Fanfic: Cega paixão (terminada)
No dia seguinte, por volta das três e meia da tarde, Anahí teve vontade de chorar, mas não o fez. Aliás, não chorava havia dois anos, quando, de pé nas margens do rio Potomac, viu a polícia tirar o corpo de Alan das águas geladas. Vira-o afundar, agitando os braços, pedindo por ajuda. Dois exatos dias antes do acidente... Mas recusara-se a acreditar na visão que tivera, preferindo ignorá-la; como estaria fazendo até hoje. A tragédia, porém, ensinara-lhe uma lição: não adiantava fugir.
Em seu íntimo, sabia que, se tivesse sido corajosa o bastante para encarar a visão e o tivesse avisado, talvez o homem que amava e com quem iria se casar não tivesse decidido nadar aquela manhã, ainda mais num rio de águas frias, tão frias que o tinham feito sentir cãibras e acabar se afogando, apesar de ser excelente nadador.
Mas ela não dissera nada a Alan, temendo que ele a achasse mórbida, ou talvez mentalmente perturbada.
Desolada, balançou a cabeça como se quisesse livrar-se dos seus poderes, mas era inútil. Normalmente pensava em Alan nas primeiras horas da manhã, quando os pesadelos a despertavam. Quantas e quantas vezes revivera aqueles momentos dolorosos, que vira apenas em sonho? Quantas vezes vira os pais morrendo no incêndio na casa da fazenda, gritando por socorro sem ninguém para salvá-los? Ninguém acreditara no que uma menininha de sete anos predissera durante uma visita à casa da avó em Raleigh.
Phil e Alfonso conversavam em voz baixa, parados no acostamento da estrada. Anahí os observava, torcendo para que tudo logo chegasse ao fim. No entanto, depois de um dia inteiro rodando pelas montanhas Rochosas, não conseguiram nada e Alfonso Oliver parecia que jamais iria embora do Colorado.
Uma brisa fria soprou-lhe os cabelos presos. Longe dos dois, encostada a uma árvore e com as mãos enfiadas nos bolsos, se perguntava: "Onde está você, Mary Nelson?" E a única resposta era o assobio do vento entre as árvores.
Distraída, não notou quando Phil foi sentar-se ao volante, e tampouco quando Alfonso aproximou-se.
- Acho melhor voltarmos - ele disse. - Mais um dia perdido.
Ela se manteve imóvel.
- Talvez todo o tempo que está passando aqui seja perdido. Talvez eu não passe de uma neurótica com sonhos histéricos, e o famoso "Degolador do Colorado" não seja mais que um assassino comum, sem conexão alguma com terroristas. Talvez você devesse voltar a Washington.
- Não gosto muito de Washington, sabia? Prefiro a Virgínia...
Seu tom não tinha nada de rude. Alfonso esticou os braços e, antes que Anahí pudesse se retrair, puxou-lhe a gola do casaco bem junto do pescoço, abotoando-o até em cima. Ele não usava luvas e seus dedos estavam gelados em contato com a pele quente do rosto delicado. Por que, então, ela sentia a pele arder ao seu toque?
Não fazia sentido o fato de não se esquivar àquele contato ou o fato de ele continuar segurando-a. Ambos permaneceram ali por uns instantes, confusos, e Anahí teve uma visão muito clara, que não tinha nada a ver com Mary Nelson,
Eles estavam na cama. Ela, Anahí Hardy, ainda virgem, aos vinte e nove anos, na cama com Alfonso Oliver. Ele usava apenas uma calca jeans, e ela, um vestido vermelho. Uma torrente de emoções a atingiu provocando-lhe um calor súbito e intenso, um aperto no estômago; Anahí ergueu os olhos e o viu fitá-la, atento. Então, afastou-se no exato momento em que Alfonso a soltava e saiu correndo em direção ao carro, encolhendo-se no banco de trás.
- Você está bem? - Phil quis saber.
- Claro.
Era como se Alfonso tivesse lido sua mente, compartilhado a visão, percebido a súbita emoção - uma paixão quase cega - que brotara em seu íntimo. Mas isso seria impossível.
A porta ao seu lado abriu-se e Alfonso entrou. Anahí arrependeu-se de ter escolhido o banco de trás.
- Então, virei motorista? - Phil brincou. - Quero companhia.
- Dirija - Alfonso ordenou, seco, os olhos estranhos, fixos no rosto dela. - Afinal, temos uma tarefa a cumprir.
Anahí viu a expressão preocupada de Phil no retrovisor mas não havia nada que o amigo pudesse dizer. Nada que ela pudesse dizer, tampouco. Alfonso decerto pretendia fazer algo, mas nenhum dos dois sabia no que ele estava pensando.
- Tudo bem - Phil concordou, voltando a pegar a estrada. - Mas nada de namoro.
Autor(a): Bela
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Anahí enfiou as mãos nos bolsos e encolheu-se a um canto do banco. Alfonso aproximou-se, tirou-as dos bolsos e segurou-as entre as suas. - É só um aperto de mão, Phil. Os poderes de nossa amiga aumentam quando alguém se aproxima e quero ver se consigo ampliar seus poderes. - Solte-me - ela pediu, tentando inutilmente se livrar. - ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 302
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myrninaa Postado em 31/08/2010 - 17:17:31
Amei a web muito linda mesmo. Anciosa para ler a nova.
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unposed Postado em 30/08/2010 - 22:22:30
Adorei a web. Parabens!!
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:24
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Muito boa, parabens =) -
jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:17
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:12
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:05
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:00
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:01:55
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:01:43
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:01:37
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