhe
arrancariam tal confissão nem sob tortura. Ele até que se saíra bem ao tentar
se convencer de que aquilo não era real.

De que a esquecera.

Bem, era inútil pensar nisso naquele
momento, e pro­vavelmente já o era desde a noite em que a encontrara chorando no
jardim. Da última vez, ele não fora paciente o bastante, só isso. Não que fosse
menos impaciente agora, mas podia muito bem aprender a sê-lo, se o pro­blema
era esse. Já não demonstrara paciência ao manter o relacionamento dos dois em
segredo por tanto tempo?

E uma semana havia se passado desde
então. Uma prova de paciência, certo? Portanto, mais um dia e fim de papo.
Agora ele dispunha de tanto tempo para pensar que até elaborara um plano
melhor.

Um plano que foi por água abaixo logo
que abriu o jornal e viu o rosto sorridente de Annie numa foto sob a seguinte
manchete:

Família Portilla
se reúne para homenagear pai FAMOSO.

Mais um dia sorrindo para as massas e pronto. Chega. E mesmo que não
tivesse passado por aquela discussão violenta com o pai, quando informara que
não continua­ria a sorrir documente para os convidados nas próximas festas na
mansão, ela permaneceria assombrada pela lembrança constante do romance com Poncho.

Para aumentar a agonia, durante o chá,
antes da fes­ta, as mães dos dois pareciam determinadas a relembrar todas as
proezas de ambos desde tempos imemoriais. E embora fosse fascinante ver como as
duas mulheres pareciam ser tão amigas quanto Poncho e Ucker, sorrir fora um
esforço hercúleo.

Annie sentia tanta saudade de Poncho
que parecia terem lhe cortado um membro. E só se passara uma semana. Como seria
a sensação em duas, três semanas ou um mês? Porque sabia que o tempo não
curaria nada. Não depois de conviver com ele daquela maneira, observar um sor­riso
lânguido brotar quando acordava ao seu lado; ouvir aquela gargalhada que ela
adorava, sentar no sofá com ele, conversar durante horas, e depois beijá-lo o
dobro do tempo, saber como era senti-lo dentro de si quando ela perdia o
controle...

Sentia saudade demais.

Porém, depois da última festa, ela
colocaria a cabeça no lugar e tentaria descobrir um meio de seguir com a vida.

- Alfonso Herrera...

Atônita, Annie começou a piscar sem
parar ao julgar ter escutado o nome dele sussurrado na multidão. Desdenhou da
própria tolice. É que o nome dele não lhe saía da men­te. Assim, era natural
que agora o ouvisse em toda a parte.

- A segurança não quer deixá-lo
entrar... Acho que Ucker...

Perfeito. Ela estava ficando maluca.
Olhou em volta do salão, lotado de rostos famosos, a elite irlandesa que viera
parabenizar o pai por seu mais recente prêmio. Tentou localizar de onde vinham
os comentários. Antes que alguns distintos cavalheiros de jalecos brancos apa­recessem
para metê-la numa camisa-de-força...

-... construção, a P.E.I., conhecida
em toda a cidade. Agora, isso ela definitivamente escutara. Virou-se para descobrir
quem estava arriscando a vida ao proferir o nome de Poncho em vão perto dela.
Só para ficar pasma quando, quase em câmera lenta, a multidão se abriu como o
mar Vermelho para revelar Poncho marchando na direção dela, com uma expressão
determinada no rosto, os olhos fixos nela.                                                                     

Annie se esqueceu de como se
respirava.

Observou as roupas de operário que ele
vestia: um jeans muito desbotado, manchado de poeira cinzenta, e uma camiseta
que, um dia, devia ter sido branca. Viu a brisa jogar os cabelos desalinhados
nos olhos. Os mús­culos retesavam quando ele cerrava os punhos. E se sentiu tão
perdida diante daquela visão que sequer espiou o mar de gente que trajava
roupas impecáveis e luxuosas para ver se alguém mais notara que ele avançava em
sua direção.

Ela não ligava se alguém havia notado.
Poncho estava lá.

Quando ele lançou um olhar intimidador
para a es­querda dela, Annie se virou e viu o pai parado de braços cruzados.
Mas sequer deu-lhe a chance de comentar nada, os pés a levaram à frente.

- O que significa isso? Poncho deu de
ombros.

- Eu não avisei para não demorar
muito?

galera graças por todos os comentários, e bem vindo a todas novas leitoras.

logo mais aventuras pra se divertirem e se apaixonarem!!!