Fanfic: Cega paixão (terminada)
O táxi cheirava a cigarro e a coxa de Alfonso roçava a de Anahí de leve. A manta caíra-lhe sobre o colo e seu tom combinava com o jeans desbotado que ele usava. Será que, na cidade, ele usava farda? Anahí se perguntava. Como será que ela, uma pacifista convicta, reagiria ao vê-lo fardado? Será que Alfonso cortaria ainda mais os cabelos? Será que se tornaria ainda mais inflexível, mais distante?
Mas por que se preocupar? Precisava de proteção, segurança; exatamente o que ele podia lhe dar. Se Alfonso realmente começasse a agir como um militar, seria apenas pensando em protegê-la. E ela continuaria criticando seus excessos, seus exageros, como vinha fazendo desde que se conheceram.
Um silêncio convidativo pairava no interior do táxi e Anahí já começava a cochilar quando o carro parou de súbito.
Anahí mal teve tempo de olhar a paisagem quando Alfonso conduziu-a para fora do táxi, desceu um lance de escadas, passou por um complicado sistema de segurança e a levou para dentro do prédio.
- Onde estamos? - perguntou, afastando-se dele o mais rápido possível, como de costume.
Não podia ficar muito próxima, arriscar-se a tocá-lo, de propósito ou por acaso. Cada toque desencadeava-lhe uma série muito intensa de emoções.
- Na minha casa - ele explicou, levando-a consigo através de um corredor largo em direção ao elevador.
Os dois subiram calados, depois caminharam por um outro corredor até que Alfonso parou diante de uma porta, destrancou-a e puxou-a para dentro, fechando os três trincos de segurança em seguida.
- Não se mexa - ordenou, afastando-se, caminhando pelo apartamento com o mesmo ar de desconfiança e alerta com que revistara o chalé deserto onde Mary Nelson estivera.
Sozinha, Anahí teve pena dele por viver sempre tão atormentado mas, logo em seguida Alfonso voltou e tornou a guardar a arma no cós da calça, tirando o casaco.
- Tudo bem; ninguém esteve aqui na minha ausência.
- E por que alguém viria aqui? - ela quis saber, curiosa.
- Não sei. A situação toda é muito confusa e me deixa sempre em alerta. Enquanto não tivermos explicações convincentes para o que anda acontecendo, é preciso todo cuidado.
Alfonso segurou a manta e, por um segundo, Anahí se agarrou ao seu talismã, recusando-se a soltá-lo. Mas os dedos dele roçaram os seus desencadeando uma onda de sensações que a amedrontaram e a fizeram largar a manta, dando um passo para trás, ignorando a surpresa estampada naqueles olhos.
Talvez Alfonso Oliver nunca chegasse a compreendê-la.
Ainda assustada, olhou para as paredes nuas e brancas, sem nenhum quadro, para o sofá de módulos em formato de "L" estofado de branco. O único toque decorativo eram as cortinas pesadas e as persianas nas janelas, agora abertas para permitir a entrada do sol. Mas Anahí sabia que não se tratava de um toque decorativo e, sim, de uma questão de segurança.
Os únicos sinais de vida humana por ali, que lhe permitiam ter certeza de que alguém morava naquele apartamento, eram a televisão, o aparelho de som e os livros empilhados pelos cantos.
- E você criticava a minha casa - comentou, balançando a cabeça.
- O que há de errado com meu apartamento?
- Há quanto tempo você mora aqui?
- Cinco anos.
- Parece que se mudou a semana passada.
- Não gosto de acumular muitos bens. A vida é muito curta e muito incerta para se pôr fé em objetos.
Anahí experimentou o sofá e constatou que, apesar de feio, era confortável.
- Se não se põe fé nas coisas, torna-se mais difícil pôr fé nas pessoas. É um círculo vicioso que não leva a nada. No que você acredita?
Alfonso pensou um pouco sobre a questão, parado no meio da sala branca, o sol da manhã infiltrando-se pelas lâminas da persiana.
Anahí o observou e percebeu sinais evidentes de cansaço em seus olhos, a barba por fazer. E parou por aí, preferindo não pensar no que ele realmente precisava.
Finalmente, Alfonso disse:
- Acredito na verdade. E na honra. Uma cerveja bem gelada numa noite de verão; uísque puro numa noite de inverno. Acredito em dar o melhor de mim mesmo sem saber o que me espera. E acredito no amor.
Ela o fitou, pasma, ardendo por tocá-lo, abraçá-lo, assumindo as conseqüências. Então, o nome de Amy Lee veio-lhe à mente mas Anahí preferiu calar-se.
- Bem, talvez ainda haja salvação para o seu caso - comentou, fingindo desinteresse e frieza, lançando um olhar perdido através da janela.
- Você vai ter que consultar sua bola de cristal, guru, e descobrir se há um final feliz a nossa espera.
- Mesmo que pudesse, não o faria. E se a resposta fosse "não"?
- Já era de se esperar. - Ele caminhou em direção a uma das portas abertas. - Vou tomar um banho e sair.
Anahí procurou disfarçar o pânico.
- P-posso ir com você?
- Não; estará mais segura aqui. O prédio tem um excelente esquema de segurança, como você viu, e, se alguém estiver interessado em nós, irá me seguir em vez de vir para cá. Aliás, acho que ainda não há ninguém sabendo que estamos em Washington. É melhor você aproveitar para dormir.
Não adiantava implorar para que à deixasse acompanhá-lo, e não lhe restava alternativa a não ser obedecer e acreditar.
Autor(a): Bela
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Meia hora depois, já barbeado, Alfonso saiu fardado. Antes, porém, entregou-lhe a arma. Anahí resistiu mas Alfonso obrigou-a a segurá-la. - Você sabe atirar? - Não, nem quero aprender. Alfonso ignorou a resposta e posicionou suas mãos frágeis, fazendo-a segurar a arma de modo correto. - Primeiro, puxe aqui, depois aq ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 302
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myrninaa Postado em 31/08/2010 - 17:17:31
Amei a web muito linda mesmo. Anciosa para ler a nova.
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unposed Postado em 30/08/2010 - 22:22:30
Adorei a web. Parabens!!
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:24
AAAAAa
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Faltou um Te Amo dele
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Muito boa, parabens =) -
jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:17
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:12
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:05
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:02:00
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:01:55
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:01:43
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jl Postado em 30/08/2010 - 20:01:37
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