Fanfic: Cega paixão (terminada)

Alfonso trazia uma arma na mão e, apesar de detestar qualquer tipo de violência, Anahí sentiu-se mais segura ao vê-la.

No começo, ela não entendeu o que se passara na casa, pois Alfonso bloqueava-lhe a visão.

- Mantenha-se atrás de mim e feche a porta.

- Mas e se tivermos que sair correndo?

Como ele não respondesse, lembrou-se do alerta que Alfonso fizera no carro e o obedeceu sem discutir. Então, olhando à volta, viu os estofados todos rasgados, o carpete arrancado e estremeceu.

- Ele já foi - garantiu, ao guardar a arma, depois de dar uma revistada em todo o espaço.

Como um autômato, Anahí foi até o roupeiro onde guardava seus únicos pertences de valor - o enxoval que ganhara da avó. Ao vê-lo todo despedaçado pelo chão, soltou um grito de dor e ajoelhou-se.

O assassino destruíra tudo, todas as mantas tecidas pela vovó Mellon, as fronhas bordadas, os travesseiros de pena, as colchas de crochê.

Alfonso, impaciente, aproximou-se por detrás mas Anahí não ergueu o rosto para fitá-lo.

- Temos que sair daqui. Ele vai voltar.

- Por quê? Já destruiu tudo.

- E levou exatamente o que procurava: o maldito sapato. Agora vai querer nos eliminar.

Havia uma parte das roupas que ficara mais ou menos intacta - talvez despercebida - e Anahí puxou uma manta azul e rosa que pertencera a sua mãe, e a ela própria quando bebê. Comovida, abraçou-a junto ao peito como uma espécie de talismã. Pelo menos ele não conseguira destruir tudo, toda a lembrança que lhe restava de sua família.

- O sapato não está com ele.

Só quando Alfonso curvou-se e forçou-a a se levantar foi que Anahí percebeu o quanto Alfonso estava nervoso. Ela continuou agarrada à manta.

- Como assim? - Alfonso quis saber.

- Levei o sapato comigo, quando saí. Está debaixo do banco do carro.

- Minha nossa! - ele exclamou, correndo os dedos pelos cabelos. - Vamos dar o fora daqui.

Anahí tentou se soltar.

- Preciso pegar umas coisas...

- Esqueça. Ele destruiu suas roupas, também. Compraremos outras quando amanhecer.

- Mas... para onde vamos?

- Para minha casa em Washington.

Washington, onde Alan tinha morrido!

- Não quero ir.

- Tem que ir. Se ficar, ele voltará para matá-la.

- Mas... e Phil?

- Não podemos mais ajudá-lo. O melhor que temos a fazer é voltar a Washington e prosseguir as investigações para vingarmos sua morte.

- Por que a vingança?

- Porque é preciso. Mais do que preciso, é essencial.

E, sem mais uma palavra, levou-a de volta para o carro e partiu.