Fanfic: Cega paixão (terminada)

Alfonso aumentou a velocidade e entrou numa estrada à direita.

- O Buick ficou para trás - Alfonso disse, minutos depois - mas o Mercedes continua firme.

O sol tinha se posto e ambos rumavam para fora da cidade.

- Será que o Buick vai voltar para o apartamento?

- Acho que não, não é necessário. Eles sabem que já saímos, e não creio que pensem em revistar o apartamento. Acho mais provável que voltem à base e tentem imaginar para onde iremos.

- E será que vão conseguir?

- Duvido. - Alfonso seguia a uma marcha incrivelmente lenta e o farol do Mercedes iluminava todo o interior do carro. - A esta altura, Danny já deve ter cuidado de tudo. Se eles decidirem voltar, não vão encontrar prova nenhuma.

- Mas, Alfonso, acho que havia sangue na cozinha...

- Não se preocupe, não vão encontrar nada. Danny cuidará de tudo, com cuidado e eficiência. E consultou o relógio do carro.- Já é hora de nos livrarmos do Mercedes. Quero parar num telefone e fazer umas chamadas.

As estradas de Washington eram bem pavimentadas e largas, mas cheias de carros e caminhões. Anahí preferiu fechar os olhos assim que os outros motoristas começaram a buzinar por causa das manobras arrojadas de Alfonso. Ocasionalmente ouvia o cantar de pneus e a batida de dois carros que não haviam conseguido brecar em tempo. Alfonso dirigia o pequeno carro como se fosse um automóvel de corrida.

Então, o ruído à volta diminuiu consideravelmente e Alfonso voltou a dirigir com calma.

Abrindo os olhos, Anahí perguntou:

- O Mercedes ficou para trás?

- Acho que sim. A não ser que tenham implantado um emissor de sinais em nosso carro, não conseguirão nos encontrar.

- E se tiverem instalado?

- Simples: mudamos de carro.

- É tão simples assim?

- Poderia revistar o carro mas, nesta escuridão, não conseguiria enxergar muito bem. Está com fome?

- Não.

- Não minta. Vamos parar num posto e comprar alguma coisa.

- Nada de carne.

- Nada de carne. Um pacote de castanhas e um sanduíche vegetariano.

- Afinal, para onde estamos indo?

- Você vai ver. - Ele parou num posto e desligou o motor. - Abaixe-se; volto num minuto. Se alguém se aproximar, tranque as portas e toque a buzina.

- Mas você disse que eles haviam ficado para trás.

- Se podemos mudar de carro, eles também podem. Fique atenta.

- Você já passou por uma situação destas antes?

- Já, mas prometo que será a última vez.

Minutos depois, ele estava de volta balançando as chaves na mão. As chaves de outro carro. Aproximando-se, abriu a porta do lado dela e ordenou:

- Vamos, desça.

- O-onde vamos?

Ele não respondeu, apenas pegou a mala no banco de trás e tornou a fechar a porta.

- Onde vamos, Alfonso? - Anahí insistiu.

- Mudar de carro. Fiz uma troca com Marcy Lou..

- Marcy Lou? Quem é ela?

- A feliz proprietária de um Audi 87, enquanto acabamos de adquirir a caminhonete velha do namorado dela.

E apontou para a caminhonete laranja toda enferrujada parada no pátio atrás da lojinha do posto.

- E ela não se importa?

- Quem se importaria no lugar dela?

- Mas e se tiver um emissor de sinais no carro? Ela não corre perigo?

- Sei que me julga um inconseqüente, mas eu não arriscaria a vida de uma jovem inocente. Expliquei-lhe a situação e sugeri que deixasse o carro aqui até amanhã de manhã. Se ninguém aparecer, estará tudo bem.

O estofamento velho cedeu quando Anahí sentou e a cabine cheirava a laranjas.

- Acha que conseguiremos viajar nesta lata velha, Alfonso?

- Não precisamos ir muito longe.

- Até onde, mais precisamente?

Alfonso negou-se a responder e tornou a pegar a estrada. Anahí olhou, nostálgica, para o Audi, imaginando se os novos proprietários iriam gostar dele. Foi quando o viu explodir e pegar fogo.