Fanfic: Cega paixão (terminada)

Na hora do almoço, cozinhou umas salsichas, abriu um pacote de batatas fritas e tomou uma lata de cerveja. Depois, voltou para a televisão para ensaiar mais uns passos de dança. Quando Alfonso chegou do trabalho com um pacote de comida chinesa nas mãos, encontrou-a exausta, mas bem mais alegre e descontraída que o seu normal.

Tendo deixado o pacote sobre o balcão da cozinha, Alfonso entrou no quarto e fechou a porta com força atrás de si, deixando-a de fora. Minutos depois, aparecia vestindo uma calça jeans e um blusão preto, desbotado, com o emblema da Universidade de Princeton. O que era novidade para ela - Alfonso não lhe parecia ser do tipo que tivesse cursado Princeton.

- Oi - disse ele, dirigindo-lhe a palavra pela primeira vez desde que chegara.

- Oi. O dia foi tão mau assim? - Anahí indagou, imaginando se deveria ser gentil e ir lhe preparar um drinque, mas sem querer se mostrar à vontade demais ali, na casa dele.

- Pior do que imagina. - Alfonso resolveu o dilema dela indo pessoalmente preparar um uísque. - Quer um?

Anahí agradeceu e recusou.

- Alguma novidade?

- Muitas informações, mas nenhuma novidade. - De repente, reparou-lhe nas faces rosadas e nos cabelos soltos. - Por que está usando óculos?

- Porque preciso.

- Mas passou o dia todo sem eles ontem. Vamos, tire-os.

- Não seja ridículo...

Mas Alfonso já os havia tirado e os experimentava para ver se eram mesmo fortes.

- São muito fracos, quase sem grau.

Anahí tentou arrancá-los de suas mãos mas Alfonso era mais alto e os ergueu a uma altura que ela não alcançava.

- Devolva-os, Alfonso.

- De jeito nenhum - ele afirmou e, sem mais uma palavra, guardou-os no bolso da camiseta.

Irritada, Anahí respirou fundo e pensou em tentar tomar-lhe os óculos, mas conteve-se. Alfonso era maior e muito mais forte e, na certa, só faria papel de tola tentando enfrentá-lo. Porém, não achava graça nenhuma na atitude dele.

Recuperando a calma, deu um passo para trás.

- Só porque teve um mau dia não significa que tenha o direito de me infernizar.

Alfonso devolveu-lhe os óculos e, por um segundo, ela pensou ter visto uma expressão de arrependimento em seus olhos.

- Eu devolvo. Mas, por favor, não os use. Fica muito melhor sem eles - disse, em tom neutro. - Como foi seu dia?

- Ótimo. Dancei o tempo todo - Anahí respondeu, colocando os óculos sobre a mesa.

Alfonso achou graça quando a ouviu dizer que estivera dançando e pensou que fosse brincadeira.

- Assistiu o noticiário?

- Só algumas partes.

- Não sei como conseguiu, depois do noticiário, sentir-se assim tão alegre. - Alfonso foi para a cozinha e Anahí o seguiu.

Ele abriu uma das vasilhas de comida chinesa, e Anahí, a outra.

- Normalmente, sou muito mais alegre do que você... - ela observou.

- O que não é vantagem nenhuma.

- Tem razão. Não formamos um casal muito feliz, não acha? - indagou, desembrulhando os palitinhos chineses e colocando para trás da orelha uma mecha dos cabelos castanhos.

- Eu nem sabia que formávamos um casal.

Anahí sentiu as faces arderem enrubescidas. Encabulada, baixou o rosto concentrando-se na porção de peixe agridoce.

- Uma dupla, se preferir.

Mas Alfonso, imerso nos próprios problemas, nem a ouviu.