Fanfic: Sopro de Esperança (Terminada)

- Até eu passar do limite e beijar
você.

- E me fazer sentir uma centena de
coisas diferentes que jamais tinha sonhado experimentar. Odiei você por isso,
porque perdi o meu melhor amigo naquele dia.

- E falou coisas para me magoar tanto
quanto a magoei. - Ele segurou uma mecha de cabelo entre os dedos, ad­mirando
como ela deslizava até o seio. -Agora entendo. Mas na época eu só sabia que
amava muito você, e não apenas como amigo. Isso mudou muito pouco antes da­quela
noite.

Poncho era apaixonado por ela?

- Eu não sabia.

- Não era para saber mesmo.

- Você podia ter contado.

- Você não estava pronta para ouvir.

Ele tinha razão. Mas, oh, o quanto
doía saber que ele se sentia daquele jeito e ela o rejeitara daquela forma.

- Desculpe, Poncho... Sinto muito...

Ele a beijou na testa.

- Tudo bem... Vamos consertar tudo
agora. Só preci­samos de uma segunda chance, mais nada.                          

Annie respirou fundo, inebriando os
sentidos com o per­fume de Poncho para garantir a si que ele realmente estava
ali e que tudo acabaria bem. A emoção a inundou como uma onda quando
compreendeu o que perderia caso não se arriscasse da mesma maneira que ele
fizera ao decidir buscá-la. Aninhou o rosto no ombro dele e sussurrou:

- Eu amo muito você. - E como não
amaria?

- Eu não ouvi direito... E melhor
repetir um pouquinho mais alto.

Quando ergueu o rosto e o fitou, Annie
viu o brilho nos olhos dele. Ah, ele havia escutado muito bem, mas talvez
precisasse ouvir milhões de vezes. E ela não via qualquer problema nisso...

- Eu amo você. Sabia que estava
apaixonada por você na noite em que me mandou para aquele estúpido quarto de
hóspedes. Não poder gritar isso para o mundo me deixou louca.

Com os olhos ainda brilhantes, ele
ergueu as sobran­celhas, apertando os braços em torno dela.

- Você podia ter tentado me contar primeiro.

Annie sorriu da maneira como queria
sorrir há sema­nas.

- 
Podia mesmo. Mas eu não tinha certeza se você estava pronto para ouvir.

- Eu estava pronto.

Poncho a abraçou com tanta força que Annie
mal conseguia respirar. E levou os lábios aos dela, roubando todo o ar que lhe
restou com um beijo violento, pleno de voracida­de. E ela correspondeu a essa
voracidade com a paixão que ele lhe despertava desde aquela primeira noite
juntos, cravando os dedos nos cabelos em desalinho.

Os dois se beijaram por uma
eternidade, trocando carícias até a fome só poder ser saciada de uma outra
forma. Ele soltou um rosnado de frustração ao interrom­per o beijo e repousou a
testa na dela, os olhos abertos para olhá-la.

- Eu sempre a quis, Annie. Mesmo na
época em que resolvi desprezá-la. Por isso eu a detestava tanto. Eu não queria
continuar amando você, até bloqueei isso desde a primeira vez. Mas nunca
consegui deixar de amá-la. Longe dos olhos, longe do coração, dizem. Contudo,
assim que você voltou, não teve jeito. Você é minha. - Abraçou-a para
adverti-la. - Diga. Diga para que eu saiba que dessa vez você entendeu.

Annie soluçou, riu e xingou baixinho
ao mesmo tempo.

- Detesto quando você me faz chorar.
Eu detesto chorar.

Poncho sorriu quando ela resfolegou.

- Se serve de consolo, vê-la chorar
também não é fácil. Agora diga.

- Sim, eu sou sua, seu idiota. -
Segurou aquele rosto lindo entre as mãos e recuou para que Poncho visse a sin­ceridade
nos olhos dela. - Hoje contei ao meu pai que eu alegremente preferiria carregar
o seu sobrenome para o resto da vida do que ser uma Portilla como ele. E falei
sério, Poncho... Apesar de pensar que perderia você outra vez.

- Você não vai me perder. E, só para
constar... - Deu-lhe outro beijo nos lábios, afagando-lhe as costas com as mãos
largas. - Se eu já não amasse tanto você, eu a ama­ria por ter a coragem de
dizer isso bem na cara dele. Aposto que seu pai ficou saltitante de alegria com
a idéia de vê-la casada com o filho da governanta.

- Se eu me casar, não será para
agredi-lo... E sim porque eu amo você.

Ele abriu um largo sorriso.

- Como assim "se"? Desse
jeito parece que você tem alguma escolha.

Annie revirou os olhos.

- Lá vem você me dando ordens de novo.
Sabe como me sinto em relação a minha independência...

- Teimosa. - Com um beijo selvagem
para mostrar que era inútil discutir, Poncho levantou-se e a jogou sobre os
ombros antes de marchar de volta. - E agora vou levá-la para casa, e passar o
fim de semana inteiro convencen­do você de que pode manter sua independência,
mesmo sendo casada comigo. Quero que o mundo todo saiba que você é minha.