Fanfic: 　déjame ღ (vondy) [1ª/2ª temporada]

　Aquela foi, sem sombras de dúvida, uma noite difícil. Dulce simplesmente não parecia capaz de controlar o choro e nenhum deles sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Em pouco tempo o grupo já tinha se dividido, ainda que contra vontade: Beli, Diego e Derrick tentavam cuidar da ruiva, no apartamento de Beli. E Mai e Poncho ajudavam Ucker a fazer as malas, para como ela pediu, não deixar nenhum resquício de sua presença. Mai dava alfinetadas em Ucker, assim como Poncho que demonstrava mudamente que não conseguia esconder sua reprovação. Annie e Chris, na sala, tentavam consolar outra parte importante que fora afetada com os acontecimentos recentes. Uma chorosa e desesperada Nathalia que não entendia porque eles estavam indo embora de novo e muito menos porque, dessa vez, ela não poderia voltar para ver Dulce, ou ao menos se despedir. Além disso, a garota se recusara firmemente a ajudar a o irmão a fazer as malas. Sendo assim, Annie foi ao quarto da garota arrumar as coisas dela.

Taly: Por favor, Chris, me deixe vê-la! – chorava a pequena Uckermann, no colo de um Chris com coação partido.

Chris: Eu não posso, meu amor. – repetia desolado – Ela está muito mal.

Taly: Seja lá o que o idiota do meu irmão tenha feito, não foi minha culpa! Eu não quero ir embora sem vê-la. Dessa vez nem estamos indo para a casa da Mai... Por favor, Chris. Amanhã essa hora nós estaremos voando para Barcelona!

Chris: Eu não posso, Taly. Por favor, entenda.

Taly: Deixa pelo menos eu escrever um carta? Você entrega quando ela estiver melhor...

Chris: Só vai fazê-la lembrar de tudo e sofrer novamente, meu amor.

Taly: Eu não quero ir. – voltando a chorar, abraçando o pescoço de Chris.

　Na madrugada Dulce teve que ser levada ao médico, quando começou a sentir dores na nuca e falta de ar, e Diego avisou que podia ser a pressão. Sendo assim, ela nunca ouviu os chamados aflitos de Taly quando estavam deixando o prédio quando o sol nascia na manhã seguinte a confusão.

　O resto dos amigos foram para o hospital, após embarcarem os Uckermann em um ônibus que os levaria até São Paulo, onde esperariam que um dos pais viesse para então voarem para Barcelona. Lá ele encontraram os outros e foram informados que Diego estava nesse momento na sala do médico com Dul. Após algum tempo de espera eles saíram e o garoto informou que foi um aumento de pressão, mas que a garota deveria ficar na observação, tomando remédio até que a pressão se estabilizasse novamente.

　Após uma hora, onde o remédio ainda não surtira resultados, Poncho avisou que levaria Annie para casa, pois essa também sendo gestante, também não podia ficar naquele clima tenso. Quando Diego fez menção de ir com Belinda para a sala de observação, Christian pediu para falar com ele.

Diego: Fala. – perguntou confuso, com o olhar tenso que Chris e Mai trocaram.

Chris: O que o médico realmente disse?

Diego: O que eu falei para vocês, mas como não queria preocupar a B., já que ela está tão nervosa com tudo isso... – suspirou, passando a mão nos cabelos. – Bom, o médico disse que temos que cuidar para que o aumento de pressão da Dulce não se torne rotineiro, porque isso pode tornar a gravidez muito complicada.

Mai: Isso é um não. – bocejou Mai, deitando a cabeça no ombro de Deh, cansada pela noite mal dormida.

Deh: Não o que? – confuso.

Chris: O Ucker percebeu que exagerou e tentou escrever uma carta para a Dul. Ele ainda estava um pouco nervoso, então não ficou tão boa quanto ele devia ter pretendido, mas... – explicou e então voltou-se para Diego – E então?

Diego: A Mai está certa. – respondeu de pronto. – Primum non nocere, é um princípio da medicina que diz algo como “primeiramente, não cause danos”. Essa carta não poderia trazer nenhuma espécie de...

Beli: Que carta? – ao que os outros se assustaram pela forma como ela chegara despercebidamente.

Diego: ... Ucker deixou uma carta. – começou cauteloso, após trocar um olhar com Chris. – Para a Dul.

　A garota parou um instante digerindo a hipocrisia da idéia de Ucker e então estendeu a mão para Chris. Sabia que ele trouxera a carta com ele, como algo perigoso demais para deixar a solta. Não deixava de ser. Ele também olhou em dúvida para Diego que apenas fez um movimento com a cabeça que dizia claramente “Não adianta esconder. Não dela”, e levantou-se para ler por cima do ombro da amiga, quando Chris entregou o envelope.

