Fanfic: Cega paixão (terminada)

Desta vez, a visão surgiu lentamente e Anahí não relutou, deixando-se levar pelas imagens, permitindo que lhe viessem naturalmente.

 Eles estavam numa cama de casal, pequena e confortável, o vermelho da roupa que ela usava era a única cor vibrante no quarto. O decote do vestido havia sido puxado, expondo-lhe os seios, os cabelos castanhos caíam soltos pelos ombros... Os braços dele apertaram-lhe a cintura com mais força.

- O que está vendo? - murmurou.

Uma última reserva de forças a fez relutar, mas ele a, subjugou.

- Não relute, Anahí. Diga. Não é mais uma morte, é? Você está me vendo. Eu e você juntos, não é?

- Não - mentiu.

- Você me deseja - ele prosseguiu. - Tanto quanto desejo você, mas tem medo de encarar a verdade. Você nos vê, mas foge. É isso, não é? - E, segurando-lhe o queixo com firmeza, obrigou-a a encará-lo. - Tem medo de mim, Anahí? Tem medo de sentir minhas mãos em seus seios? Meus lábios nos seus? Minhas mãos deslizando para baixo do vestido vermelho para tocá-la?

Ela se debateu, e desta vez Alfonso a soltou. Anahí tremia mas seus tremores não tinham relação alguma com as visões. Seu corpo ardia de desejo.

- Você não sabe de nada, está apenas adivinhando.

- E estou certo?

- Vá dormir, Alfonso - ela murmurou, cansada, indo para a cozinha. - Está exausto e precisa descansar. Quem sabe pela manhã você se lembre de que me despreza.

- E você? Será que uma boa noite de sono vai ensiná-la a não mentir mais para mim?

Para Anahí, já era demais. Estava sendo puxada em diversas direções, sentindo-se dividida, e não suportava mais aquela situação.

- Se não me deixar sozinha, vou abrir aquela porta e sair. Para nunca mais voltar.

- Experimente.

Não adiantava, ela sabia. Alfonso parecia ter um sexto sentido que o punha em alerta mesmo durante o sono.

- Você tem que encarar a realidade, Anahí. Eu e você estamos presos aqui e é melhor compreender isso. Facilitará as coisas para nós dois.

- É mesmo? - ela perguntou, irônica.

- Acredito que sim. E talvez não tenha percebido, mas sinto que logo seremos obrigados a sumir daqui também. Por enquanto, não atenda o telefone, não abra a porta e fique longe da janela, entendeu?

- Aonde você vai?

- Para a cama. E será bem-vinda se quiser se juntar a mim.

- Pare de me provocar.

- Estou falando sério.

Alfonso voltou para o quarto e Anahí afundou-se no sofá procurando não pensar em nada, imersa na escuridão.

Horas mais tarde, quando o relógio digital da sala marcava onze e quarenta e três da noite, foi que lhe ocorreu uma pergunta. Uma pergunta óbvia, ridiculamente óbvia. Erguendo-se do sofá, andou até a pilha de caixas e acendeu a luz. Não foi preciso muito tempo até que encontrar entre as calcinhas de renda e as roupas diferentes que nem pareciam ter sido escolhidas para ela, estava o vestido vermelho.

Segurando-o entre os braços, correu para o quarto. Alfonso estava acordado, os braços cruzados sob a nuca. Os travesseiros estavam espalhados a sua volta, esperando por ela. Anahí ficou parada na porta, sempre agarrada ao vestido e perguntou num tom acusatório:

- Como você sabia que era vermelho?