Fanfic: Cega paixão (terminada)

Anahí ficou paralisada diante da cena chocante. Embora já a tivesse visto numa premonição, a realidade era aterradora. Ela já sabia o que encontraria ao chegar lá, pois as visões tinham continuado durante todo o caminho, apesar de seus esforços para ignorá-las.

A princípio, sentiu um medo muito grande diante da fragilidade da vida. Alfonso, que estivera ajoelhado sobre o corpo de Phil, ergueu-se lentamente e Anahí teve vontade de sair correndo, o mais rápido que pudesse, para fugir da morte, daquele quadro pavoroso.

Alfonso não fez menção de caminhar em sua direção e ela o encarou, vendo a fúria estampada naqueles olhos já tão familiares. Se Alfonso a julgasse responsável pela morte do amigo, a mataria sem hesitar.

Ela devia correr, correr antes que sua sentença de morte fosse pronunciada.

Então, olhou novamente para o corpo de Phil. Seu único amigo, quase um parente, teve o rosto mutilado, assim como o das mulheres assassinadas. Uma tristeza profunda abateu-se sobre Anahí, obscurecendo qualquer outro sentimento que pudesse ter naquele instante. Lembrou-se do sorriso largo e doce do amigo e então, dando um passo à frente, caiu chorando nos braços de Alfonso.

Há muitos anos não se permitia chorar e as lágrimas rolavam incontroláveis, dando vazão a uma série de emoções que trazia trancadas no peito. Anahí sentiu-o abraçá-la um tanto hesitante mas não se importou. Precisava de uma demonstração de carinho, de conforto, de um corpo quente para aquecê-la. Precisava de tudo - até mesmo da companhia daquele homem cujo coração parecia mais frio que as noites do Colorado.

Aos poucos, Alfonso foi deixando a fúria de lado e abraçou-a com mais força, carregando-a para fora dali. Anahí sentiu alguns respingos de neve gelada no rosto e Alfonso a colocou no banco do carro, que ela abandonara de qualquer jeito na ânsia de chegar logo dentro da casa de Phil.

A princípio, recusou-se a soltá-lo, preferindo não abrir os olhos, não se separar daquele corpo quente que a amparava durante o acesso de choro. Mas Alfonso tirou-lhe as mãos dos ombros, delicadamente, dobrou-as sobre o colo e prendeu-a com o cinto de segurança. Ao abrir os olhos, Anahí viu as manchas de sangue das mãos de Alfonso em seu casaco.

Com uma expressão fria e pálida, ele não disse uma palavra ao seguir pela rua em alta velocidade. Anahí, no entanto, não se preocupou com o perigo, tampouco perguntou-lhe para onde iam. Tanto fazia. Ainda estava sob estado de choque e era preciso sua pouca energia para fazer o choro cessar.