“Dulce,

　　Estranho como agora, cada palavra parece inapropriada para ser escrita nessa carta. Ainda não coloquei meus pensamentos em ordem, mas consigo enxergar na expressão de cada um aqui presente, o quanto exagerei. Tento não pensar em como você está agora, porém enquanto tento te bloquear, lembro da amargura em seus olhos quando saiu por aquela porta. O fúria de quando me bateu. De certa forma eu merecei, por ter falado coisas que provavelmente me arrependerei ao lembrar amanhã. Mas por outro lado, sei que estou certo. Sei que tudo isso é assustador demais, e que entre nós já durou tempo demais. Uma criança é um peso muito grande para alguém que não consegue assumir um relacionamento. É demais para alguém como eu.

　　Não sei como pedir desculpas, uma vez que minha consciência ainda não classificou minha atitude como errada. Ainda assim, desejo o melhor para você. Por mais apavorado que eu esteja, ainda consigo saber que você é diferente das outras. Então agora, prestes a sair por aquela porta onde ainda escuto suas palavras, repito-as para que tenha certeza que sua vontade também foi atendida e que essa carta, podendo ser rasgada ou queimada, é o único rastro que existirá: Até nunca mais, Dulce María.

　　　　　　Christopher Uckermann”

　Diego terminara de ler primeiro, ou pelo menos foi o primeiro a demonstrar alguma reação. Belinda demorou mais tempo do que o aconselhável, fazendo-os se perguntar se ela estaria relendo ou absorvendo as palavras. Mas era impossível dizer. A garota estava com aquela máscara sem expressão que seu rosto se tornava perante a situações como essa. Por fim, ela levantou o rosto. Olhou para Chris e então para Diego – os únicos acordados a essa altura, já que Mai e Derrick adormeceram. Chris quase pode ver o brilho nos olhos da loira quando seu olhar encontrou o de Diego. Só não sabia dizer ao que se devia. Mas Diego devia ter entendido, já que se levantou, indo até a garota com cuidado, como se ela pudesse explodir.

Diego: Não vamos entregar isso para ela. – esclareceu. – Nem consideramos essa hipótese. “Qualquer vestígio sólido deve ser apagado. As memórias são mais fáceis de convencermos para nós mesmos, que foram apenas sonhos ruins”, certo?

　Seja lá que diabos de citação tenha sido essa, já que Christian tinha certeza de nunca tê-la ouvido antes, mas fez Beli soltar um suspiro e ter os olhos marejados.

Beli: Certo. – respirou profundamente, como se o suspiro anterior tivesse tirado todo o ar de seus pulmões. – Todos temos que colaborar. Quando muitas pessoas estão envolvidas, isso se torna mais difícil.

Diego: Pelo menos ela sabe que pode contar conosco. – Chris estava um pouco perdido, talvez o sono o estivesse fazendo não enxergar algo, mas quase tivera certeza que eles estavam trocando algumas faíscas.

Beli: Ela sempre soube. – olhou intensamente para o amigo e depois voltou a incluir Christian na discussão – De qualquer forma, não permitirei que essa dor aumente. É como uma doença que temos que impedir que se alastre. Quanto menos afetar, mais fácil é de curar.

Diego: Ela está certa – assumiu derrotado. – Temos que fazê-la esquecer. Até nos ver, por algum tempo, vai lembrá-la de tudo. Temos que tratá-la como se nada tivesse acontecido. Superproteção e pena vão despertar as lembranças.

Beli: Exato. – concordou, fitando um ponto qualquer a cima da cabeça de Chris.

Chris: Certo. – concordou ainda confuso, mas logo acrescentou – Mas você veio aqui para dizer algo, certo?

Beli: Ãhn? – voltando a pensar no assunto, logo concentrou-se – Ah, sim. A pressão da Dul deu uma abaixada, talvez mais uma meia hora seja o suficiente, se quiserem ir, podem ir mais tranqüilos. Depois eu pego um táxi com ela, acho melhor ela ficar no meu apartamento...

Chris: Acha mesmo uma boa idéia? Aquele lugar não vai ajudar muito...

Beli: Quero ficar com ela o tempo todo. Não tenho muitas escolhas.

Diego: Vocês podem ficar lá em casa.

Chris: Claro, o Deh ia aplaudir essa idéia.

Diego: O Deh não seria o único problema, mas é uma opção – arqueou uma sobrancelha, desafiador.

Beli: De fato – concordou, sem perceber a alfinetada de Diego – Aquele lugar lembra a festa da Taly... Péssima idéia. Mas obrigada mesmo...

