Fanfic: Cega paixão (terminada)

Maldito Kempton e seu bando! Gostaria de tê-lo matado com as próprias mãos, evitando assim que Anahí sofresse ainda mais, agora, com um problema de consciência. Ele, Alfonso, não sofreria como ela; já se acostumara a lutar contra o inimigo e a matá-lo, caso fosse necessário. Tudo se transformara numa questão de sobrevivência para ele.

Não perdoava o infeliz agente por ter se aproveitado da ingenuidade de Anahí, forçando-a a matá-lo de maneira tão absurda e chocante.

Porém, Anahí não era assim tão frágil e indefesa quanto parecia e, atrás daqueles olhos meigos, escondia-se uma pessoa forte, capaz de matar para não morrer. Não iria ser fácil para ela conseguir dormir à noite; entretanto, Alfonso sabia exatamente o que fazer para que não pensasse mais naquelas cenas terríveis. Aquela noite, ela seria só sua. Toda sua. E ele a faria feliz.

Anahí não acordou quando o carro parou diante do portão de grade alta e Alfonso digitou o código de segurança do painel eletrônico. A chuva caía cada vez mais forte, anunciando que a primavera estava próxima. Adoraria vê-la correndo pelos campos floridos, o rosto iluminado pelo sol, os cabelos castanhos soltos ao vento.

Alguns minutos depois, estacionavam em frente a uma pequena casa. O lugar era totalmente isolado e ninguém os encontraria ali. Por alguns dias teriam absoluto sossego até planejarem qual seria o próximo passo.

A casinha estava toda fechada e sua aparência era pouco convidativa. Alfonso pensou em deixá-la dormindo na caminhonete enquanto descia para abri-la, mas mudou de idéia. Anahí ia se assustar se acordasse e se visse só, num lugar escuro e estranho.

- Chegamos - disse baixinho, acariciando-lhe o braço por sobre o suéter grosso.

Anahí levantou o rosto, sonolenta, e Alfonso teve pena de precisar trazê-la de volta à realidade. Então, ela sentou-se direito e esfregou as mãos, com frio.

- Chegamos?

- Sim.

- E vai me contar que lugar é este ou terei que adivinhar? - perguntou num tom áspero que o fez rir.

Ela continuava alerta e guerreira, e isso era bom.

- Esta é uma casinha escondida dentro de uma grande propriedade aqui na Virgínia. Ninguém nos seguiu nem nos encontrará aqui. Por uns dias, poderemos pensar bastante e planejar o que fazer depois. Ela assentiu sem discutir.

- Vou ser processada pela morte de Kempton? - quis saber, tentando inutilmente disfarçar a apreensão.

- Não. Não creio que o corpo dele será encontrado. E, se for, não haverá dúvida de que Kempton teve uma "morte acidental", e você jamais será implicada. - Anahí enrijeceu o pescoço e Alfonso adivinhou-lhe o pensamento com uma clareza que já não o surpreendia. - Isso não a agrada, não é mesmo? Você preferia pagar por seus pecados imaginários.

- Matar uma pessoa não é pecado imaginário.

- Foi em autodefesa. E este não é o melhor lugar para se discutir o assunto. Você precisa comer, eu preciso beber e ambos precisamos de uma lareira para nos aquecer e uma boa noite de sono. Venha.