Diego: Não. – pareceu confuso e depois sorriu fingindo indignação – Beli, você não presta atenção quando eu falo!

Beli: Ãhn? – perdida.

Diego: Meus pais já voltaram para a casa deles... Por que você acha que estou sempre no seu prédio? Eles me deram um apartamento lá por perto. Eu te falei, faz um tempinho...

Beli: Ah, claro! – bateu a mão na testa. – Você disse que eles queriam a casa de volta, mas que perceberam que você estava gostando de ficar por aqui então te deram o apartamento. Meu Deus! Mas... Podemos mesmo?

Diego: É claro. Eu estava achando exagerado, você conhece meus pais, mas acaba vindo a calhar. E claro, eu estou apenas no primeiro ano, mas aprendi alguma coisa em Medicina.

Beli: Seu pai vai se orgulhar em saber! – riu e Chris teve que admitir que ele era bom em manter a loira sorrindo. – Mas eu prefiro chamar o seu pai, que já exerce a profissão há algum tempo. Sem ofensas.

Diego: Não ofende. – sorriu, continuando – O Deh pode ficar por lá, se quiser. Sei que ele não confia muito em mim...

Beli: E eu ainda tento ficar brava com você... – sorriu, falando mas pra si própria.

　Beli foi ficar com Dulce na ala de observação novamente e, após Mai e Deh terem dormido, Diego e Chris eram um a única companhia do outro. Chris não estava lá muito feliz após ter se dado conta da nítida diferença que ele e o novo integrante do grupo causavam em Beli. Ele percebia o quão prestativo o rapaz era, mas ainda estava tentando esquecer o que aconteceu entre Belinda e ele no fim do ano passado. Era como se aquilo ainda tivesse no ar. Uma história sem um ponto final, é uma história inacabada. Todavia, agora, mais do que nunca, ele precisava deixar o suspense no ar e começar outro capítulo.

　Após mais algum tempo a ruiva foi liberada. Ela, porém, não parecia muito próxima ao mundo físico. Como quando as pessoas entram naquele estado de defesa, e enxergam através de uma fina neblina, sendo capaz de fazer as coisas meramente de forma mecânica. Conseguindo conversar e estar presentes, embora em pouco tempo, mal sejam capazes de discernir em suas memórias, com quem o fizeram. Diego ficou apreensivo com isso, apenas lançando um olhar para Beli, torcendo para estar errado.

　Diego levou Dulce direto para seu apartamento, enquanto Deh, Mai e Chris ajudavam Belinda a arrumar as malas para mudar-se com Dul. Derrick obviamente não era um fã da idéia, mas engolindo suas próprias inseguranças, apoiou a namorada. Sabia que ela não mudaria de idéia, de qualquer forma. E sabia também, que Dulce precisaria daquele apoio.

　Muitos poetas, músicos e filósofos já disseram ao decorrer dos anos, e você uma hora percebe que é verdade. “O começo é o mais difícil. Nada é certo no princípio”. Sabemos que o fim conclui um período, mas o que o começo trará, é incerto, e isso nos assusta. Foi assim para o grupo de amigos, tendo que encarar duas gravidezes. Annie com todas as frescuras e belezas, já que Poncho começou a paparicá-la desde o começo. E Dul, trancada em um globo de vidro, se tornou introvertida e distante. Podia passar horas em silêncio, com o olhar distante. E dentro de, fosse lá o que ela estivesse pensando, às lágrimas às vezes vinham.

　Quase um mês havia se passado desde que Beli e Dul viraram hóspedes no apartamento de Diego. E Dulce ainda não havia contado aos seus pais. Annie e Poncho haviam vencido esse obstáculo no começo do mês, mas é claro que era diferente, já que eram um casal e ali havia amor e respeito suficiente para romper as barreiras. Comparações eram inevitáveis nas vezes que Dulce deixava-se entrar em uma conversa com os amigos, os outros perceberam isso. Assim, Annie e Poncho passaram a freqüentar menos o apartamento de Diego, tentando poupar Dul de mais uma dor.

　Não havia muito o que ser feito além de tentar amenizar os danos, como qualquer bons amigos fariam. Uma vez que, não importa se as mudanças são pequenas ou grandes, de corte de cabelo, roupa ou peso. Mas sempre, toda mudança, deixa lembranças de determinada fase, e algo que não podemos alterar, são as memórias, que você nunca sabe quando voltarão a te assombrar.

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N/A: Penúltimo postado. Só postei, porque já estava na GFF, então achei justo vir aqui também. Amanhã no final da tarde, postarei o final da temporada! xx